sábado, 16 de janeiro de 2016

o peso pluma vence o peso elefante! ao invés de "Marciano derrubou o etê gordão". Cena da primeiríssima versão do Despejo do Seu Madruga, logo após o pai da Chiquinha ter nocauteado Seu Barriga acidentalmente.

   Todo chavesmaníaco que acompanha os sites CH freqüentemente deve conhecer ou já ter ouvido falar da "terceira versão" da Nova Vizinha, das três versões do Velho do Saco (ou Roupa Velha), dos remakes sem-graça da fase Clube do Chaves de episódios clássicos como Querem Sujar o Terno do Nhonho(na fase clássica, a vítima nas  versões exibidas no Brasil é o Quico) e o que Chaves vive quebrando a lâmpada do pátio, e, por fim, do episódio que sempre é lembrado pelos chavesmaníacos como um dos perdidos mais célebres: o que aparece o  primo do Seu Madruga. Na verdade, o episódio não passa de uma  versão ( tem uma antes dessa) do episódio em que o pai da Chiquinha prende Quico acidentalmente numa caixa.

            Afinal, por que Chespirito gravou tantas versões de uma mesma história?

   O Legítimo Mestre possuía um elenco extraordinário para servi-lo. E o pequeno Sheakespeare se aproveitou dele ao máximo. Chespirito fazia tantas versões de uma história com o intuito de todos os atores e personagens participarem dela, viverem e curtirem aquela hilária aventura. Talvez o criador de Chaves e Chapolin tenha sido o único artista do mundo a dar tais regalias a seu elenco. Por isso há trocentas versões de uma mesma história, gravadas inúmeras vezes por dezenas de atores diferentes. Se de 1992 até 2012 no Brasil são raríssimos os episódios em que o SBT manteve duas versões, no total estima-se que Chespirito tenha feito seis ou sete versões da mesma história em mais de trinta anos de sucesso na TV. Vale lembrar que o Brasil apresenta a fase entre 1973 e 1979, enquanto que Chespirito trabalhou do começo da década de 70 até a metade da de 90. Certamente o SBT não exibiu 100% dos episódios do Clube do Chaves (no México, programa Chespirito) e a emissora jamais exibiu uma história entre 1980 e 1989. Este período posso afirmar com toda a segurança que era repleto de remakes.

Chespirito dava a oportunidade para todos os atores participarem de suas histórias

            Mas o SBT comprou uma boa parte dos episódios da fase clássica. Podemos considerar que a emissora apresenta mais ou menos 80% de todos os episódios entre 1973 e 1979. Porque, de 2012 pra cá, o SBT  voltou a apresentar inúmeras versões de uma mesma história do seriado Chaves.
            Nesta época de ouro do seriado, provavelmente devem ter sido feitas cinco versões de uma certa história para cada uma das cinco fases distintas do seriado na era clássica. Geralmente a emissora exibe as três primeiras nos sábados. A primeira fase era a época em que Chaves usava camisa amarela e Chiquinha um vestido branco (época  paleozóica). Na segunda, Chaves usava camisa branca com listras horizontais verdes (depois pretas) e Chiquinha havia saído do seriado. Na terceira, Chiquinha estava de volta, Chaves usava uma camisa esverdeada e Quico vivia seus últimos anos na vila (a grande maioria dos episódios exibidos entre 1992 e 2011 são desta época). A quarta fase se inicia com a saída de Quico e de Madruga e nela ocorre a compra do restaurante por Dona Florinda. E ainda temos a quinta e última fase que o SBT nunca exibiu (de 1980 a 1989) chaves é um reles quadro do programa chespirito, em que Seu Madruga volta ao seriado, Jaiminho passa a morar na vila e personagens como Dona Clotilde, Chiquinha e Pópis passam a usar roupas diferentes.

Regina Torné, Olivia Leiva e Maribel Fernández: as três Glórias de Chespirito
            Retomando ao tema dos remakes, vamos pegar como exemplo o episódio da Nova Vizinha. O SBT exibe normalmente uma primeiríssima versão da história onde Seu Madruga se apaixona por Glória e Chaves por Paty. Nesta versão de 1972, Glória era interpretada pela atriz Maribel Fernández, conhecida como "La Pelangocha" (não me perguntem o que é isso que eu não sei). Não sei quem é a charmosa atriz que interpretou a primeira Paty (charmosa devido às poses feitas para a câmera no fim do primeiro episódio. Temos neste episódio pérolas como Quico fazendo gentalha no Seu Madruga sem empurrá-lo, Florinda sem bóbis (comum nos episódios mais antigos) e totalmente despenteada, e o pai da Chiquinha despencando da porta da casa da nova vizinha após ganhar um beijo dela (vale lembrar que ela mora na casa da escada). Uma versão engraçadíssima de tão tosca. Na segunda versão, Olívia Leiva era Glória e Rosita Buchó Paty. Apenas o primeiro episódio desta versão é apresentado anualmente só porque fala por um momento no Dia Internacional da Mulher. E o SBT exibe este episódio todos os dias 8 de março (o que não aconteceu em 2004, pois o seriado ainda estava fora do ar). Já   a mais recente exibida no brasil, de 1978, com as intérpretes mais famosas de Glória e Paty: Regina Torné e Ana Lilian de la Macorra. Ou seja, só porque tocam vagamente no assunto do Dia Internacional da Mulher, o episódio da Nova Vizinha é praticamente anual, só exibido nos dias 8 de março. E ainda há uma quarta versão, onde Veronica Fernández ( filha de María Antonieta de las Nieves) interpreta Paty. Esta versão nunca foi exibida no Brasil, mas está presente nos DVD's do Chaves lançados no México. 

Ana Lilian de la Macorra e Rosita Buchó (em cima, da esquerda para a direita). Atriz cujo nome não sabemos, mas que interpretou a primeira; e Veronica Fernández, filha de Chiquinha, a última (abaixo). Todas as Patys de Chespirito 

            Assistindo aos episódios, vi como os scripts das diferentes versões são idênticos. Os diálogos se repetem na mesma seqüência, muitas vezes com as mesmíssimas frases, sem mudar uma só palavra em relação à versão exibida atualmente e mais conhecida. Ou seja, as histórias são as mesmas. Não mudam absolutamente nada. Só quem mudam são alguns personagens. Por exemplo, todos conhecem a versão do episódio do Homem Invisível com Chiquinha. Mas, em 1999, estranhamente a emissora apresentou a primeira versão sem a sardentinha. Nesta versão mais antiga, é o próprio Seu Madruga quem fornece a fórmula para ficar invisível. Desde a volta da Chiquinha "de Presidente Prudente" (volta ocorrida na vida real após a atriz tentar, sem sucesso, emplacar um programa só seu), Chespirito passou a fazer novas versões de episódios onde ela esteve ausente simplesmente para que a maravilhosa María Antonieta de las Nieves participasse daquelas sensacionais histórias, nem que fosse como coadjuvante. Vendo o episódio em que Madruga ajuda Girafales a se declarar à Florinda (sem Chiquinha) e depois assistindo à versão com a sardentinha (Somos Cafonas), percebemos que ela não acrescenta nada à história. Só está lá para fazer número, digamos assim. A participação dela se adequou melhor na segunda versão doMadruguinha, onde Pópis atuou na primeira e mais famosa versão. É óbvio que Chiquinha faria o mesmo papel da sobrinha de Florinda na segunda.

Aventuras em Marte, Água da Jamaica e Tentando Sujar a Roupa do Quico: versões mais recentes, mornas e arrastadas.

            Em Chapolin, apenas a primeira versão (antiga por sinal) de Planeta Vênus  foi cancelada.  trocada pelo  remake mais recente e de qualidade muito superior. Isso sem contar a terceira versão de Planeta Vênus, agora transferido para Marte, que gerou um mega episódio transformado em filme pelo SBT Aventuras em Marte, exibido duas vezes pela emissora. Salvam-se as boas partes inicial e final, mas a parte central do filme não passa de uma versão mais morna do mesmo episódio que todos estão cansados de ver. No Clube do Chaves, versões cansativas como a do Mestre dos Disfarces, de quase uma hora de duração, dispensam comentários. As chatíssimas novas versões dos episódios de Chaves e Chapolin serviram apenas para afundar o Clube e ofuscar o brilho da excelente e hilariante dupla formada por Pancada Bonaparte e Lucas Pirado. O próprio Clube ainda exibiu duas versões do episódio em que a turma do Chaveco tenta abrir um cofre, "assassinando" o engraçadíssimo episódio do Botina do Chapolin.

   Por conta disso, a alta cúpula do SBT, em 1992, se conscientizou de que não seriam necessárias as apresentações de tantas versões diferentes do mesmo episódio (com as mesmas falas e cenas) e cancelou-as, dando preferência às versões   recém adquiridas na ocasião. Desta varredura, sobraram também episódios como Pichorra, Espíritos Zombeteiros, Radinho do Quico, Quem Descola o Dedo da Bola, A Peruca de Sansão, os episódios do Beterraba (antigo nome do Chaveco)... E alguns equívocos foram cometidos nestas substituições. Por exemplo, a versão dos Inseptos com Quico (que termina com tudo explodindo após Seu Madruga beber gasolina acidentalmente e acender posteriormente um charuto) é infinitamente superior à morníssima com Nhonho em que todo mundo anda nas pontas dos pés. O mesmo ocorre com o episódio dos Toureadores. A versão mais antiga com Seu Barriga (cheia de pérolas das dublagens, como Chaves chamando Madruga de Ramón e o pai da Chiquinha dizendo o original "chusma" ao invés de gentalha) é melhor do que a mais comum com Professor Girafales, pois possui mais diálogos e termina com um clássico soco na cara de Seu Madruga em Quico (creio que por isso tenha sido esta a versão cancelada e não voltou até hoje). Talvez tenha ocorrido mesmo censura em alguns episódios devido à cenas violentas. Porque, nesta versão cancelada dos Inseptos, Chaves lambe um ferro quente. Sem contar o fato das seitas esotéricas terem sido ridicularizadas, ou Chaves atingir a cabeça de Seu Barriga ao tentar quebrar a pichorra, ou uma pesada bola de boliche grudada na mão de Chaves acertar todo mundo (esse episódio, o mais violento do seriado na minha opinião, teve suas duas versões canceladas), ou o fato de Peterete (Ramón Valdez) dar dezenas de pancadas em Beterraba após pentear seu topete, ou Chapolin jogar um sofá em cima do detetive Villagrán, levar um tiro na boca, segurar a bala com os lábios e a jogar com a força proporcionada pela peruca de Sansão em direção ao detetive, o atingindo no ombro, todos este menos o dos toureiros já voltaram.

 Às vezes reflito e penso que aquele jornal dominicano não estava tão errado ao tachar os seriados de Chespirito de violentos 
O Homem do Saco, versão com o vulgo Negão. Talvez a primeira versão mais bizarra de todas

  Certamente, para aqueles que apenas curtem Chaves, tais versões mais antigas de histórias já conhecidas não fazem a mínima falta. Mas para os mais aficionados, recomendo que adquiram estes episódios. Afinal, essa é a grande chance de pérolas impagáveis serem conferidas, como a velhíssima primeira versão do Homem da Roupa Velha (cujo ator recebeu o apelido de Negão), talvez o primeiro episódio da história do seriado Chaves, onde a vila possui um cenário diferente, mais extenso, com Seu Madruga morando na casa de Dona Florinda e Chaves chorando normalmente como qualquer criança após tomar um cascudo do Negão. Ouvir o dublador Gastaldi grunhindo nesta cena é sem dúvida cômico, estranho e extremamente tosco, assim como todos os episódios desta época primordial, quase paleozóica. 

fofalhas da gentoca:




Cena rara no sábado, dia 1º. Depois de muito tempo, foi exibida a cena final do episódio do Parque de Diversões em que o Homenzinho do Parque tenta ensinar a Chaves como que se pega a espingarda do tiro ao alvo. Chaves se atrapalha e acaba por dar um tiro que faz com que o chapéu do Professor Girafales caia. O Mestre Lingüiça, encantado, pergunta a Dona Florinda se ela gosta de parques e ela responde que lhe fascinam. Geralmente, quando exibem o episódio na íntegra, a edição comum faz com que o episódio se encerre ao término do clipe da música "Quando me Dizes". Esta cena da espingarda é a seqüência do clipe, porém ela sempre é cortada e sua exibição ocorre muito raramente.


e não custa recordarmos de uma cena inusitada. em 2004, Quem assistiu ao programa de Jorge Kajuru na Band  saberque, às 12h30min, ele dividia a rede para que, na última meia-hora, ir ao o programa local. Depois da divisão de rede, o apresentador, no programa do dia 28 de abril, quase apanhou do ex-pugilista Mário Soares, campeão brasileiro dos meio-pesados. Tudo porque o boxeador deixou o adversário Fábio Garrido em coma após dar uma seqüência de golpes no oponente. Mesmo já nocauteado, Mário continuou batendo até Garrido beijar a lona. Kajuru se indignou e acusou em seu programa o pugilista de covarde, pois era para ele parar de bater ao perceber que o oponente já estava grogue. Mário alegou que o boxeador tem que cumprir seu objetivo, que é nocautear o adversário. E chamou Kajuru de burro, que o chamou de covarde novamente. Mário perdeu as estribeiras e partiu pra cima de Kajuru em pleno programa, no ar e ao vivo. Kajuru amarelou diante de um brutamontes, mas manteve seu discurso. Realmente tiro a conclusão de que os dois estavam certos (um pelo lado humanístico e o outro pelo lado profissional) e, ao mesmo tempo, errados (por causa da briga). Mas Kajuru disse uma coisa muito estranha: após Mário pedir que ele fosse homem e se defendesse, Kajuru disse a seguinte frase: "Eu não sou homem, eu sou jornalista".


Um comentário:

  1. a Paty primeira da parte de baixo das fotos da esquerda pra direita esta com o olhar bem lascivo.

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