quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A década de 80: novidades para os chmaníacos

Quero falar sobre um tema que ainda é um mistério para os fãs brasileiros. Afinal de contas, como foi a década de 80 de Chespirito e sua turma? Como todos sabemos, o SBT nunca exibiu episódios desse período. Nos programas clássicos de Chaves e Chapolin, aparecem apenas episódios dos anos 70. Já no Clube do Chaves, foram ao ar episódios da década de 90. Ou da primeira metade dela, visto que o Programa Chespirito acabou em 1995, um ano após as mortes de Angelines Fernandez e Raul Padilla.

Chaves, em um episódio de 1980, pouco depois do reinício do Programa Chespirito.

Vamos começar do princípio. Ao contrário do que é amplamente divulgado pela mídia, Chaves e Chapolin como séries acabaram no final de 1979 (no início de 1980, já que o episódio do Chaves “Antes um tanque funcionando do que uma lavadora encrencada”, o último episódio do programa independente, está datado desse ano). Ou seja, a partir de 1980 (e não a partir de 1983), esses programas acabaram, dando lugar ao tradicional Programa Chespirito, que havia saído do ar em 1973.

O programa é composto de esquetes, com vários personagens diferentes, com duração aproximada de 10 minutos para cada quadro (às vezes, um quadro ocupava todo o programa), totalizando pouco mais de 40 minutos. Além dos conhecidos personagens Chaves, Chapolin, Doutor Chapatin, Chompiras (que ganhou um novo cúmplice, o Botijão) e dos quadros independentes, novos personagens foram criados para dar maior dinâmica ao programa: Chaparron Bonaparte (fez tanto sucesso que ficou até o final do programa, 15 anos depois) e Vicente Chambón (um jornalista que, junto com sua fotógrafa Cândida, estava sempre atrás da notícia). Edgar Vivar e Ruben Aguirre, coadjuvantes até o final de 1978, tornaram-se “astros principais”.

As histórias de Chapolin continuaram mais ou menos parecidas com as da década de 70. Mas havia diferenças. Além do menor tempo, também houve um considerável aumento nos remakes, ou novas versões de episódios antigos. A agilidade de Chapolin, pelo menos no início da década, ainda estava praticamente intacta. As histórias de Dr. Chapatin e de Chompiras seguiram mais ou menos o mesmo padrão das antigas. No quadro dos ladrões, a diferença passou a ser sentida em 1982, quando Botijão conheceu Chimoltrufia e a vida de crimes foi deixada de lado.
 
No início dos anos 80, Chompiras ganhou um novo parceiro, o Botijão. florinda meza continuava tão bela quanto na década de 70.

No Chaves, as diferenças foram mais sentidas. Diferenças essas que iniciaram ainda na era clássica, em 1979, após as saídas de Quico e Seu Madruga, com a chegada de Dona Neves e Jaiminho, o surgimento do restaurante de Dona Florinda e o aumento do número de episódios na escola. Nos primeiros anos da década de 80, Dona Neves ainda aparecia, mas muito pouco. Era preciso dedicação quase que total da atriz Maria Antonieta de Las Nieves para a personagem Chiquinha, fundamental nessa nova fase. Logicamente, personagens como o Professor Girafales, Nhonho e Pópis ganharam terreno. O carteiro Jaiminho, no início, ainda era um personagem secundário, que praticamente não aparecia. Com a ausência do Seu Madruga e a pouca participação da Bisavó da Chiquinha, quem passou a dever aluguel para o Senhor Barriga foi (pasmem!) a Dona Florinda, que passou a enfrentar dificuldades financeiras e até se escondia para não pagar o aluguel.

No final de 1981, a surpresa. O ator Ramón Valdez voltou para o elenco do Programa Chespirito. E voltou com tudo, atuando em quase todos os esquetes, com um status digno de protagonista (embora seu nome nos créditos tenha caído para trás de Edgar Vivar). Com a volta do personagem Seu Madruga, tudo voltou mais ou menos a ser como era antes, com o personagem devendo aluguel para o Senhor Barriga, apanhando da Dona Florinda, etc. Só faltava o Quico (que nunca mais voltou), que foi bem substituído por Nhonho e Pópis. Embora envelhecido, Ramón Valdez ainda era bastante ágil e sem dúvida foi um ótimo acréscimo para o grupo.
Mas sua volta não durou muito. Poucos meses depois, em meados de 1982, Ramón deixou novamente o programa, para nunca mais voltar. A partir daí, o ator Raul Padilla, até então apenas um convidado especial, foi efetivado de vez no elenco. Passou a participar mais ativamente de todos os quadros, inclusive do Chaves. Com a ausência definitiva do Seu Madruga, com a impossibilidade de uso da personagem Dona Neves (que passou a ser uma personagem que era sempre citada, mas nunca aparecia) e com a Dona Florinda voltando a ser o que era, o carteiro Jaiminho mudou-se para a vila, passando a viver praticamente todas as situações que eram vividas por Seu Madruga.

A partir de 1982, o Programa Chespirito ganhou ares mais definitivos, com o elenco e os quadros que durariam até a década de 90. Os ladrões deixaram de ser ladrões, Jaiminho foi para a vila, o quadro de Chambón acabou, etc. Só a partir do afastamento de Angelines que houve novas mudanças no elenco.
A decisão mais acertada que Chespirito tomou foi acabar com os programas Chaves e Chapolin e voltar com o formato antigo. Além de tornar o programa mais dinâmico, a alternação de esquetes fez com que a ausência de Quico e Seu Madruga fosse menos sentida. Seria muito bom que o SBT, além de voltar a exibir os episódios da década de 90, também comprasse episódios inéditos no Brasil dos anos 80. Mas já seria pedir demais...
O personagem Chaparron Bonaparte, ao lado de seu amigo Lucas, foi criado em 1980 para o reformulado Programa Chespirito. Essa foto já é mais recente, de um episódio dos anos 90.

A volta de mais perdidos de Chaves
Esta é a primeira vez que escrevo após o retorno triunfal de mais perdidos Chaves à grade de programação do SBT. Os episódios voltaram[apesar de não terem voltado todos] com tudo, e em um horário bastante competitivo, que é o final de tarde. Méritos para todos os fãs, que nunca perderam a esperança e sempre lutaram pelo retorno. Parabéns a todos!

Quanto ao retorno, só espero que seja definitivo. Um seriado como Chaves, carismático, de humor ingênuo e roteiro simples, jamais pode  ficar com episodios  fora da televisão. É uma ótima opção para a televisão brasileira,  recheada de programas que exploram a sexualidade, a violência e os problemas das pessoas.

 a volta dos perdidos de  Chaves, eu teria algumas sugestões para um melhor aproveitamento. Por que, ao invés de colocarem em um dia semelhante sim e semelhante não, porque não fazem um dia com comuns, outro com ex-perdidos e outro com semelhantes? ou melhor ainda:  porque ao invés de 3 episódios do Chaves, não colocam um episódio de Chaves, um de Chapolin e mais um do Clube do Chaves, de 10 minutos de duração? Tem espaço de sobra para isso, sem precisar cortar nada. É difícil afirmar, mas desse jeito, com praticamente três episódios sendo exibidos diariamente, Chaves pode saturar (os telespectadores comuns, não os fãs como nós), e sair  do ar.

Falando sobre o Chapolin, uma outra alternativa seria a exibição de um episódio por semana, aos sábados, como chegou a ser feito em 2001. Algo parecido  aconteceu com as séries Família Dinossauro e Smallville. Quando eram exibidas diariamente, rapidamante saíram do ar bela baixa audiência. Depois, tornaram-se semanais, e  fizeram sucesso. 
Bem, por era é isso, amigos. Vamos torcer para o Chaves continuar com excelentes números na audiência, e que Chapolin volte para a televisão o mais rápido possível. Um grande abraço a todos e até a próxima!
 
 os perdidos Chaves estão de volta. Agora, só falta o Chapolin...

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