quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Chapolin In The Sky With Diamonds Ou O Que Será Que O Chespirito Quis Dizer?


Outro dia eu estava vendo um episódio do Chapolin que achei bem estranho. Na verdade o mais estranho episódio CH que eu já vi até hoje. Era mais surreal que de costume. Basta dizer que mesmo vendo o final, fiquei com uma pulga atrás da orelha que parece que não vai sair nunca. Trata-se de um episódio de 1977, intitulado “Los Duendes”, que como o próprio título sugere tem a aparição de duendes como tema principal.

O episódio que cito é uma espécie de remake de um conhecido episódio exibido pelo SBT, em que uma senhora (interpretada por Florinda Meza) quer que o marido (Carlos Villagrán) venda a casa recém-comprada por acreditar que a casa está assombrada por duendes, pois os vê em todos os lugares (na verdade era um truque do ex-proprietário (Ramon Valdez) que usava bonecos para assustar a dona da casa e comprá-la de volta quase de graça.

Já no neste outro episódio quem vê os duendes é um menino (Maria Antonieta). O Chapolin é chamado pelo homem que trata do menino (Ramón Valdez) para convencer a criança que duendes não existem, pois ele diz que conversa e é amigo de pequenos duendes que vem ao seu quarto de vez em quando. A maior parte do enredo é bem parecida com a versão anterior. O final é bem semelhante também: o pai do menino (Rubén Aguírre) revela que construiu bonecos eletrônicos para fazer companhia ao garoto, já que ele nunca teve irmãos.

Ao que parece não há nada de estranho, só um enredo característico de um programa de Chespirito. Seria... A não ser por algo no meio da história. Veja bem: A fim de constatar se os duendes realmente aparecem para o menino, Chapolin reduz seu tamanho com uma de suas famosas pastilhas de nanicolina fica em cima da mesinha do quarto. Chega a encontrar um duende e vai pra dentro de uma caixa de biscoitos. Isso por que o menino já tinha dito ao Chapolin que os duendes adoram os biscoitos e sempre vem comer. Aí começa a cena mais psicodélica, talvez da história Ch. O Chapolin resolve comer um biscoito, mas quando vai dar um passo afunda em um buraco. Ele tenta se soltar, ao invés disso escorrega de vez. Então ele vai caindo em meio a um espaço vazio de fundo colorido, ao som de melodia que parece new age. Ele pousa, então, de forma suave, com um guarda-chuva na mão (?) em um lugar que lembra um picadeiro de circo, mas sem lona nem arquibancada, só teto e paredes. Lá estão os duendes (Florinda Meza, Carlos villagrán, Ramón Valdez, Rubén Aguirre e Maria Antonieta), que tem a aparência de palhaços. Só os duendes interpretados por Florinda e Carlos que se mexem e falam. Um duende (Carlos) faz vários desenhos em um quadro-negro e estes ganham vida, a medida que são desenhados. Em seguida o Chapolin é chamado a participar da brincadeira dos duendes e começa então o musical em que ele canta “Los Payasos”. Terminado o musical ele se despede dos duendes/palhaços e volta ao mundo real (não fica claro como).

O mistério no final é que o pai conta que conta que fez os bonecos para serem companhia e distrair o menino. E então acaba. Não há a menor explicação para viagem surreal feita pelo Chapolin. Ninguém conta como ele foi, como voltou, onde estava... Estranho também é que aquela seqüência no picadeiro não tem a mínima conexão com o resto da história.

Eu fico pensando o que terá querido dizer o autor de um programa que nunca quis reforçar a crença no sobrenatural nem no metafísico. Os fãs CH sabem que sempre que aparece um monstro ou fantasma no final é uma farsa, é parte do plano de alguém para assustar alguma pessoa. E isso geralmente explicado na última cena. Assim também como quando há alguma sugestão a paranormalidade e etc, etc, etc. Na maioria das vezes as histórias são escancaradamente surreais a ponto de não necessitar de nenhum esclarecimento. Nesse caso faltou um esclarecimento. Aposto que se este episódio fosse sido exibido no Brasil regularmente como sua meia versão anterior, teria gerado certa teoria da conspiração entres os Chmaníacos.

Só para assanhar os ânimos de alguns fãs/críticos de plantão, alguém mais ávido por uma polêmica no meio CH poderia perguntar: Por que o Chapolin nem se quer cita ou pede explicação sobre o “passeio” na cena final? Teria o Chespirito feito menção a uma suposta viagem lisérgica do Chapolin? Será que as pastilhas não eram pastilhas?

Bem, recomendo a quem não assistiu que assista e veja se eu tenho razão de ter ficado tão impressionado com o episódio. E, por favor, não se irritem comigo. Acontece que aguçou a minha imaginação o fato de ver uma história de meu herói de infância, que pode dar margem a tais suspeitas, que deixa algo inexplicado no ar. Mais o mais certo é que existem mais coisas entre “Ciudadano Gómez” e “Clube do Chaves” do que supõe nossa vã filosofia Chavística.
 

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