sábado, 9 de janeiro de 2016

ch no brasil: 2000/2001

Em agosto de 2000, mais precisamente no dia 14, os fãs se deparam com uma atitude inesperada do SBT: a emissora retira Chapolin do ar pela primeira vez em tantos anos de exibição. Assim, nasce o movimento dos fãs chamado ”Volta, Chapolin” que consistia em um protesto e abaixo assinado contra a emissora pedindo o retorno da série, comandado pelos fãs Gustavo Berriel e Bruno Pires. Neste ano, a emissora também retirou do ar um episódio do Chaves, sendo ele ”A falta de água” (1974).
chnobrasil29
Em 2001, a Rede TV faz uma entrevista exclusiva com Chespirito. Era a terceira entrevista brasileira com Roberto, sendo que as outras duas foram em 1989 e 1991, respectivamente, para o Gugu no programa ”Viva à Noite”. A entrevista foi ao ar no dia 10 de abril de 2001. Em uma bela entrevista, realizada por Sérgio Frias, Chespirito contou muitas curiosidades e se emocionou ao falar dos atores das séries que já haviam partido.
A equipe de jornalismo liderada por Sonia Abrão, foi atrás do velho Ch e gravou uma entrevista exclusiva, realizada  por um brasileiro: o repórter Sérgio  Frias. Quem não se lembra do Bolaños todo emocionado ao se lembrar dos velhos tempos e dos companheiros que já se foram, e dizendo com aquele sotaque engraçado: muita saudade? Aquilo foi lindo! E teve enorme repercussão entre fãs e não-fãs. Chespirito aparecia na TV como um senhor inteligente, de alto nível cultural e com a vivência e a experiência de um grande ícone da televisão que ele honrou ser!
Simplesmente a maior entrevista já realizada com Chespirito por um brasileiro na TV foi acontecer ironicamente fora do SBT, o que representa um grande vexame! Portanto, tiro meu chapéu pra Sonia Abrão e sua equipe, que deram o valor merecido ao Chaves de um jeito inédito no Brasil até então, com seriedade e reconhecimento documental. A partir desta entrevista, o SBT tentou correr atrás do prejuízo e desandou a fazer matérias sobre os atores e publicá-las numa revistinha do SBT (de qualidade bem duvidosa] No fim das contas, achei muito bom a matéria ter ido ao ar em outra emissora, mostrando que Chespirito não é só ligado ao SBT, mas pode e deve ser um ídolo de todo o Brasil, sem vínculo com uma só emissora.

Até que o SBT decidiu fazer um SBT Repórter especial sobre o México e exibiu uma matéria sobre Chaves (bem incompleta, na minha opinião) - mostrando, inclusive, cenas de episódios perdidos em ótima qualidade, como devem lembrar os fãs que ficaram impressionados com isso. Não foi a primeira vez que trechos de episódios perdidos (ou mesmo inéditos) apareceram, em chamadas e reportagens sobre Chaves.

Muita gente nem sabia que ele estava vivo. Outros nem sabiam que existia a Rede TV! Mas a aparição de Chespirito na Rede TV! (dia 10 de abril de 2001) causou alvoroço entre os fãs e foi uma surpresa especial até pra quem não é fã. A entrevista do repórter Sérgio Frias foi longa, esclarecedora E engraçada! (pelo espanhol de fita K7 do Sérgio Frias) Vale lembrar ainda que, antes de chegar até Chespirito, Sônia e sua equipe foram atrás da Chiquinha. Foram até a casa dela, mas parece que ela estava na casa das tias em Presidente Prudente: só encontraram sua filha Verónica de las Nieves (que chegou a fazer a Paty nos últimos anos do programa).

Não, ele não havia morrido após o famigerado acidente de avião
Nessa entrevista parece que o Bolaños usa o relógio escravizador porque a mão dele não para de mexer. Depois ele mesmo reconheceu isso. Disse que não consegue ficar parado, pois está sempre pensando muito e tem necessidade de se mexer. 

Chaves, Chapolin e o programa Chespirito, após alguns anos fora do ar, passaram a ser reprisados pela Televisa naquela época (a partir de 2000), com altíssima audiência. Era a nova Chavesmania mundial!

O sucesso da reprise foi tamanho que a Televisa colocou o Chaves em dois horários (18h e 20h), enquanto Chapolin era exibido às 15h. Os índices de audiência superavam em muito os de programas novos da grade. 


Saudade
Ah, sim, no momento mais emocionante da entrevista, Chespirito disse que sentia "MULTA SODADE" dos seus amigos que já se foram e dos velhos tempos... A palavra "saudade" só existe em português, mas ele sabe muito bem o que ela significa. 

Chespirito parou de gravar "Chespirito" em 1995, virou diretor da Televicine (empresa de cinema da Televisa), onde ficou até 1998. Depois, passou a ter seu escritório fixo na Televisa, que mais tarde virou uma Oficina de criação, que existe até hoje e é liderada por seu filho, Roberto Gómez Fernández.

Após as mortes de Angelines e Raúl Padilla, em 1994, de fato foi difícil continuar com as gravações. Mas Chespirito sempre se renova, criando novos quadros e roteiros, porque sua criatividade é infinita. Chaves e Chapolin já não existiam, porém ideias e personagens novos não faltavam... No entanto, em 95 a direção da Televisa decidiu tirar da programação todos os programas humorísticos, passando a exibi-los em outro canal do grupo. Todos foram transferidos, exceto Chespirito, que decidiu, finalmente, dar fim ao programa. 

As reprises de 2000 em diante (no México) reforçaram a relação entre Chespirito e a Televisa. O fenômeno estava de volta, com força total, e só cresceria ano após ano. 


As más notícias...
No meio de toda essa renovação da Televisa com os programas Chespirito, Chaves e Chapolin, Bolaños acabou descobrindo que não era mais dono da personagem Chiquinha, porque María Antonieta a registrara como dona dos direitos autorais. 

Esta cena infelizmente nunca  se repetiu...
De um lado, Chespirito conta que María Antonieta registrou a personagem no nome dela sem avisar a ele ("Dá pra notar que você herdou o sangue ruim do seu pai."); de outro, a atriz diz que tentou avisar e/ou pedir isso a Chespirito, mas que teria sido ignorada ou não-autorizada ("Ai, Chaves, o que você tem de burro, você tem de burro!").

Chespirito é o criador de todos os personagens e acredito que ele teria deixado María Antonieta continuar fazendo a Chiquinha em shows porque o Vivar conta que Chespirito sempre o autorizou a fazer o Nhonho e o Sr. Barriga em shows, bem como o Rubén Aguirre com o Professor Girafales. Mas se a María Antonieta alega que não lhe deram ouvidos (se bem que ela já tinha dois), o que me parece é que houve uma absurda falha de comunicação entre os dois, suficiente para gerar um grande mal estar entre os atores e os próprios fãs, que acabaram perdendo com a falta da Chiquinha nos futuros projetos da oficina de criação de Chespirito. Lamentável.
Um pouco mais tarde, recebíamos a volta do programa ”Chespirito” no Brasil, agora pelo SBT e com a já falada dublagem Gota Mágica. Apesar de o programa ser traduzido pela dublagem como ”As novas aventuras de Chaves”, o SBT o nomeou como ”Clube do Chaves” em suas aberturas, encerramentos, chamadas e vinhetas.
O escolhido para substituir Marcelo Gastaldi foi Cassiano Ricardo, que dublava o  rato Topo Gigio nos anos 80. "No começo, tentei fazer algo bem parecido com a primeira dublagem, mas não tenho a capacidade de fazer o mesmo timbre que o Marcelo fazia", assumiu Cassiano em entrevista à revista Herói em 2001, [que nessa época já não tinha mais nada pra falar de Cavaleiros do Zodíaco]

Eu não gostei da dublagem do Clube do Chaves por vários motivos, o principal deles: a tradução, um lixo! Chaparron virou Pancada (por pouco o Lucas Pirado não virou Lucas Tarado). O ponto alto dessa versão foi a presença do Osmiro Campos,Gostei também da voz e do tom que o Cassiano usou para o Chaparron Bonaparte, mas pro Chômpiras (chamado de "Chaveco"... aquele da Turma da Mônica??) a melhor voz é a do Sérgio Galvão (programa Chespirito - CNT). Não vou comentar a ausência do Mario Villela...

"Pancada": quadro foi o mais bem-sucedido do programa durante sua exibição pelo SBT
Acho que o melhor e mais bem dublado clube do quadro, digo, quadro do clube, disparado, era o do Chaparron (ainda mais com o Osmirão fazendo o Lucas), assim como o melhor do programa Chespirito na CNT era o do Chômpiras!

O Clube do Chaves estreou no dia 2 de junho de 2001.

Naquele mesmo ano, Chespirito afirmou à imprensa brasileira que já esteve no Brasil, só que disfarçado de pedra: "Fiz as viagens a passeio, não queria trabalhar ou dar entrevistas." (Revista SBT - novembro de 2001) 


Em outubro de 2001, cenas de episódios perdidos e até inéditos apareceram em um comercial do Chaves. Antes disso, no SBT Repórter, algumas cenas "perdidas" já tinham vazado. Vejam este comentário de Igor  Barros sobre o caso:

"Desde aquele SBT repórter que todo mundo está realmente convencido de que o SBT possui todos os VTs dos episódios cancelados, alguns em condições melhores do que alguns episódios em exibição (por exemplo, o episódio em que Chaves conhece Paty pela primeira vez está em péssimo estado, como o som "tremendo"), o que desmente totalmente a teoria anterior, de que esses episódios teriam sido queimados em um incêndio.
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Pois é, e estou desconfiado que QUALQUER UM, lá dentro do SBT, deve ter acesso a esses VTs, já que mais um deles vazou em um comercial. O comercial é da própria emissora, e mostra uma família tentando economizar energia. E Chaves entra em uma edição rápida com mais uma monte de programas do SBT. Mas com uma cena que não está no ar! É a do episódio no qual Chiquinha, Quico e Chaves formam uma orquestra, discutem música com o Professor Girafales, e no final desse episódio, eles dublam uma música romântica para o encontro entre Florinda e Girafales."
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Sem querer querendo, o SBT respondeu a uma dúvida que muitos tinham. Muitas pessoas achavam que a emissora tinha episódios de "Chaves" dublados em português pela Maga e que nunca foram exibidos. E agora isso está confirmado, graças a mais um comercial do SBT no qual eles colocam imagens de episódios que não estão em exibição - a diferença é que este episódio não foi cancelado, simplesmente nunca foi visto no Brasil. 
No dia 3 de fevereiro do mesmo ano, o SBT retornou com Chapolin ao ar nos sábados. Entretanto, a série saiu do ar em 24 de março, voltando à partir de 31 de dezembro, sendo exibido às 14:45 da tarde enquanto Chaves era exibido às 15:15. Novamente, o polegar vermelho deixa o ar no dia 25 de fevereiro de 2002, sendo constante desde 2000 o ”vai e vem” do SBT com a série.



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