Chaves e seu extraordinário mundo[1995]
Roberto Gómez Bolanõs é talvez, fisicamente, o menos parecido na realidade aos personagens do elenco. Ainda que amável, é bastante sério, pouco escandaloso e de menino humilde, com exceção de seu aspecto acanhado e sua estatura pequena, externamente não coincide com as imagens que o país conhece. Em vez disso, coincide por dentro: Chespirito confessa não resistir a tentação de chutar uma bola que cruza o seu caminho, sobe em qualquer escada que encontra... Uma verdadeira criança mora dentro dele.
“É que tenho algo certo comigo, que é sugerido na Bíblia: Os do meu reino serão aqueles que tenham espírito de criança”, diz ele. E, todavia, defende a maturidade, julga que deve ser uma tragédia eliminar todo vestígio de infância. Recorda que não foi um menino tão pobre quanto o Chaves, mas também nunca teve riqueza. “Eu brincava com soldadinhos de chumbo, tive carrinhos e trens, mas nunca tive bicicletas nem brinquedos caros.”
Fez até o segundo ano de engenharia e abandonou a carreira para dedicar-se, faz mais de vinte anos, a escrever. Diz que seu estilo não influencia nenhum escritor, mesmo aquele que se define como um bom leitor. “Leio sobre pratos, Theilhard de Chardin, tiras cômicas, enfim, não estou limitado apenas a uma coisa.”
Devem passar anos desde que optou pelo mundo da televisão para que Chespirito conhecesse, no começo da década de setenta, uma autêntica fama.
O outro passatempo de “Chaves” é a filatelia. Este hobby fez com que ganhasse de Luis Rodriguez Lamus – diretor executivo de “Solidariedade” – uma coleção completa de selos emitidos na Colômbia desde 1959. Chespirito e seu elenco irão embora de Colômbia com tantos souvenirs como o Rei da Espanha. Entre suas malas levarão, também, simbólicas chaves de Bogotá.
Na verdade é um homem de intensos trabalhos. Ele transmite um pouco de suas características para alguns de seus personagens, isso explica a personalidade que cada um tem, a naturalidade que cativa crianças de quase vinte países.
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