BOATOS E LENDAS
Com uma
história de mais de quarenta anos, as séries de Chespirito geraram muitas
histórias para se contar. Algumas, no entanto, passam longe da realidade, sendo
apenas boatos. Certos boatos acabaram esquecidos com o tempo, depois de tudo
devidamente esclarecido. Outros ainda são motivo para as mais diversas
especulações, enganando muita gente e às vezes, mexendo de maneira cruel com o
sentimento dos fãs. Vamos ver alguns dos boatos mais famosos:
CASAMENTOS
Alguns acreditam que Florinda Meza (Dona
Florinda) e Carlos Villagran (Quico) já foram casados. Acontece que antes de
sair dos seriados, Carlos Villagran teve um romance com Florinda Meza, os dois
não chegaram nem a noivar, apenas foram namorados.
MARIA ANTONIETA E FLORINDA MEZA FORAM INIMIGAS
– Apesar de uma não suportar a outra nas séries, na vida real as duas
levavam uma vida normal. Maria Antonieta já declarou em público que sua melhor
amiga era a saudosa Angelines Fernandes, e também já disse que nunca existiu
uma inimizade entre ela e Florinda Meza, florinda também já declarou a mesma
coisa.
AS GRAVAÇÕES ACABARAM POR BRIGAS
– Isso é a maior
mentira internacional que já criaram, os seriados acabaram porque Chespirito alegou que sem Carlos
Villagran e os atores que já haviam morrido o programa havia perdido a graça e
eles estavam muito velhos para aquilo, Chespirito brigou com Villagran em 79 e
com Antonieta em 95, as gravações não acabaram por brigas e simplesmente porque
o programa havia perdido a graça e a magia dos anos 70.
CARLOS VILLAGRAN
– Alguns dizem que ele saiu porque
estava causando inveja, outros dizem que por que ele queria carreira solo,
outros dizem que porque ele havia quebrado o triangulo amoroso e causado ódio
entre os três, não se sabe de nada, ninguém estava lá para saber a causa motivo
razão e circunstancia, pode ser que sim, pode ser que não, o mais certo é quem
sabe!
RAMON VALDEZ
– Muitos dizem também que ele saiu das
series de Chaves por dinheiro, isso não é verdade. Ramon provavelmente estava
rico naquela época porque o programa estava no auge e o sucesso já estava
alcançado em paises de todo o mundo. Como os atores relatavam, Ramon Valdez
saiu das séries por respeito a Carlos Villagran, já que os dois se tratavam
como irmãos. Ramon, Carlos e Edgar se tratavam como irmãos, iam para a casa
juntos e eram vizinhos, Ramon Valdéz saiu em solidariedade, evidente que ganhou
dinheiro mas esse não foi seu intuito.
Os atores de Chaves morreram em um acidente de
avião
É um dos boatos mais famosos, surgido antes mesmo da Internet se
popularizar no Brasil. Em meados da década de 1990, espalhou-se a notícia de
que todo o elenco de Chaves teria falecido em um acidente de avião. A história
durou até o começo dos anos 2000, quando os primeiros sites CH surgiram e
traziam o esclarecimento, de que nada disso tinha acontecido. Segundo o livro Chaves – Foi Sem Querer
Querendo?, de Luís Joly, Fernando Thuler e Paulo Franco, o tal acidente
teria ocorrido na verdade com covers de Chaves. Quem conta a história é Edgar
Vivar, o Seu Barriga: “Havia
um grupo que era bastante conhecido como nosso imitador no México, algo como um
grupo ‘oficial’ de imitadores, entre os tantos que havia”. Dos
atores de Chaves, estão falecidos: Ramón Valdés (Seu Madruga), Angelines
Fernández (Dona Clotilde), Raúl “Chato” Padilla (Jaiminho) Horácio Gómez (Godinez) e roberto gomez
bolaños[chaves]
Roberto Vásquez é o criador do Quico
Esse é um dos golpes mais clássicos envolvendo Chaves no Brasil,
aplicado por um homem que nada mais é que um estelionatário. Roberto Vásquez é
um imitador do Quico que começou a dizer por aí que era o verdadeiro criador do
menino bochechudo, tendo sido escanteado por Roberto Gómez Bolaños, que então
colocou Carlos Villagrán em seu lugar. Ele surgiu pouco depois de uma turnê de Villagrán
pelo Brasil, na década de 1990. Começou a fazer shows principalmente no Sul do
país e logo ganhou a mídia, que comprou a ideia de que Vásquez era o criador do
Quico. Ele apareceu em jornais como o Diário
Gaúcho de
Porto Alegre e até no programa Jogo
da Vida, da Bandeirantes. No entanto, sua série de enganações durou
pouco tempo. Com o advento da internet, os fãs sabiam que Vásquez era uma
mentira. Tanto é que certa vez, em Marcelino Ramos (RS), a polícia foi acionada
para deter o falsário. Hoje em dia, seu paradeiro é incerto. Sua última
aparição pública foi em 2009.
Uma mansão sob o barril e outros episódios
bizarros
Nos
últimos dez anos, surgiram muitas histórias de supostos episódios e cenas que
teriam sido exibidas por um tempo e depois arquivadas pela Televisa, ou então
sequer foram gravadas, pelo conteúdo apresentado. Não raro alguém acredita
nesses boatos, que jamais tiveram um pingo de verdade e no máximo, são um
exercício de criatividade – apesar de enganar muita gente. São histórias como a
suposta existência de uma mansão sob o barril do Chaves. O menino interpretado
por Bolaños seria rico, vivendo numa luxuosa casa que ele acessa através de seu
barril. Algo um tanto sem sentido e que hoje é mais uma referência de humor que
se cria nas redes. Há ainda boatos de que Dona Clotilde seria a mãe do Chaves
ou então que Bolaños teria escrito um episódio sombio, com muito sangue e morte,
que teria feito com que Carlos Villagrán saísse da série – e até mesmo um
episódio onde o garoto do oito morreria atropelado.
Vamos lá: não existe nada sobre a Dona Clotilde ser mãe do
Chaves, isso é pura invenção. Tampouco existe um episódio banido, cheio de
sangue. O que circula na rede é apenas uma história falsa. Já o episódio
em que o Chaves morreria atropelado foi uma ideia de Chespirito, de fato,
conforme revelou no Peru, em 2008. Mas uma de suas filhas fez com que ele
desistisse da ideia, pois poderia traumatizar os fãs, principalmente as
crianças.
Acapulco foi o último episódio com o Quico
Boato que ainda vigora nas redes. Muita gente ainda acredita que
os episódios da vizinhança
em Acapulco foram
os últimos que Quico gravou com Roberto Gómez Bolaños. Uma breve análise dos
fatos acaba com o mito: os episódios de Acapulco foram realizados no ano de
1977 e exibidos em maio daquele mesmo ano. Como se sabe, Villagrán deixou o
seriado apenas no ano de 1978. Porém, no final dessa temporada, a Televisa
reprisou os episódios de Acapulco, o que os tornou os últimos de Chaves com o
Quico exibidos pela TV à época. O último episódio com Villagrán é a escolinha do professor
girafales.
Censura, enchente e incêndio: o triste fim de
episódios perdidos
Um dos boatos mais antigos envolvendo os episódios de Chaves e
Chapolin, que foi esclarecido definitivamente em 2012. Por muito tempo nas
décadas de 1990 e 2000, acreditava-se que diversos episódios de Chaves e
Chapolin não eram mais exibidos pelo SBT por terem se perdido em inúmeros
acidentes ou mesmo deterioração nos arquivos do canal. Isso vai desde incêndio,
mofo, até a enchente no SBT da Vila Guilherme, em 1991. Assim, as fitas
estariam inutilizadas e não poderiam ser aproveitadas para exibição na TV.
Outra teoria envolve uma suposta censura a episódios, por várias razões, como a
abordagem do espiritismo (em Os
Espíritos Zombeteiros), ações que poderiam ser imitadas pelas
crianças (Chaves lambendo ferro em Os Insetos do Chaves) e por
aí vai. Nada plausível, já que vários episódios no ar tinham situações que
seriam passíveis de censura. No Festival
SBT 30 Anos sobre
Chaves, os fãs tiveram a resposta: os episódios perdidos foram arquivados por
serem semelhantes a outros em exibição no canal. O SBT julgava não valer a pena
exibir duas ou três versões de um episódio ou saga e por isso, colocou-os na
gaveta. E como se viu, entre 2011, 2012,
2014, e 2015. o canal exibiu episódios
perdidos e semelhantes de Chaves. A farsa estava desmontada.
A Televisa censurou episódios do Chaves
Há no Youtube um vídeo famoso, com o título “o episódio
censurado de Chaves”. É dado conta de que, pelo excesso de violência, a
Televisa teria decidido censurar tal episódio. Isso é uma mentira. O episódio
em questão é Os Carpinteiros, de 1972. Ele é exibido
normalmente pela Televisa – inclusive, a gravação no Youtube é da própria
Televisa!, do Canal de las Estrellas – e foi lançado no Brasil em DVD pela
Amazonas Filmes e, em 2014, exibido dublado no SBT. Não há qualquer registro
fiável de que a emissora tenha censurado episódios. Vários capítulos têm
situações politicamente incorretas, ou cenas que poderiam ser imitadas com
perigo por alguma criança. Mas nenhum desses episódios saiu do ar até hoje.
O Revolvinho do Chaves
A lenda mais famosa e que mais desperta curiosidade dos fãs, é verdade. Primeiro, vamos rememorar a história:
em 19 de março de 1991, um temporal desabou sobre São Paulo. O caos se instalou
na cidade, devido à quantidade absurda de água, provocando inúmeros
alagamentos. O SBT, então instalado na Vila Guilherme, sofreu com a invasão das
águas e acabou interrompendo a programação. No horário em que seria exibido o
TJ Brasil, o canal transmitiu um episódio desconhecido de Chaves, colocado no
ar às pressas. Das poucas lembranças que restaram os fãs que viram aquela
exibição, a imagem de um revolvinho utilizado pelo Chaves. Criou-se então a lenda
do “Revolvinho do Chaves”, o episódio exibido apenas uma vez pelo canal, em uma
situação completamente adversa. Bom, e esse capítulo, existe mesmo? Ninguém
comprovava qualquer informação, até que em 23 de junho de 2012, Guilherme Leão,
trouxe a informação da sinopse de um esquete do Chaves, publicada em uma
revista Tele Guía. Consta lá o seguinte: o Chaves provoca pânico entre
os vizinhos ao estourar seus rojões… A história, de 1972, é semelhante ao
episódio Bombinhas são perigosas, ainda mais em mãos erradas, de 1976, onde há
um rifle portado pelo Quico e a Chiquinha estoura bombinhas na vizinhança. Por
analogia, depreende-se que este é de fato o tal episódio do revolvinho do
Chaves. Agora, só o que se espera é que um dia o SBT libere esse quadro, acabando
de vez com um mistério que já dura anos.
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