quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Comércio de Episódios CH: Um Bom Negócio para Todos
  

 
 vou falar sobre um assunto  não muito explorado pelos demais colunistas do meio CH, mas bastante presente nos fóruns. Estou falando sobre a comercialização de episódios de Chaves, Chapolin e Clube do Chaves, tanto em português quanto em espanhol, que ganhou corpo nos últimos  anos. Eu diria que tal comércio é vantajoso para os dois lados: para os vendedores, devido ao lucro, e para os compradores, que têm acesso a episódios que não passam (ou passavam) normalmente na TV brasileira.
Quero primeiramente agradecer de coração a todos aqueles que prestaram e ainda prestam esse serviço aos demais chavesmaníacos. Não é fácil achar alguém que tenha guardado por  anos tamanhas raridades, episódios cancelados pela emissora detentora dos direitos no Brasil (me recuso a falar o nome). Eu mesmo cheguei a gravar alguns, mas infelizmente não consegui guardar nada. Grande parte dos fãs de Chespirito (crianças, adolescentes, fãs de no máximo 10 anos ou mesmo desmemoriados) jamais tinha assistido a episódios como espiritos zombeteiros ou a pichorra que voltaram a telinha primeiro que o sbt,  graças as vendedores. Certamente vale a pena pagar R$ 20,00 por uma fita com cinco dessas raridades que nunca teríamos a oportunidade de ver ou rever.
 
Episódios como a primeiríssima versão do “Homem da Roupa Velha” (o mais antigo já exibido no Brasil) voltaram às telinhas dos fãs graças a vendedores.

Além dos episódios  em português, outro mercado começou a ganhar força de um ano para cá: os episódios em espanhol. Alguns fãs de Chespirito aproveitaram viagens para países que exibem os programas em sua língua original e nos trouxeram grandes presentes. Quem poderia imaginar que os brasileiros teriam acesso à quarta versão do Festival da Boa Vizinhança de 1982, nunca exibido pelo SBT? Ou à primeira parte da terceira versão dos toureadores de 1982 (o SBT exibe a  segunda versão)? Ou mesmo a versão de 1982 do episódio dos piratas do Chapolin?  Ou ver a  versão inédita de 1977 do “Ratinho do Quico”? Eu, particularmente, comprei todos  (menos os que passam no Brasil, não quero ter o mesmo episódio duas vezes).
 
 Episódios que nunca passaram na televisão brasileira, como  “Leite de burra” versão 1 tornaram-se conhecidos da população CH devido à  vendedores.

Bem, boa parte dos fãs (dentre os quais me encontro) passou a separar uma “graninha” todo mês para comprar esses episódios, a fim de incrementar a coleção (já que só teríamos acesso aos episódios ditos normais, de Chaves, Chapolin). E isso parece que “cresceu o olho” de antigos compradores. Após adquirirem os episódios perdidos do vendedor oficial, aquele que realmente gravou os episódios na época (no caso Leandro Lima), os chamados “piratas” resolveram aproveitar a situação e passaram também a vender os tais episódios, estabelecendo uma concorrência.
 

Através das versões em espanhol, aqueles que não acompanharam o Programa Chespirito na CNT em 1997, apenas o Clube do Chaves em 2001/2002, puderam saber que este ótimo personagem se chama Chompiras, e não Chaveco.
Se por um lado isso é bom para os compradores, pelo fato da concorrência em qualquer setor sempre significar preços mais acessíveis e mais opções, por outro é péssimo, pois os compradores podem ter em mãos produtos com menor qualidade (a chamada cópia da cópia). Por enquanto, a “cópia da cópia” está mais restrita aos episódios perdidos em português (não é estranho que todos os vendedores tenham exatamente os mesmos episódios? Porque ninguém tem a segunda parte da primeira versão do Homem da Roupa Velha, sem a Chiquinha, episódio tão freqüente entre 1988 e 1992?). Mas logo os “piratas” passarão a agir também com os episódios em espanhol, dizendo que gravaram no exterior ou tem uma antena superpotente que capta emissoras latinas.
 
  
Na verdade tudo isso é crime, a chamada pirataria, mas nunca ninguém foi nem nunca será preso por causa disso. A lei dos direitos autorais se preocupa mais com a área da música e dos filmes. Além disso, a única que poderia tentar processar os vendedores é a emissora detentora dos direitos. Mas uma grande empresa de comunicação, ao contrário de um artista individual, não iria se preocupar com esse tipo de coisa. E, mesmo que se preocupasse, seria uma tremenda cara de pau, pois a maioria do que é comercializado não é mais exibido pela tal emissora. A culpa desse “consumismo desenfreado” é da própria emissora paulista. Se exibisse os episódios normalmente, sem tirá-los do ar a todo instante e sempre “reabastecendo” seu “plantel” com novos episódios, isso não precisaria estar acontecendo. 
Campanhas contra a pirataria tomaram conta do Brasil. Mas certamente ninguém que venda cópias de programas de televisão será processado por causa disso.
 
Concluindo, agradeço mais uma vez a todos os vendedores de episódios perdidos e inéditos em espanhol, pedindo que continuem com esse serviço para incrementar a coleção do maior número possível de fãs das séries. Sabemos que Chaves e seus amigos, não serão exibidos por muito tempo. Portanto, a única saída é ter tudo gravado, para relembrar esses grandes momentos do humor mundial. Não podemos contar com a boa vontade da emissora que se diz a vice-líder em audiência no Brasil. Se depender deles, ficaremos não apenas sem esses episódios diferenciados: ficaremos também sem os normais. Quanto aos “piratas”, não os condeno por inteiro. A concorrência é sempre bem-vinda, para o bem dos nossos bolsos. Mas, caso tenham essa intenção, devem primeiro chegar num acordo com os vendedores originais. Fazer pelas costas é antiético.

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