quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Reconhecimento para o Buldogue

 vou falar um pouco a respeito de um dos mais engraçados atores que passaram pelo elenco de Chespirito e que, infelizmente, não tem o devido reconhecimento dos fãs. Estou falando de Raul Padilla. 

Para começar, vou falar sobre a trajetória dele nas séries. Já em 1978, Raul Padilla Garcia foi convidado por Chespirito para integrar o elenco do filme “El Chanfle”. Sua performance destacada e suas engraçadas caretas o transformaram em um dos destaques da película, sendo na minha opinião uma das melhores atuações do filme. Tal atuação fez com que seu nome ficasse no “caderninho” de Chespirito. 

O carteiro Jaiminho e suas engraçadas caretas ajudaram a superar a falta de Quico e Seu Madruga

O ator fez a sua estréia no elenco em agosto de 1979, no episódio “A chegada de Dona Neves e Jaiminho”. Esse episódio marcou a estréia desses dois personagens, que entraram no programa a fim de substituir os ausentes Quico (que foi morar com a madrinha rica) e Seu Madruga (que foi correr mundo em busca de novas oportunidades). Com o elenco desfalcado, tornava-se necessário o acréscimo e mesmo a evolução de novos personagens. 

No episódio citado acima, o carteiro Jaiminho entrou pela primeira vez na vila do Chaves a fim de entregar a correspondência. No entanto, já nessa ocasião, foi apresentada sua principal característica. Marca registrada essa que seria o mote do personagem, mesmo com as mudanças que ocorreriam na vida do personagem anos depois. Jaiminho é extremamente preguiçoso. Buscando “evitar a fadiga”, o carteiro sempre tenta fazer com que os novos personagens o ajude a distribuir a correspondência, ou mesmo procurar sua carta dentro da bolsa. 

Outra marca registrada de Jaiminho carteiro é a adoração por sua terra natal. O pequeno vilarejo de Tangamandápio (nem tão pequeno assim, pois Jaiminho chegou a dizer que era do tamanho de Nova York) é sempre lembrado por ele nas mais diversas situações: “Em Tangamandápio acontecia isso, lá é assim, assado, etc”. Chegou ao ponto de dizer ao Chaves que lá era a residência oficial do Papai Noel. Pode uma coisa dessas??? 

Jaiminho sem dúvida é um personagem carismático, engraçado. A começar pelo figurino. Os bigodes e o uniforme de carteiro são complementados pela bicicleta que estava sempre de baixo do seu braço. Isso acontecia porque ele não sabia andar de bicicleta, e tinha que leva-la nos ombros para não perder o emprego de carteiro. Seria ridículo se não fosse trágico. O que as pessoas não tem que fazer para garantir seu sustento? 
A ausência de Quico e Seu Madruga foram decisivas para a entrada de Jaiminho na vila do Chaves

Até meados de 1982, Jaiminho era apenas um coadjuvante da “vecindad Del Chavo”. Isso porque, além de não morar na vila como a maioria dos personagens, ainda perdia terreno para personagens como a Dona Neves e o Seu Madruga (que voltou para a vila em 1981). No entanto, com a saída definitiva do Seu Madruga e a aposentadoria do personagem Dona Neves (para não prejudicar a personagem Chiquinha, interpretada pela mesma atriz), Jaiminho de dispensável passou a ser fundamental para a continuidade do quadro Chaves até meados de 1992. 
Jaiminho tornou-se um novo Seu Madruga

Jaiminho mudou-se para a vila, morando no apartamento que fica acima da escada, onde anos antes havia morado a personagem Glória e sua sobrinha Patty. Sem Seu Madruga e Dona Neves, o carteiro os substituiu em pelo menos 90% das situações que antes eram vivenciadas por eles. Tornou-se o alvo da paixão da Bruxa do 71, passou a ser atormentado pelas crianças, devia 14 meses de aluguel ao Sr. Barriga (embora continuasse trabalhando como carteiro). A única diferença é que não apanhava da Dona Florinda, até por não haver mais um Quico para defender. 

As características do personagem continuaram parecidas, os bordões também (“Quero evitar a fadiga”, a veneração por Tangamandápio, etc). A única coisa que mudou foi a sua tolerância. Outrora calmo e bonachão, o novo morador da vila tornou-se irritadiço, como era o Seu Madruga.
No Chapolin, Padilla fazia tipos diversos

Mas o carisma do ator Raul Padilla não era apenas visto em Chaves. Em Chapolin, o ator também teve grandes chances de mostrar seu talento e suas engraçadas caretas. O “buldogue”, como era chamado em vários episódios, participou mais ativamente dos episódios de Chapolin desde sua entrada, em 1979. Nesse quadro, ele foi fundamental desde o início, já que em um programa de super-herói, sempre são necessários muitos homens para fazer papéis diversos, em especial de vilões. Excetuando 1981, quando perdeu um pouco de espaço para Ramón Valdez, Padilla era um dos principais atores de Chapolin, ao lado de Ruben Aguirre e Edgar Vivar. 
O eclético ator Raul Padilla fazia todos os tipos de personagens

A versatilidade do ator também pôde ser sentida no quadro “Los chifladitos”, ou “Chompiras”. O delegado Morales era extremamente sério, ao contrário de seu personagem no Chaves. O oposto do que acontecia com a atriz Florinda Meza, que fazia um papel mais sério em Chaves e uma atuação cômica em Chompiras. 

Raul Padilla permaneceu no elenco de Chespirito até 1994, ano de sua morte. Gravou até pouco tempo antes de adoecer. Nesse ano, Chespirito perdeu um de seus mais engraçados atores, que não tem o devido reconhecimento da nação chavesmaníaca muito devido a ter substituído o inigualável Ramón Valdez. 

Sugiro a todos que assistam um pouco mais e sem preconceitos aos episódios de 1979 em diante. Se não tem, sugiro que comprem. Todos falam muito de Ramón Valdez e Carlos Villagrán, mas se esquecem que o programa é composto por vários atores, cada qual com suas características. Se o programa foi mantido por tanto tempo após a ausência dos dois, significa que estava agradando. Ou não? 


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