E tudo começou com uma pequena idéia..
vamos falar das mil e uma maneiras de se desenvolver um único script.
Bem, como todos sabem, Chespirito gravou e regravou, episódios. Muitos (inclusive eu) reclamam das inúmeras versões dos episódios que Chespirito fez. Alguns chegam até a questionar se o retorno de todos os episódios denominados “perdidos” é realmente necessário, uma vez que a maior parte deles são primeiras, segundas e / ou até terceiras versões.
Bem, iremos analisar se realmente os episódios regravados são realmente descartáveis, ou se têm a sua devida importância no conjunto da obra.
Em 1972, Chespirito havia acabado de criar a personagem “Chaves”. Não se sabe ao certo se foi o episódio piloto da série, mas como é o mais antigo de todos os episódios conhecidos, acabou sendo tido como tal. Estou referindo-me claro, ao episódio “O homem da roupa velha, versão 1”.
O episódio dura cerca de oito minutos e gira em torno do fato de a Chiquinha não querer tomar um remédio cujo gosto era amargo. Seu pai (Seu Madruga) a ameaça dizendo que se não tomar o remédio, será levada pelo famoso e temido roupa-velha. Por coincidência aparece na vila um homem humilde vendendo roupas e sapatos velhos. Chiquinha liga a ameaça do pai à presença do pobre homem na vila e fica com muito medo, pedindo ajuda a Chaves para que não permita que a levem. Chaves também confunde a situação e apronta todas contra o homem.
Chiquinha, assustada, acaba aceitando tomar o remédio, porém, quando Madruga chega com o frasco, acaba sem querer dando o remédio a Chaves.
No fim, o roupa-velha percebe a confusão que Madruga está criando em torno da situação e resolve se entender com ele fora da vila; e, o episódio termina com um célebre diálogo rápido entre Chiquinha e Chaves:
Chiquinha: “Você viu isso, Chaves?”
Chaves: “Sim. Os papais que se comportam mal são roubados pelo roupa-velha!”
Chaves: “Sim. Os papais que se comportam mal são roubados pelo roupa-velha!”
Aproximadamente dois anos e meio depois, este pequeno sketch, rendeu um episódio de uma hora (dividido em três partes).
• “O velho do saco, parte 1”
• “A bola de boliche, parte 2”
• “Quem descola o dedo da bola, parte 3”
O episódio também exibido pelo SBT conta com uma parte muito maior do elenco, pois, nele já se encontravam:
1. Florinda Meza
2. Carlos Villagrán
3. Edgar Vivar
O episódio trouxe muitos diferenciais. Além da notável esticada na duração, desta vez quem vendia e comprava roupas e artigos usados, era Seu Madruga. Porém, alguém não estava no elenco. Esta pessoa era “Maria Antonieta de Las Nieves”, a Chiquinha. A atriz havia saído do seriado há um ano por motivos até hoje controversos. Chespirito não se contentou de a versão de uma hora da história não contar com a presença da atriz e, em 1978 regravou o episódio mais uma vez, agora sim, com o elenco completo. Mais uma vez o episódio possuía três partes, somando 60 minutos e com algumas piadas acrescidas e mais bem elaboradas. Inclusive, acrescentou às duas versões de uma hora, um enredo em torno de uma bola de boliche, até então inédito no roteiro original de 1972.
Um fato interessante que também envolve o velho sketch “Homem da Roupa Velha”, é que não somente rendeu as duas sagas de uma hora, como também, uma das piadas centrais, rendeu, ainda em 1973 alguns minutos de boas risadas no episódio “dando bolo”. No episódio, Chiquinha está doente e seu pai tenta lhe dar um remédio de gosto ruim. E, todos acabam tomando o remédio, menos... claro, a própria Chiquinha, que era quem o necessitava. Essa piada não fora utilizada em nenhuma das duas versões de uma hora do episódio “O velho do saco”, mas Chespirito aproveitou-a muito bem no citado episódio.
• “O velho do saco, parte 1”
• “A bola de boliche, parte 2”
• “Quem descola o dedo da bola, parte 3”
O episódio também exibido pelo SBT conta com uma parte muito maior do elenco, pois, nele já se encontravam:
1. Florinda Meza
2. Carlos Villagrán
3. Edgar Vivar
O episódio trouxe muitos diferenciais. Além da notável esticada na duração, desta vez quem vendia e comprava roupas e artigos usados, era Seu Madruga. Porém, alguém não estava no elenco. Esta pessoa era “Maria Antonieta de Las Nieves”, a Chiquinha. A atriz havia saído do seriado há um ano por motivos até hoje controversos. Chespirito não se contentou de a versão de uma hora da história não contar com a presença da atriz e, em 1978 regravou o episódio mais uma vez, agora sim, com o elenco completo. Mais uma vez o episódio possuía três partes, somando 60 minutos e com algumas piadas acrescidas e mais bem elaboradas. Inclusive, acrescentou às duas versões de uma hora, um enredo em torno de uma bola de boliche, até então inédito no roteiro original de 1972.
Um fato interessante que também envolve o velho sketch “Homem da Roupa Velha”, é que não somente rendeu as duas sagas de uma hora, como também, uma das piadas centrais, rendeu, ainda em 1973 alguns minutos de boas risadas no episódio “dando bolo”. No episódio, Chiquinha está doente e seu pai tenta lhe dar um remédio de gosto ruim. E, todos acabam tomando o remédio, menos... claro, a própria Chiquinha, que era quem o necessitava. Essa piada não fora utilizada em nenhuma das duas versões de uma hora do episódio “O velho do saco”, mas Chespirito aproveitou-a muito bem no citado episódio.
Analisemos outro caso! Em 1973, Chespirito gravou um episódio (hoje conhecido do público brasileiro através da “Amazonas Filmes”), intitulado “O vazamento de gás”, com pouco mais de dez minutos de duração. O episódio conta a história de uma casa onde mora um avô com sua netinha e por algum motivo desconhecido, o gás explode. É ordenado que todos saiam de lá antes que a casa acabe de desabar. O velho avô se recusa a sair de lá dizendo que lá nasceu e lá irá morrer. No fim, acabam convencendo-no de sair, mas não dá tempo, pois a casa começa a cair parede por parede e o episódio termina.
Em 1975, Chespirito aproveitou parte da idéia deste sketch quase esquecido e ressuscitou piadas no episódio “Sai de baixo que lá vem pedra”. No episódio, um velho cientista, leva sua filha para morar num local onde caem chuvas de aerolitos. Quando ocorre uma das maiores chuvas que já se viu no local, tudo é destruído e o pouco que sobrou de pé, cairia a qualquer momento. O cientista se recusa a abandonar o local sob o pretexto de procurar seu caderninho de notas que, ao final, descobre-se que esteve todo o tempo em seu próprio bolso. O episódio teve vinte minutos de duração.
Um ano depois, a outra parte do sketch foi aproveitado em uma versão integral (vinte minutos) para o episódio “O vazamento de gás”. A versão foi bem aprimorada e acrescida de piadas maravilhosas; dando destaque para a explosão final, quando Chapolin acende um fósforo dentro do forno d’onde o gás escapava.
em 1978 sktch foi regravado em sua forma original, mas somente a parte quando a vila está desmoronando.
vamos falar de um ano marcante: 1974. Esse foi o ano em que a Maria Antonieta de Las Nieves (como já citado), a intérprete da Chiquinha ficou fora dos seriados. Coincidência ou não, 99% dos episódios desta temporada foram regravados a partir de 1975 com a atriz de volta ao elenco. a atriz retorna em 1975 (ainda em 1975 foram gravados alguns episódios sem ela).Um fato também marcante nas regravações dos episódios, é que um episódio pôde recuperar sua continuação; pois, em 1973, foi gravada a primeira versão do episódio “Seu Madruga sapateiro”, com duas partes de 20 minutos cada. A parte 2 do episódio simplesmente desapareceu do mapa. O ano em que isso ocorreu é um mistério, mas com certeza foi antes de 1984, pois fontes afirmam que no citado ano, o episódio foi exibido uma única vez em telas brasileiras, porém, contando apenas com a parte 1, e o episódio é visto em TVs internacionais, nessa mesma condição, dá-se a entender que a TELEVISA deve ter perdido o episódio sem ter tido tempo hábil de distribuir a nenhuma TV do próprio México ou internacional.Porém, nem tudo foi velório para o episódio. Quatro anos depois, Chespirito regravou o episódio, desta vez com três partes (uma hora), contando com a presença de Maria Antonieta. Pelo andar da parte 1 da versão 1, com certeza o desfecho da mesma, deve ser o mesmo da versão 2, ou seja, o fato de a conclusão da versão original haver se perdido, deixa de ser um grande problema, pois a versão 2 veio com tudo e de certa forma reparou a perda. Claro, um episódio é sempre um episódio, principalmente quando se tem mais de trinta anos de gravado. É um relíquia absoluta que não deveria ter desaparecido, mas já que ocorreu, nos contentemos com a versão mais conhecida do grande público.
O ano de 1974 também teve lá suas particularidades. Entre outras, foi o único ano em que “Martha Zabaleta”, “Angel Roldan” e “María Luisa Alcalá” deram as caras. Elas participaram da primeira aula do Professor Girafales gravada. Foram participações especiais. “María Luisa Alcalá” ainda permaneceu na série em mais episódios. Era Malicha, a afilhada do Seu Madruga.
Como podem ver, nenhum desses episódios é descartável como muitos acreditam. Todos têm seu potencial e sua particularidade. Às vezes uma piada não acrescida na versão seguinte, ou às vezes a piada foi acrescida para a versão seguinte, ou às vezes, um sketch rendia idéia pra dois episódios posteriores. Alguns atores coadjuvantes, como vimos no caso do primeiro episódio escolar da série, fizeram presença em um único episódio que anos depois foi regravado sem sua presença, com outro ator em seu lugar. todos os episódios são importantes e devem ir ao ar sim. Se foi o caso de se tornarem perdidos, mesmo que haja uma versão mais nova ou antiga no ar, devemos lutar pelo seu retorno, sim.
Para terminar, vou citar um outro caso que caracteriza a importância de uma outra versão para os episódios: finais alternativos.
Em um episódio intitulado “O professor apaixonado”, gravado em 1974, mostra uma confusão causada pelas crianças, quando, por um mal-entendido, acham que o professor está apaixonado pelo Seu Madruga e vice-versa. Nesta versão, o episódio termina mal, pois quando Dona Florinda fica sabendo do fato, esbofeteia o professor e, termina jogando as flores que ele lhe trouxe, na lixeira. Em seu remake, gravado em 1977, a história é a mesma, atentando para o fato de que o final, é completamente diferente. O caso de alguma forma é esclarecido, e o Professor termina feliz e contente, cantando uma bela canção ao lado de sua amada; a Dona Florinda.
Para terminar, vou citar um outro caso que caracteriza a importância de uma outra versão para os episódios: finais alternativos.
Em um episódio intitulado “O professor apaixonado”, gravado em 1974, mostra uma confusão causada pelas crianças, quando, por um mal-entendido, acham que o professor está apaixonado pelo Seu Madruga e vice-versa. Nesta versão, o episódio termina mal, pois quando Dona Florinda fica sabendo do fato, esbofeteia o professor e, termina jogando as flores que ele lhe trouxe, na lixeira. Em seu remake, gravado em 1977, a história é a mesma, atentando para o fato de que o final, é completamente diferente. O caso de alguma forma é esclarecido, e o Professor termina feliz e contente, cantando uma bela canção ao lado de sua amada; a Dona Florinda.
Outro caso, onde a mudança do final é pequena, porém, genial, encontra-se no episódio “O despejo do Seu Madruga”, gravado em 1974, onde o Senhor Barriga despeja-o de casa junto à sua filha Chiquinha, por não poder pagar o aluguel (devia-lhe 15 meses).No final, ao ver um álbum de fotografias, que mostra velhas fotos de Madruga como boxeador, lembra-se de que assistiu essa luta e que havia apostado tudo em seu adversário. E, realmente Seu Madruga perdeu essa luta, salvando o dinheiro do Barriga que tinha uma dívida enorme a pagar e apostou toda a grana da dívida. Ao lembrar do fato, diz a Seu Madruga que pode ficar com a casa e que não lhe deve mais um centavo. E, tudo fica por isso mesmo.Na segunda versão do episódio, gravado em 1978, ocorre exatamente o mesmo, com a diferença que contou com a presença de Maria Antonieta, dobrou a metragem de vinte para quarenta minutos e teve uma importante mudança no final, o que o tornou bem mais emotivo que a versão original, pois desta vez era mentira que o Barriga havia assistido à clássica luta do Madruga. Desta vez ele os deixou ficar na casa, por ter um coração que não lhe cabe no peito. Acompanhe o célebre diálogo entre o Professor Girafales e o Senhor Barriga já fora da casa do Seu Madruga, na segunda versão:
Professor Girafales: “Senhor Barriga! Me desculpe mas não pude evitar de ouvir o que disse lá dentro; e, se não me engano, o senhor me disse uma vez que nunca na vida havia assistido uma luta de boxe.” Senhor Barriga: “Efetivamente! Eu nunca assisti uma luta de boxe.” Professor Girafales: “Mas então...” Senhor Barriga: “Professor! Se essa gente sair daqui; onde vão viver? Hã!?”
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