sábado, 2 de janeiro de 2016

CURIOSIDADES SOBRE A DUBLAGEM[PARTE 4]

No episódio da Nova Vizinha (segunda versão - terceira parte), Seu Madruga diz que Chaves pode estar com "paralisia" ao invés do tradicional "piripaque".

No episódio "O Castigo da Escola" (primeira parte da saga do Escorpião), quando Girafales pergunta quais são os três ossos que temos no ouvido interno, Nhonho responde Martelo, Bigorna e... a Trompa de Eustáquio. Na verdade, a Trompa de Eustáquio é um órgão situado mais profundamente no ouvido e nem osso é. O terceiro osso que Nhonho deveria ter falado é o Estribo. 

Por que, no episódio do Natal na Casa do Seu Barriga, o fato de Dona Florinda ter dito para Chiquinha que "bicicleta" se escrevia com "C" de coruja irritou tanto a filha de Seu Madruga? A MAGA tentou traduzir para o português a piada e ela ficou para lá de sem graça. Um diálogo semelhante ocorre no episódio do Dia de São Valentim em que a mesma Chiquinha, ao escrever uma carta, tem dúvida se valentin  se escreve com "B" de burro ou com "V" de vaca (a dúvida existe porque, em espanhol, o "V" tem som de "B", ou seja, lá se diz "baca" e não "vaca"). A resposta dada por Seu Madruga é que, como a  carta é pro chaves, o vocábulo é escrito com "chê" de chato. Gozado, não? É que "ch" é uma letra que faz parte do alfabeto espanhol. Então Chaves não começa com "c" lá, e sim com "ch". Traduziram mais uma vez ao pé da letra. Aqui, em português, seria melhor o dublador Carlos Seidl dizer "Com C de chato".

Ainda sobre o equívoco com as letras "b" e "v", no episódio em que a vendedora de flores Lisa, interpretada por Florinda, tem aula de boas maneiras, quase que nós não entendemos a piada: ela insiste em escrever vaca com "b", e para escrever uma vaca com letra pequena ela coloca um "b" bem minúsculo. O personagem interpretado por Chespirito ("nãããoo nonononononono...") pergunta porque ela insiste em escrever daquele jeito. Ela responde: "É que vaca pequena é bizêu". Aí soltam as claques. É difícil decifrar a piada desse jeito, mas basta ter um pouco de conhecimento para saber que o filhote da vaca se chama "bezerro". Marta Volpiani teve pouco tempo para pronunciar o vocábulo "bezerro", aí tentou dizer rápido, soando algo como "bizêu".

Ocorre também um erro grotesco da dublagem do episódio citado acima. No final, o personagem de Rubén Aguirre compra flores da humilde Florinda. Ela diz "Obrigado, meu chapa!" e Rubén se irrita. Você deve estar se perguntando: qual o motivo da irritação? O motivo mais provável é que, no original, ela o chame de Pancho, nome pelo qual o bandido interpretado por Horácio Gómez Bolaños, no começo do episódio, insistiu em chamar Rubén. Volpiani deveria, portanto, ter dublado "Obrigado, Pancho!" ao invés de "Obrigado, meu chapa".

No episódio dos Duendes Eletrônicos, as dublagens do Chapolin clássico e também do Clube do Chaves traduziram ao pé da letra o nome "Água da Jamaica", o nome mexicano da vermelhinha e fresca groselha.

No episódio da Sociedade, depois que Dona Florinda manda Seu Madruga plantar batatas, Quico, na hora do "gentalha", deveria dizer "batata, batata". Mas soou um esquisito "batalha, batalha", mais pra rimar com o "canalha, canalha" do Seu Madruga.

Osmiro Campos (dublador do Girafales), inexplicavelmente, chama o sabão em pó de detergente no episódio da Máquina de Lavar.

No começo do episódio  da Pichorra, Chaves e Quico começam um diálogo cheio de piadinhas sobre "cola". A palavra, em espanhol, tem outro sentido. Por isso o diálogo, aqui no Brasil, ficou totalmente sem nexo e sem graça.

No fim do primeiro bloco da "Pichorra", após Chaves quebrá-la, ocorre normalmente a cena onde Chaves se dirige ao barril chorando após tomar um xingão de Madruga por ter quebrado a pichorra antes da hora. Porém, durante toda essa cena, toca uma musiquinha durante uns vinte segundos, enquanto que era para o som da cena ser executado normalmente. O episódio contou com alguns efeitos confusos na dublagem, como o fato das vozes dos personagens centrais serem ofuscadas pelas risadas e gritos em tom altíssimo dos figurantes no terceiro e último bloco. Por isso quase não entendemos o que Seu Madruga, Dona Clotilde e Dona Florinda falam nos diálogos.

Muitas vezes Chaves diz "Comigo ninguém tem paciência", ao invés de "Ninguém tem paciência comigo". Às vezes Chaves diz o bordão começando com "Ninguém" e Seu Madruga, irritado, o imita começando com "Comigo". Isso também já ocorreu com o Quico. Coisas da dublagem...

Gastaldi inventa o vocábulo "exatização" no episódio da "Recuperação". Chaves, após ouvir de Girafales que levará um seis por causa da "Chifurínpula", pergunta irritado: "Por quê? Pela EXATIZAÇÃO tinha que ganhar um dez!". Acho que ele quis dizer "exaltação", já que Girafales havia elogiado ironicamente o desenho do moleque.


Em "Seu Madruga Sapateiro", Quico grita "STRIKE ONE" e "STRIKE TWO", típicas jogadas de beisebol. Seu Madruga, após rebater a bola de Quico com o martelo, grita "ROM ROM". É assim mesmo que soa na voz do dublador Carlos Seidl, pois o que ele quis dizer é "HOME RUN" (pronuncia-se uâm ruan), jogada onde o rebatedor rebate a bola de uma maneira que nenhum outro jogador consegue apanhá-la. Já os strikes são quando o rebatedor não consegue rebater a bola e ele tem três chances, daí o "one" e o "two". O rebatedor é eliminado se errar a terceira bola.

Ainda em "Seu Madruga Sapateiro", na primeira parte do episódio, Carlos Seidl errou ao fazer com que Seu Madruga repetisse duas vezes "Não faça caso, Senhor Barriga". Era para ele dizer: "Não faça Barriga, senhor caso" na primeira vez.

No terceiro e último episódio, Quico diz que calça 21, mas teria que comprar um 25 porque o 21 o aperta. Pé tamanho 21 é menor até do que o de um bebê recém-nascido. É que alguns países, como os Estados Unidos, possuem medidas diferentes para várias coisas, como as distâncias (onde usam milhas ao invés de quilômetros), a temperatura (é usada a Escala Fahrenheit ao invés da Celsius) o peso, a altura e o tamanho dos pés. Por isso que muitos estranham o fato de Quico calçar tão pouco, já que o México deve usar o mesmo estilo de medidas dos EUA, onde o número do tamanho do pé é menor em relação à medida brasileira. Mesmo assim, a dublagem, como de praxe, traduziu o texto ao pé da letra...


Por falar em tradução ao pé da letra, em "A Casimira Made in Taubaté", Quico implora para poder brincar de comidinha com Chaves e Chiquinha dizendo: "Ah, deixa eu brincar, anda diz que sim, siiiiiiiiiiiim?". Chiquinha então responde: "Não! Não vamos deixar você JOGAR por que...". Sobre esse "jogar", é que o verbo "brincar" em espanhol quer dizer "jugar". Aí os tradutores da dublagem MAGA mais uma vez provaram do veneno da ingenuidade... No mesmo episódio, mais uma vez a dublagem se desencontra quando Chaves diz: "Eu mim 'inquivoquei'-me". Chiquinha retruca: "Se enganou...". Apesar que o mesmo diálogo (com status de clássico) se repete no clássico "Festa à Fantasia" do Chapolin. Ou está no script original de Chespirito ou é o reflexo de cada dublador fazer sua parte sozinho no estúdio,  desconhecendo assim algumas falas do interlocutor. Outro exemplo acontece na saga do Natal na Casa do seu barriga, em que Seu Barriga chama Professor Girafales de "cafona" e o Mestre Lingüiça se enfurece: "Você me chamou de BOBO?".

Carlos Seidl é quem dirigia a dublagem do desenho animado do Chaves. Mas pelo menos ele poderia poupar Tatá Guarnieri de pagar um mico daqueles ao dublar a seguinte fala de Chaves no episódio "Os Gesseiros" : "Zás, eu era o Chapolin Colorado e eu tinha o meu CHIPOTE CHILLÓN?". Você deve estar se perguntando: o que raios é "chipote chillón"? É o nome em espanhol da nossa tão conhecida MARRETA BIÔNICA. Conclusão: não seria mais coerente colocar no texto que Chapolin tinha a sua marreta biônica??? Isso que a dublagem na Herbert Richers está sendo realizada já com dezenas de sites CH para serem consultados, em contrapartida à época da fase clássica em que nem Internet existia...

No episódio  "A Bandinha da Vila", Marcelo Gastaldi, toscamente, dubla Chaves dizendo que Luiza Brunet saiu NO Playboy. Talvez tenha sido a única vez que o nome da notória revista tenha sucedido um gênero masculino...

Nas aulas de Inglês na escola, dois vocábulos em inglês são ditos aportuguesados para se adequarem às piadas posteriores. Nhonho diz que "amarelo" é "gielôu", quando na verdade se escreve "yellow" e se pronuncia "iélou". É que gelo em espanhol é "hielo", cuja pronúncia se assemelha bastante com "yellow". Já no Brasil, o dublador Mário Villela é forçado a diz "gielôu" para combinar com o "gelo" que Chaves dirá que é branco e não amarelo. E o "Rabite" de Pópis para responder o que significa "coelho" no idioma? Coelho em inglês é "rabbit" e se pronuncia "rrébit", quase ocultando o "t". Mas foi dito "rabite" para que Chiquinha dissesse que Girafales havia perguntado sobre o coelho inteiro, e não só o rabinho. O curioso é que as duas palavras são ditas da mesma maneira em dois episódios com a intenção de dar sentido às piadas.


Seu Mundinho (Ramón) diz "Calma, calma! Não espalhem o pânico". O episódio possui uma dublagem recente, em plena época em que o "Palma, palma! Não priemos cânico" já estava consagrado... Por que será que Seidl dublou assim? Sem contar Gastaldi, que poderia ter dublado "Oh, e agora quem poderá me defender?" para Chapolin ao invés do diferenciado "E agora quem poderá defender-me?", na hora em que Dr. Delgadinho (Edgar) exige que o herói tire a roupa para que ele lhe faça um exame médico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário