Chaves: um seriado violento (de certa forma) | |||||||||||||
Em algumas situações, Chaves pode ser considerado como um seriado violento. Nessa cena, Sr. Barriga desmaiou após receber o impacto de uma bola de boliche.
| Mais uma vez vou abordar nesse meu espaço um tema polêmico. Um assunto que, creio eu, vai despertar a ira dos chavesmaníacos contra esse humilde colunista. Mesmo assim, resolvi “arriscar” e manifestar minha opinião sincera, doa a quem doer.
Antes de mais nada, quero dizer que sou um dos maiores fãs dos seriados CH de todos os tempos. Acompanho as séries há anos, e desde aquela época as tenho como uma de minhas prioridades. Gravei e comprei todos os episódios de todas as séries CH. Por isso, não vou admitir que ninguém me acuse de não gostar das séries. Não é porque eu as estou criticando que eu não goste delas.
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Bem, chega de enrolar. A tese que vou defender aqui é: CHAVES É UMA SÉRIE VIOLENTA, de certa forma. É isso mesmo. E digo isso como um fã ardoroso da série. | |||||||||||||
É claro que não se pode comparar as situações ocorridas nessa série com a maioria dos filmes, novelas, seriados e programas humorísticos, onde a extrema violência e o constante apelo sexual são algumas das marcas registradas. Não vamos ver no Chaves assassinatos frios e brutais como vimos em novelas como Esperança (onde o personagem de José Mayer foi metralhado pelo filho de sua amante e também onde o vilão interpretado por Paulo Goulart degolou uma chantagista) ou Kubanacan (onde irmão matou irmão e pai tentava de todas as formas matar o filho herói).
A “violência violenta”, com sangue e assassinatos, felizmente não está presente nas obras de Bolaños. Esse é o vilão Ezequiel da novela “Corpo Dourado”, ferido no braço e cometendo mais um de seus crimes.
Além da violência, a sexualidade também está muito presente na televisão moderna. As roupas mínimas e as piadas indecentes e apelativas dos humorísticos Zorra e A Praça é Nossa são bons exemplos a serem citados. Lembram do quadro Philadelpho, interpretado pelo falecido comediante Rony Rios? Sua companheira de quadro ficava praticamente nua em cena, tentando excitá-lo de qualquer jeito. Ou dos personagens interpretados por Paulo Silvino no Zorra, que só pensam “naquilo”, como diria Dona Cacilda, da extinta Escolinha do Professor Raimundo.
A sexualidade está a flor da pele na televisão, em especial nos humorísticos. Os programas Zorra, da Globo (na foto Efigênia, a gênia estagiária, um dos antigos quadros da atração) e A Praça é Nossa, do SBT (na foto Edna Velho), são dois belos exemplos desse quadro.
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Felizmente, a proposta implantada por Chespirito não tem nada a ver com tais apelações. A obra de Roberto Gómez Bolaños é pautada pela simplicidade e pela pureza. Nunca precisou usar desses artifícios para conseguir audiência. O telespectador pode notar que nenhuma das piadas em seus programas tem “segundas intenções”, pelo menos com relação à sexualidade. Por acaso já aconteceu em qualquer uma das séries CH alguma cena de sexo, ou mesmo um beijo na boca (a não ser em um quadro do Doutor Chapatin exibido no Clube do Chaves, quando o velhote enganou sua bela enfermeira e tascou um selinho nela)? O máximo de “excitação” provocado foi o episódio de Acapulco do Chapolin, quando a bela Florinda Meza contracenou de biquíni (bem comportado, por sinal). Quanto à violência, já aconteceu algum assassinato frio, ou já apareceram montes de sangue? É claro que não. |
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Não é desse tipo de “violência” que estou falando. Apesar desse tipo de cena não fazer parte do cotidiano CH, não se pode ser cego a tal ponto de fechar os olhos para as situações extremas que acontecem nos seriados. Senão vejamos: em que outro programa acontecem tantas pancadas como acontecem no Chaves? São tapas, socos, beliscões, empurrões, pontapés, pisões, etc. Se fosse só isso, tudo bem. O problema são os outros artifícios usados pelos personagens para bater nos outros. Em especial pelo protagonista. O menino Chaves acerta a todos com vassouradas, sapatadas, tijoladas e até marteladas (todos menos quem ele queria realmente acertar).
Vamos analisar caso a caso. É claro que uma vassoura ou um sapato não faria grandes estragos. Mas o que dizer de um tijolo ou um martelo? Esses dois instrumentos podem matar uma pessoa. Relembrando algumas pancadas: em “Seu Madruga carpinteiro”, o Professor Girafales recebe várias marteladas. Uma, em especial, é terrível: aquela que o Quico tenta dar no Chaves e acaba acertando no Mestre Lingüiça. Meu Deus, aquela pancada fortíssima no lado da cabeça é fatal. Claro, como o seriado não precisa ser tão fiel à realidade, acabam deixando passar. Outra martelada potencialmente fatal aconteceu na primeira versão de “Quico doente”. Quico, da mesma forma, lança um martelo em grande velocidade contra Chaves e pega em cheio Seu Madruga. Isso sem falar nas dezenas de tijoladas dadas pelo Chaves, em especial no Sr. Barriga (“Seu Madruga sapateiro”) e no Seu Madruga (“A casinha do Quico”).
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Seu Madruga beliscando Quico, mais uma vez abusando de sua condição de adulto.
| O que dizer de um adulto batendo em uma criança? Pois isso acontece a toda hora. Seu Madruga abusa de sua condição de adulto e sempre desconta sua raiva nas crianças. Não que elas às vezes não mereçam, mas vamos fazer um teste de imaginação: pode um adulto beliscar sempre uma criança que não é seu filho? Ou socar a cabeça de outra? É claro que não. Muitos têm pena do Seu Madruga quando ele apanha, mas eu não. Essa covardia e o fato dele nunca pagar suas contas fazem com que ele mereça apanhar de vez em quando. | ||||||||||||
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As séries de Chespirito, em especial Chaves, são muito assistidas pelo público infantil. Debochar, xingar e bater nos outros na televisão pode incentivar os miúdos a agirem da mesma forma. O próprio SBT classifica Chaves como um programa infantil, praticamente um desenho animado (que por sinal andam muito violentos). Mas um aspecto positivo que devo destacar é o fato de não haver violência contra as mulheres (apenas um pontapé de vez em quando). Seria horrível ver uma mulher levando tapas, socos e pancadas nas séries CH, bem como é chocante ver isso em qualquer parte do mundo. As mulheres foram feitas para serem acariciadas, e não maltratadas.
No entanto, sem essas “violências”, Chaves se transformaria num programa monótono. Aí está a graça das séries. Ninguém assistiria se os problemas fossem resolvidos apenas na base da conversa. O público gosta de ação. Ação essa que tem de sobra em Chaves e Chapolin clássicos. Talvez por isso o público brasileiro não tenha gostado dos episódios da série Clube do Chaves, pois os personagens, pela idade, estavam menos ativos.
Bem, era isso. Chaves é uma série relativamente violenta, mas nada se comparados com a maioria da programação televisiva atual. Mas é nessa violência que está o grande atrativo da série, que cativou imenso público em mais de 30 anos de exibição no Brasil.
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não vejo graça nenhuma nesse seriado. só tem violência, humilhações, baixarias de todo tipo. sem falar que as piadas são muito simplórias. e preciso ser muito "gentalha" para gostar de um programa como esse.
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