A polêmica continua: quais os reais motivos da saída de Carlos Villagrán?
Vou falar agora sobre um tema que já foi bastante explorado no meio CH. Não só pelos outros como até por mim mesmo. Confesso que é meu assunto predileto, por isso escrevo tanto sobre isso. Eu não queria ser repetitivo, mas após algumas declarações que eu andei lendo por aí, achei necessário voltar a esse tema. Com o sucesso de seu personagem, Carlos Villagrán saiu para tentar carreira solo: |
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Estou falando sobre a famigerada saída da repentina ausência ator Carlos Villagrán das séries de Chespirito (leia-se El Chavo Del Ocho e El Chapulín Colorado). Parece que a saída do famoso Quico da série Chaves foi ainda mais traumática do que todos supunham. Não apenas no sentido da grande falta que fez para essa série (só no Chaves já que, na minha opinião, não fez falta nenhuma em Chapolin), tirando aquele que algumas vezes se sobressaía até à grande estrela do programa, o garoto Chaves. |
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Muitas são as hipóteses para explicar a ausência de Carlos a partir do final de 1978. Vamos a elas:
- Aparecia mais do que o protagonista da série;
- Queriam diminuir seu personagem;
- Alvo de inveja dos demais atores;
- Ciúme do casamento entre Florinda Meza e Chespirito;
- Imposição de Florinda;
- Queria ganhar mais que Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha);
- Queria ter o próprio programa;
- Desentendimentos com Chespirito;
- Saturação.
Qualquer uma das causas citadas acima pode corresponder à realidade. Ou até todas elas. Nunca poderemos saber com certeza absoluta. Nenhum de nós, Chmaníacos brasileiros, estávamos lá, condição essencial para apontar as causas verdadeiras da saída. Nem sequer acompanhávamos o programa e as notícias na época. Por tudo isso, fica muito difícil uma análise definitiva.
Afora isso, cada ator diz uma coisa diferente. Puxando, é claro, o “assado para o seu lado”. Vamos dar uma espiada nas opiniões dos atores:
Roberto Gómez Bolaños (Chaves)
Apesar de ter abraçado Carlos publicamente em uma homenagem realizada em 2000, sua posição é das mais críticas. Recentemente afirmou que Carlos e Maria Antonieta (com quem brigou recentemente pelos direitos autorais da personagem Chilindrina, a Chiquinha) não tinham nível intelectual, ou seja, que seus egos eram tão grandes que não era possível manter bons diálogos.
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"Namorados no passado e mãe e filho no programa, Florinda Meza afirma que Carlos era a “maçã podre” do elenco"
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Florinda Meza (Dona Florinda)
– Declarou recentemente que Carlos, seu filho na série Chaves, era a maçã podre do elenco. Foi a autora da afirmação que Carlos queria ganhar mais do que Maria Antonieta. A título de curiosidade, foi namorada dele no início da década de 70.
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Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha) – Afirmou que Carlos saiu na melhor fase das séries para ganhar dinheiro sozinho com o Quico. Estranha afirmação, já que a própria atriz havia deixado as séries em 1973, para voltar dois anos depois.
Ruben Aguirre (Professor Girafales)
– Foi quem apresentou Carlos a Bolaños, em 1971. Por causa disso, até pouco tempo atrás eu pensava que Ruben não seria tão crítico quanto os outros. No entanto, recentemente, uma declaração sua caiu como uma bomba em cima de mim. Ele disse que Carlos teve uma atitude suja e pouco digna, e que se arrependia de ter apresentado os dois. Palavras surpreendentes. Eu queria tentar entender onde está a sujeira e a falta de dignidade de Carlos só por ele ter saído do programa. Ramón Valdez e Maria Antonieta fizeram a mesma coisa, será que Ruben Aguirre pensa a mesma coisa deles?
Edgar Vivar (Sr. Barriga/Nhonho)
– Apesar de, ao contrário de Ruben, nunca ter sido amigo de Carlos, foi quem deu as declarações mais amenas sobre o caso. Simplesmente disse que nunca foram amigos, e que a saída dele foi complicada. Tais palavras apenas reforçam um pensamento que sempre tive: Edgar Vivar, como ser humano, é nota 10! Ao contrário dos outros, guarda para si suas opiniões e tenta manter uma boa imagem das séries que encantaram boa parte do planeta.
Angelines Fernández (Dona Clotilde) / Horácio Gómez (Godines)
– Não temos declarações desses dois falecidos atores. Mas não devem ter sido muito diferente dos demais.
Ramón Valdez (Seu Madruga)
– Deve ter ficado do lado de Villagrán, já que saiu pouco tempo depois e trabalhou ao lado dele durante algum tempo.
Carlos Villagrán (Quico)
– O pivô de tudo isso afirma que seu personagem fazia mais sucesso do que o próprio Chaves. Por causa disso, quiseram diminuir seu personagem, e por isso ele saiu. Já chegou a dizer que era alvo da inveja dos colegas. Será que é tudo isso?
Até aqui eu apenas relatei os fatos, sem me posicionar de um lado ou de outro. Mas vou fazer isso agora. Carlos Villagrán, assim como qualquer outro profissional de qualquer área, tem o direito de ir trabalhar onde quiser. Existem aqueles que preferem o dinheiro (a maioria, diga-se de passagem). Outros preferem a realização profissional. Outros valorizam mais o ambiente de trabalho. Os colegas, a proximidade de casa. O tempo de casa. Enfim, são vários aspectos a serem considerados na hora de ficar ou trocar de emprego.
Carlos, na época, era um trabalhador como qualquer um de nós. Se ele não estava feliz no Chaves, se achava que ganharia mais dinheiro sozinho, tinha mais é que ir mesmo. Para nós fãs foi ruim, mas deve-se pensar no lado dele também. Alguém é sujo e pouco digno como disse o Sr. Ruben Aguirre só porque deixou um emprego? Claro que não.
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Por isso, afirmo que tem caroço nesse angu. Não foi uma saída simples. Afinal de contas, Maria Antonieta e Ramón Valdez também saíram das séries e nunca foi dito nada parecido contra qualquer um deles. Posso estar redondamente enganado, mas pelo que já apareceu na mídia, Carlos Villagrán parece ser uma pessoa de difícil convivência. Fora Ramón, nenhum dos demais atores da série era amigo dele. Não iriam atacá-lo a toa, apenas pela sua saída pura e simples.
Mesmo sem Quico, as séries de Chespirito continuaram por quase 18 anos.
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Na verdade, com exceção do ciúme do casamento de Chespirito e Florinda e da imposição dela, acredito que todas as outras causas que eu citei acima são verdadeiras. Não acredito que ninguém iria inventar histórias para a mídia.
O fato é que, como Carlos afirma, Quico realmente estava tão ou mais popular do que o Chaves. Isso é fato, basta acompanhar as séries para perceber. Por causa disso, realmente Chespirito quis diminuir o personagem. Dou um exemplo de dois episódios: a segunda versão de “O belo adormecido” (inédito no Brasil), onde Quico divide todas as falas, feitas originalmente por ele na primeira versão, com a Pópis, e a segunda versão de “Epidemia de gripe”, onde acontece um fato inédito. Mesmo estando no elenco, Quico não participou do episódio. Isso pode ter sido a gota d’água.
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| Vamos às disputas com Maria Antonieta. É sabido que, após a saída dela em 1973, Quico cresceu muito dentro da série. Com a volta dela, em 1975, os dois passaram a bater cabeça em muitos episódios. Dividiam o mesmo espaço. Em muitos episódios, apenas uma criança era necessária. Mas ambos tinham que aparecer, e o resultado foi uma menor participação de ambos. Villagrán certamente não gostou de ter perdido um pouco do status que passou a ter em 1974, dividindo os holofotes com Maria Antonieta. |
Discussões a parte, dou aqui uma sugestão para todos os fãs: vamos esquecer essas brigas e lembrar da parte boa, que são os programas.
Quico e Chiquinha disputavam praticamente o mesmo espaço na série Chaves. Segundo Bolaños, o ego dos dois era insuportável.
Para encerrar, não poderia deixar de lembrar a data mais importante para todos aqueles que estão no meio CH. No dia 24 de agosto completa-se aniversário da primeira exibição no Brasil do seriado mexicano El Chavo Del Ocho, rebatizado por aqui como Chaves. O primeiro episódio foi Caçando lagartixas (originalmente gravado em 1976), que saiu do ar em 1988 e voltou quatro anos depois junto com tantos outros. Ainda pairam algumas dúvidas sobre a data correta do primeiro dia, bem como sobre o programa que o exibiu (Bozo ou TV Pown). Seja como for, o sucesso desse seriado foi imediato. Sem esquecer, é claro, do Chapolin Colorado, outro grande sucesso em vários países.
Apesar das diferenças, devemos mostrar gratidão ao Sílvio Santos e ao SBT em geral. Principalmente ao diretor de dublagem da emissora: josé lage, já que foi ele quem acreditou nos seriados e não deu ouvidos aos diretores da época. Por eles, as fitas recebidas iriam diretamente para o lixo. lage, no entanto, acreditou no programa e o colocou no ar. Não fossem por ele, jamais teríamos acesso aos melhores programas de humor da televisão mundial. Está certo, os dois seriados deveriam estar no ar, é um absurdo não sobrar nem um lugarzinho para eles na grade de programação da emissora paulista, etc. Mesmo assim, devemos repensar nossa “fúria insana”, e dar um pouco de valor ao que já foi feito pelas nossas queridas séries.
Parabéns para o Chaves, mais de 30 anos em telas estrangeiras não é para qualquer um!
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