segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O SEGUNDO BOX DE DVD'S DA AMAZONAS FILMES
            O box número 2,  marca a afirmação de Tatá Guarnieri, que começa a ganhar a simpatia da maior parte dos chavesmaníacos. Algo para se aplaudir, já que Tatá substitui ninguém menos do que o inigualável Marcelo Gastaldi. Certo, nunca ninguém irá superar o saudoso Maga. Mas que Tatá está fazendo um trabalho digno do reconhecimento do exigente fã da obra de Chespirito, isso é inegável. Tem que corrigir alguns defeitos, mas o seu resultado final está agradando. O segundo box marca também a nova voz do Seu Barriga. O dublador Gilberto Baroli tem uma atuação de altos e baixos. Mas o grande destaque vai para Gustavo Berriel. O nosso colunista e presidente do fã-clube Chespirito Brasil, em seu primeiro trabalho como dublador, dá a Nhonho um timbre inquestionável e uma gigantesca simpatia, além de improvisações de grande estilo. Alexandre Marconatto, responsável pela voz de Horácio Gómez Bolaños no DVD do Chapolin, tem um timbre tão semelhante a Silton Cardoso (dublador original do Godinez) que até pensei que fosse o próprio. Os demais dubladores tradicionais mantêm-se na média, levando em consideração a evolução de Carlos Seidl (fora de forma no primeiro box), o ritmo totalmente recuperado de Cecília Lemes e o show de descontração de Osmiro Campos, dono da melhor atuação do segundo box. Quantos aos episódios, não temos tantos inéditos quanto no primeiro. Nos DVD's de Chaves e Chapolin, sobressaem-se episódios perdidos e comuns. Espero que, nos próximos box's, seja dada uma ajeitada no som em espanhol, que está muito alto e distorcido.

 novamente disseco cada episódio dos três DVD's, agora do box 2, comentando sobre eles, apontando acertos e erros do texto (adaptado pela equipe de Berriel, Valette Negro e companhia, e que contará com a minha humilde colaboração a partir do quarto box) e analisando detalhadamente a atuação de cada um dos dubladores.
            DVD DO CHAVES - Os episódios contidos são: "O Dia Internacional da Mulher", "Já Chegou o Disco Voador", "Troca de Chapéus", "O Sanduíche de Presunto" e "O Cãozinho da Bruxa do 71". O primeiro tem exibição normal no SBT, sempre nos dias 8 de março. O segundo tambem é exibido normalmente e se trata da primeira versão, sem a Chiquinha, do famoso episódio do disco voador. O dos Chapéus é o popular "O Chiclete Grudou no Chapéu" e é a mesma versão perdida até 2003 e que hoje tem exibição normal na emissora. Já os dois últimos nunca passaram no Brasil: "O Sanduíche de Presunto" é de 1982, quando o seriado "Chaves" já se tornara um esquete do Programa Chespirito; e "O Cãozinho" é a primeira versão do episódio da suposta varinha mágica da Bruxa do 71, com Seu Madruga e Quico nos lugares de Professor Girafales e Nhonho, respectivamente. Ah, e o DVD do Chaves é o único que, nos créditos, aparece uma homenagem "in memoriam" ao saudoso Mario Villela.

            O Dia Internacional da Mulher - Episódio que inicia a segunda versão da saga da Nova Vizinha, com Olivia Leiva como Glória e Rosita Bouchot como Paty (nos episódios posteriores, ausentes no DVD), o texto procurou ser bem fiel à dublagem clássica. Glória ganhou uma voz mais consistente e forte do que a original da Maga, tímida e melosa. Ressalto duas pequenas falhas. A equipe de supervisão do texto, na cena em que Quico interfere no diálogo entre Seu Madruga e Glória, manteve o texto original da dublagem Maga que "atrás da portaria fica o açougueiro". A piada da terceira versão, com Regina Torné, é muito mais engraçada. Pra quem não se lembra, é assim: "Me disse que não tinha ninguém na portaria", "Como não, tem um porco na porcaria!". E segue o questionamento do Quico, incluindo "A leitoa-mãe?..." E a piada do porco ainda serve de gancho para Seu Madruga que, após beliscar Quico, pergunta a ela se não tinha ninguém na "porcaria". Muito mais cômico! (No original, Seu Madruga fala de "porteria", que lembra "portero", goleiro em espanhol. Quico cita alguns jogadores neste momento e um deles é Enrique Borja, o homenageado que, na dublagem, foi substituído por Luís Pereira no célebre episódio do futebol). E o segundo pequeno equívoco foi Tatá demorar um pouco para concluir a frase "o senhor já se fantasiou de esqueleto", logo após Seu Madruga pedir para as crianças falarem que ele morreu. Quando Tatá pronuncia "esqueleto", as risadas já abafam sua voz e acaba por matar um pouco a piada. Poderiam dispensar "o senhor" da frase e teríamos o "já se fantasiou de esqueleto" hilário que tira o pai da Chiquinha do sério. Marcelo Gastaldi, na dublagem clássica, dá um tom de gozação perfeito para esta fala, tornando as risadas inevitáveis. Há um microcorte depois da cena em que Seu Madruga diz que Glória é o tipo de vizinha que sempre quis ter. Em seguida, já aparece Dona Clotilde abraçada a Don Ramón. Mas isso não prejudica nem um pouco o entendimento da história. Foi mantida na dublagem Gábia a fala lenta de Chiquinha de cada palavra que escreve na parede, incluindo "boooo-lo" ao invés de "pastel". Tal troca de palavras já faz parte do folclore do seriado e o curioso é que, na dublagem Maga, Chiquinha (dublada originalmente por Sandra Mara Azevedo) diz "tacar o bolo" como maneira de disfarçar o vocábulo diferente escrito com o giz. E realmente, no texto original, Dona Florinda diz, antes de bater em Seu Madruga: "Ah, é masoquista! E eu sádica". Confesso que não tinha muita certeza se a mamãezinha do Quico pronunciava "sádica", mesmo. O DVD me ajudou a confirmar. Ah, e com a imagem digital do episódio, a risada tosca e fora de hora de Olivia Leiva ao deixar a vila após Chaves e Quico lhe contarem da suposta morte de Seu Madruga fica ainda mais evidente. Afirmo que a atriz não teve um bom desempenho nesta série, ao contrário de Regina Torné, da versão seguinte de 1978, que dá um show de interpretação e carisma. E não sei se ninguém reparou, mas, no momento em que Quico sai de sua casa após Seu Madruga expulsar Chiquinha (que atrapalhava sua conversa com Glória), aparece na parede à direita da porta da casa 14 o nome "Quico" escrito com o giz, provavelmente o mesmo do trio "murio, pase e pastel".
            Já Chegou o Disco Voador - Primeira versão do episódio, sem a Chiquinha. O script é praticamente o mesmo da versão de 1977. Apenas o início é diferente, relembrando "O Violão do Seu Madruga", em que Chaves e Quico fazem uma disputa de bilboquês, com o bochechudo tentando trapacear no jogo dizendo a Chaves que no corredor atrás dele tem um sanduíche de presunto (e tem mesmo), e que queria pegar o resto do sanduíche para dar a um amigo que tem o mesmo nome. Aí quando Quico pergunta o verdadeiro nome do órfão, Seu Madruga interrompe o diálogo e o resto da história já é conhecido por todos nós. No texto da dublagem Gábia, na sigla SEBI (Sujeito Embromador Bem Identificado), ocorre a troca da palavra "embromador" (segunda versão do episódio, dublagem Maga), por "enganador". Lembrando que, na dublagem original da Maga para esta primeira versão do episódio, a sigla é CEBI, com "caloteiro" sendo o primeiro vocábulo da sigla em que Seu Barriga qualifica negativamente Seu Madruga. Um momento brilhante dessa primeira versão que se difere da segunda é a comparação de Chaves a respeito das distintas formas físicas de Seu Madruga e Seu Barriga. Durante uma discussão dos dois, que aparecem de perfil, o órfão utiliza o pauzinho do bilboquê para comparar Seu Madruga e a bola do brinquedo para "homenagear" o dono da vila (como mostra a imagem acima, à direita). Uma pena que o som da Maga não pôde ser utilizado, porque, logo depois desta cena, Seu Barriga estende a mão para cobrar o aluguel de Seu Madruga e o pai da Chiquinha faz uma cara cômica, marcada por olhões arregalados. Na dublagem original da Maga, toca uma musiquinha muito engraçada neste exato momento (aquela que ecoa no episódio do Cofrinho do Seu Madruga, logo após Quico deixar claro para Seu Barriga que os capacetes de futebol americano são usados em cima dos jogadores, e nunca em cima da bola), garantindo as gargalhadas. Sobre as atuações dos dubladores, Tatá, pelo menos neste episódio, não está tão inspirado, sobretudo com o seu insosso "chego-ou, chego-ou", durante a discussão com Quico (que dizia que o disco voador já tinha ido embora) enquanto Seu Madruga entra e sai do banheiro. Aliás, faltou a dublagem casar a discussão com a ação do Seu Madruga, que por uma vez chegou a entrar desesperadamente no banheiro mesmo com nenhuma voz ecoando durante a discussão. E Baroli, por fim, teve um desempenho decepcionante como Seu Barriga. A princípio, sua voz não convenceu no personagem, mas esperamos que ele evolua. Claro, estamos cientes de que Mário Villela é a voz do dono da vila e substituí-lo é praticamente impossível. Mas falta mais presença e mais carisma no timbre de Gilberto Baroli (que em nada lembra Villela) para Seu Barriga. Precisa melhorar nos box's seguintes.

            Troca de Chapéus Achei infeliz a troca do nome do episódio, conhecido popularmente e oficialmente como "O Chiclete Grudou no Chapéu". É um título mais apropriado para "Roupa Suja se Lava em Público", em que ocorre, de fato, uma troca de chapéus entre os personagens. No mais, a dublagem Gábia também manteve-se fiel ao texto original e da Maga. A não ser no seguinte diálogo entre os brigões Girafales e Madruga: "Você parece um frangote", "Mas não para as suas galinhas". Ele é do "libreto" original, mas a versão Maga para o diálogo acho particularmente muito mais engraçada: "Você está muito fraquinho", "Nem tanto quanto pareço". O apelido carinhoso de Seu Madruga continua sendo "Mamá". No mais, as piadas originais do terceiro bloco foram mantidas, como que o chapéu serve de ventilação e para o verão.
            O Sanduíche de Presunto - Pela primeira vez, a Amazonas Filmes nos disponibiliza um episódio da década de 80, quando "Chaves" já se tornara um reles esquete do Programa Chespirito. Os figurinos de Chiquinha e Pópis estão diferentes, os mesmos usados pelos personagens no Clube do Chaves, exibido pelo SBT em 2001  2002,2006 e 2007. O episódio, de curta duração, é praticamente uma versão mais reduzida do  "As Panquecas de Dona Clotilde". Começa com Pópis preparando sanduíches para ela e para Chaves, que pega os ingredientes do lanche da prima do Quico enquanto esta entra na casa de Florinda para pegar mais mantimentos. No fim, Pópis troca os sanduíches e Chaves fica apenas com os pães. Lembrando que, na versão  apresentada pelo SBT, Quico era o autor da artimanha. Martha Volpiani parece estar um pouco enferrujada ao fazer a voz fanha de Pópis (cuja voz original não é muito diferente da Chiquinha, aliás, as distinções das vozes femininas em espanhol nos seriados praticamente inexistem...). Agora, todos os destaques vão para meu amigo Gustavo Berriel, autor de uma voz pura, suave e adorável para Nhonho. Com uma performance impecável, Berriel manteve a simpatia do personagem e ainda deu um show nas improvisações. Quando o filho do Seu Barriga entra pela segunda vez em cena, de cara  larga um "olha o passo do elefantinho". Nhonho não diz isso originalmente e Berriel se lembrou da tirada de Mario Villela no início do episódio do Ratinho do Quico, presente no DVD da Imagem Filmes. A segunda pérola de Berriel foi após o soco que Nhonho leva de Chaves. Em off, o dublador  solta um "ai, minha mandíbula" que o personagem também não fala no texto original. Fantástico! Eis um depoimento de Gustavo Berriel após os elogios que lhe fiz por e-mail: "Eu procurei não ficar tentando imitar o Mario Villela, mas sim dar vida ao personagem, fazendo uma voz próxima tanto da original quanto da voz do Mario. E como aquele foi meu primeiro trabalho, eu estava sendo testado por diretores de dublagem, na hora a minha preocupação era interpretar bem e não imitar. Agora que já ganhei o papel, pretendo fazer uma voz bem mais próxima à do Mario.Porém, recomendei-lhe que ele mantivesse exatamente este timbre para o personagem, pois se tentar melhorar, estraga! Aliás, dou meus parabéns a meu grande parceiro Gustavo Berriel pela belíssima atuação. Ah, este episódio, de 1982, é erradamente datado como se fosse de 1974.
            O Cãozinho da Bruxa do 71 - O episódio foi bastante cortado, totalizando diminutos dez minutos. Dona Florinda, na edição da Televisa, só aparece no começo da história ao entregar a varinha com que Satanás brincava. Nesta antiga versão de "A Varinha Mágica da Bruxa do 71", a varinha se resume num pedaço de galho torto. Seu Madruga faz o papel do Professor Girafales na versão comum do episódio no SBT e Quico a de Nhonho.            Numa consideração final sobre os dubladores neste DVD, Nelson Machado manteve o estilo do primeiro box, menos gritão do que de costume e muito mais contido. Helena Samara continua dando um show. Osmiro Campos está um pouco fora de forma ao fazer o "ta ta ta" do Mestre Lingüiça, mas parece que é o profissional que mais se diverte ao participar novamente da dublagem dos episódios de Chaves e Chapolin, pois a descontração lhe toma por completo. Como disse anteriormente, Carlos Seidl está muito melhor do que no primeiro box e Cecília Lemes pegou o ritmo da Chiquinha, um pouco ausente nos DVD's anteriores. Tatá Guarnieri evoluiu como Chaves, mas ele dá ao personagem um tom muito inocente. Algumas vezes, Marcelo Gastaldi acrescentava uma pitada de ironia em algumas frases. E não é necessário Tatá fazer uma voz tão aguda na hora do "ninguém tem paciência comigo" e "tá bom, mas não se irrite". Soa muito forçado!
            DVD DO CHAPOLIN - É o mesmo "Lo Mejor del Chapúlin Colorado volume 4", lançado originalmente no México e em outros países. Esses são os episódios: "O Poço do Racha Cuca", "A Volta da Corneta Paralisadora", "Chuva de Aerolitos" e "O Racha Cuca". já são conhecidos do grande público, simplesmente  grandes clássicos do seriado. O DVD ainda traz dois extras: "O Gordo e o Magro" e "Confusões no Velho Oeste", esquetes inéditos. Tatá Guarnieri continua muito bem como Chapolin, com uma voz muito marcante e carismática. O herói continua sendo o melhor trabalho do dublador nos DVD's.

            O Poço do Racha Cuca - O texto da dublagem é praticamente o mesmo da versão Maga. Percebi um minúsculo corte logo após a entrada do Chapolin, quando o balde cai na cabeça do personagem de Horácio Gómez Bolaños (a atuação de Marconatto faz o chavesmaníaco não sentir saudades de Silton Cardoso). Na exibição normal pelo SBT, aparece por uns dois segundos Horácio esperando o balde cair. No DVD, ele cai imediatamente. E no momento em que Racha Cuca cai no poço, na versão em português o som desaparece por cinco segundos e retorna quando Chapolin aparece do lado de fora do mesmo. Já no som original, não ocorre nenhum defeito.
            A Volta da Corneta Paralisadora - Versão de 1979 para o clássico episódio, dessa vez Edgar Vivar faz o papel do ricaço apaixonado. Edgar não interpreta o rico atrapalhado com a maestria de Carlos Villagrán na versão anterior, até porque o gordinho costumava fazer, nos seriados CH, personagens mais sérios. É uma versão muito inferior. Gilberto Baroli não se sai muito bem na dublagem de Vivar no episódio, pois tenta fazer uma voz de atrapalhado, até idêntica a do ator no som original, mas forçada demais. Algumas vezes temos que nos esforçar para entender o que Baroli fala. Curiosidades: Florinda Meza deve ter passeado em Ohio, para exibir uma blusa daquelas com brilhantes escrevendo o nome do Estado norte-americano; a manutenção da fala "isso é muito caro", no momento em que Rubén e Vivar quebram os vasos de Ramón, que não diz a frase no script original; e a citação de Antônio Marcos como o homem por quem Florinda é apaixonada. Será que foi uma homenagem ao cantor, que foi parceiro de Marcelo Gastaldi no conjunto "Os Iguais"? No original, ela cita John Travolta.

            Chuva de Aerolitos - Também foi fiel ao texto que conhecemos. Carlos Seidl, no episódio, faz a sua voz normal ao invés da mais estridente com que dublou o personagem de Ramón Valdez na dublagem Maga (o ator também faz uma voz diferente da sua original no som em espanhol). No mais, não há muitas diferenças. A não ser a voz um pouco mais envelhecida de Martha Volpiani para a mocinha vivida por Florinda e o ainda insosso "eu vou, eu vou" de Tatá, algo que ele ainda tem que melhorar um pouco.

            O Racha Cuca - O episódio  foi muito prejudicado pelo som remasterizado pela Televisa. É colocada de maneira ininterrupta uma enjoativa música de faroeste durante os momentos em que Racha Cuca aparece, abafando a trilha original da história e os diálogos, o que acaba por tirar e muito o brilho do episódio. E, infelizmente, muitas falas clássicas da Maga sofreram alterações. Pra começar, trocaram, durante o assalto de Racha Cuca ao banqueiro (Villagrán), a divertidíssima frase "Bons assaltos pro senhor" por "Tenha bons assaltos"; substituíram o "esperem", quando Chapolin atrapalha a bebedeira do banqueiro e do xerife (Vivar), por "escutem", tirando um pouco o sentido da seqüência "espero... que a gente consiga um bom plano" (apesar que o "escutem" é do texto original), e a resposta de Chapolin "as pernas" (após a pergunta de Racha sobre quem o trouxe ao povoado) foi trocada por "as patas". Também é do script original, mas "pernas" é muito mais engraçado e irônico. E faltou Tatá dar a Chapolin a malandragem de Maga, durante as gargalhadas (o som original ecoa no DVD neste instante), que diz, de forma cômica: "as pernas, essa foi boa, né?". E na famosa cena em que Racha Cuca diz, sem mexer a boca, "prepare-se pra viajar e não será uma viagem pra Disneylândia", na verdade foi um erro de edição de imagens do SBT, que nessa parte mostra uma cena congelada de Racha Cuca apontando a arma para Chapolin. O DVD nos apresenta uma imagem inédita, do bandido puxando Vermelhinho pela camisa enquanto diz a frase. Então a culpa não foi de Carlos Seidl, como inicialmente pensava... Bom que a dublagem da hilariante cena em que o banqueiro cai morto após afirmar que Racha Cuca não havia errado o tiro foi feita de maneira brilhante. E, por fim, Carlos Seidl, a dublagem Gábia, esquece de dizer a fala "é assim, é?", antes de bater em Chapolin na cena final do episódio. Ah, Gilberto Baroli teve mais uma atuação infeliz, ao começar o episódio fazendo uma voz semelhante ao do episódio da Corneta Paralisadora e depois a trocando, inexplicavelmente, por sua voz normal. A manutenção da frase "Vamos à Disneylândia com o Polegar Vermelho" era mais do que uma obrigação por parte da equipe do fã-clube e, em função dos cortes esquisitos da edição apresentada pelo SBT, imaginava que este episódio era dividido em duas partes pela emissora e um resumo do mesmo era apresentado. Mas felizmente ele está completo mesmo... E as minhas críticas às mudanças de algumas falas e à algumas pequenas falhas de Tatá Guarnieri durante a dublagem do Chapolin no episódio podem fazer com que me tachem de ranzinza. Mas este é talvez o episódio mais cômico feito por Chespirito e também quem sabe a mais inspirada atuação de Marcelo Gastaldi em toda a sua carreira. Por isso, realizar algo melhor do que a extraordinária dublagem original deste magnífico episódio é algo impossível.
            O Gordo e o Magro - Episódio  do Programa Chespirito. Roberto Gómez Bolaños e Edgar Vivar encaram mais uma vez a famosa dupla, que, no esquete, se atrapalha com baldes de tinta.

            Confusões no Velho Oeste - O melhor momento de todo o box 2. Este episódio, denominado originalmente "Las Coplas", é marcado por uma cômica e inspirada trova entre os personagens de Chespirito e Rubén Aguirre, que brigam para se casar com a mocinha vivida por Florinda. Tanto a dublagem caipira como o som original são impecáveis. Baroli tem a sua melhor atuação nos DVD's dublando o pai de Florinda (Vivar); Chespirito, e sua voz rouquíssima, chega a assustar com o seu poderoso "mesmamente" e Tatá tem um desempenho maravilhoso. E, por fim, temos a divertida trova, muito bem traduzida por Gustavo Berriel, que revelou ter suado para construir novas rimas, pois a letra da música em português ficou muito diferente da em espanhol. Talvez o grande momento do DVD seja a atuação hilariante de Osmiro Campos, cantando com um tom pra lá debochado, em contrapartida a Rubén Aguirre, que entoa a música com uma bela afinação. Ah, e Chespirito, o homem do "pli-pli" (enquanto caminha lentamente) que "lavrou a terra, empunhado a enxada com essas mãos até vê-las sangrar", finge que canta com toda sua rouquidão, ocasionando mais gargalhadas. É um sarro... Berriel também gostou do figurante que se posiciona atrás de Rubén, que faz umas caras engraçadas e, por alguns momentos, mexe a boca como se estivesse cantando a música. Confira a letra da trova abaixo:
(Rubén)
Eu venho do Rancho Grande
Venho lá de muito longe
Venho lá de muito longe
Eu venho do Rancho Grande
Eu tenho uma potranca
Que se vejo ela agarro
E tenho que disputá-la
Com um chato muito baixo
(Chespirito)
Eu venho do Rancho Pequeno
Mas eu tenho uma mula grande
Mas eu tenho uma mula grande
Eu venho do Rancho Pequeno
Estou aqui mais de uma hora
Mas não é mais importante
Ainda bem que limpa minha bota
Alguém que tem língua grande
(Rubén)
Pra que gastar uma bala
Com uma mula mal vestida
Com uma mula mal vestida
Pra que gastar uma bala
Melhor dar uma bofetada
Dar um golpe à sua medida
É só mexer o meu braço
Que a boca fica toda destruída
(Chespirito)
Meu amigo, eu te sustento
Na felicidade e na tristeza
Na felicidade e na tristeza
Meu amigo, eu te sustento
Se quiser eu te mantenho
Não é pra ser ameno
Continuo te alimentando
Como um burro comendo feno
(Rubén)
As terras do meu ranchinho
Pela Flor eu abandono
Pela Flor eu abandono
As terras do meu ranchinho
Mas pra esse "pequetito"
Com certeza isso eu não faço
Cantando com Chespirito
Que nem precisa de tanto espaço
(Chespirito)
Pior é você que é "arto"
Dá trabalho pra garota
Dá trabalho pra garota
Pior é você que é "arto"
E já que a resposta "sarta"
Então eu faço a pergunta
Como é que você se safa
Quando o casal se junta
(Rubén e Chespirito, após Florinda decidir se casar com Horácio Gómez)
De que adianta ser discutir
Por uma mulher qualquer
Por uma mulher qualquer
De que adianta discutir
Sua esperteza acaba por ir
De tantas rimas fartas
E você acaba por sair
Com o rabo entre as patas
            DVD DO CHESPIRITO - É o mesmo "Lo Mejor del Chespirito volume 1". Os episódios são "Pode me dar uma mãozinha (Chaparrón)", "E o Passado te Condena (Chompiras)", "Napoleão e Josefina (épico)", "A Arca de Noé (Chaparrón)", "A Outra Mulher (Chompiras)", "Quem não quer Subir na Vida (Chapatin)", "O Guarda-Chuva vai Cantar (Chompiras)" e dois clássicos do Chaves: "O Último Exame" e "Brincando de Escolinha". É realmente muito estranho assistirmos aos episódios sem as costumeiras risadas. Nos episódios do Chaparron e do Chompiras, os fundos musicais não são muito habituais aos personagens e são diferentes das músicas ambientais originais, sempre utilizadas no Clube do Chaves. Uma curiosidade: na capa do DVD, aparece em primeiro plano Dr. Chapatin. Porém, ele aparece em apenas um episódio no disco... 

            Pode me dar uma Mãozinha - Não tenho certeza, mas acho que esse episódio foi exibido pela CNT em 1997 com o nome de "A Operação". O Valette Negro pode me confirmar. Chaparron acerta uma martelada na mão e Lucas propõe que ele coloque uma nova no lugar da machucada. Então, Lucas tenta serrar a mão do guarda (Moysés Suárez), que concordou em dar "uma mãozinha" para Chaparrón, sem imaginar que o louco está levando o assunto ao pé da letra. Tatá está se saindo bem como Chaparrón, mas está deixando o personagem muito discreto. Sinceramente, prefiro Cassiano Ricardo o dublando. Este dava um tom mais cômico e irônico ao personagem, além de caprichar no "beeeeeeelo" (agora na legenda aparece "fala belo" ao invés de "diga está livre"). Já o "belo" de Tatá é mais apagado. Uma pena também que a dublagem Gábia anda trocando o engraçadíssimo "a propósito dos submarinos atômicos" (do texto original e sempre presente no Clube do Chaves) por "e por falar nisso". Isso tem que ser imediatamente corrigido!

            E o Passado te Condena - Exibido no dia de estréia do Clube do Chaves, no dia 2 de junho de 2001. Aliás, foi o primeiro episódio de Chompiras (na época, Chaveco) apresentado no SBT. Na história, Sargento Refúgio (Rubén) se lembra de uma ocasião em que Chompiras sempre saía de uma loja com um saco na mão e afirma suspeitar de que o ex-bandido roubava algo, mas não podia prendê-lo sem ter provas. No fim, Chompiras confessa que roubava apenas os sacos. Tatá dubla muito bem Chompiras (Cassiano Ricardo também teve boa atuação com o personagem), Baroli se sai muito bem como Botijão e Martha Volpiani se mantém impecável como a impagável Chimoltrúfia (saiu-se novamente bem no desabafo da faxineira sobre ela não ganhar nenhum presente do Papai Noel). Detalhe: a marcante frase do Sargento "mereço um aumento?" virou "mereço uma promoção?".

            Napoleão e Josefina - A pior atuação de Tatá Guarnieri em todos os DVD's até agora. Ele deu a Chespirito uma voz grave demais, que pouco tem a ver com o ator. O episódio, um remake do especial do Cinema em que Napoleão se nega a se entregar às tropas inglesas, foi exibido apenas pela CNT, em 1997.

            A Arca de Noé - Assim como "E o Passado te Condena", também foi apresentado na estréia do Clube no SBT, marcando a estréia de Chaparrón (na época, Pancada) na emissora do Cenoura. A primeira cena do episódio para mim é uma das mais engraçadas já feitas por Chespirito, a que Lucas pergunta se o baixinho não é Chaparrón Bonaparte, ele checa sua carteirinha no espelho e confirma que é ele mesmo. A musiquinha que toca durante a cena infelizmente abafa o diálogo, feito por maestria por Cassiano, no Clube. Repito: Cassiano Ricardo se saiu maravilhosamente bem como Chaparrón e Chompiras. Mas suas atuações péssimas em Chaves e Chapolin lhe deram um pesado fardo. O enredo do episódio: Chaparrón e Lucas pensam que o elevador é a arca de Noé e imaginam que cada pessoa que entra no local é um dos animais que escaparão do dilúvio. Para muitos, é o melhor episódio do Chaparrón (prefiro particularmente "Pequenas Figurinhas, Grandes Negócios).

            A Outra Mulher -  Chimoltrúfia se finge de morta a fim de pegar Botijão no flagra, já que suspeita que o marido esteja lhe traindo após ler um bilhete escrito por ele para Chompiras. Mas o final engasga a faxineirinha: no bilhete, Botijão pedia para Chompiras comprar uma caixinha de música para sua esposa. O som da caixinha até chega a emocionar os chavesmaníacos no fim do episódio. 

            Quem não quer subir na Vida? Exibido no Clube do Chaves: quatro engenheiros vão fazer um exame médico no consultório do Dr. Chapatin. Um deles diz que o mais saudável irá viajar para o espaço. Na intenção de se livrarem da missão, todos fingem estar doentes para escapar. De fato, conseguem. Mas, na realidade, quem se saísse melhor no exame se tornaria o gerente geral da empresa. Destaques para a excelente atuação de Tatá como Chapatin, com uma voz perfeita para o personagem; para os nomes bizarros criados para compor os trocadilhos em espanhol, como os senhores (co)Tonete, Pada(ria) e, por fim, o Eduardo Ronaqueda, cujo apelido é Edu Ronaqueda (é hilário ouvir Tatá tirando sarro do nome); e para essa excelente tirada: "Insinua que eu sou velho?", "Não sei, mas você conheceu o Presidente Médici quando ele ainda era soldado raso".

            O Guarda-Chuva vai Cantar - Apresentado na CNT e no SBT: Chimoltrúfia imagina que terá a grande chance de se tornar uma cantora ao saber que o empresário musical Serápio Olhão irá se hospedar no Hotel Boa Vista. Chompiras informa que ele carregará um guarda-chuva. A faxineira trata mal um senhor que chega com sua esposa ao hotel por não ter o objeto, mas recebe com toda a pompa o segundo que aparece, por segurar um guarda-chuva. Ela mostra todos os seus dotes melódicos (Martha Volpiani, pra variar, nota mil na dublagem), mas no fim descobre que o primeiro senhor é Serápio Olhão e que o segundo havia apenas consertado seu guarda-chuva.
            O Último Exame - É a segunda parte do episódio da Recuperação, com Seu Madruga e Dona Florinda na classe. Mas aparece bastante mutilado, com apenas dez minutos de duração. Começa com a chegada de Dona Florinda e Quico à classe e segue com muitas piadas presentes na versão mais recente do episódio. Mas sem dúvida o assunto que mais chama a atenção é o resgate da fictícia "Lavadora Volkswagen". Dessa vez, Quico, na lousa, fala sobre roupa limpa (e, depois, Chaves desenha o porquinho).  Valette Negro teria irritado o dublador Nelson Machado ao insistir na manutenção da piada original da dublagem Maga. Nelson queria que estivesse no texto traduzido a versão oficial do "libreto", um tal de método "Wash e Way". É isso que Quico  fala na verdade. E a correção que o Professor Girafales faz é que o segundo "W" é de "way", e não o "wear" dito por Quico. Na dublagem, tanto Quico quanto Pópis falam "dablo" ao invés de "dablio". Quico chega a perguntar, no DVD, se é "dablion" que se diz. Excelente saída. Nelson Machado, que teria saído irritado dos estúdios Gábia com a manutenção da idéia de Valette, deveria estar feliz, pois deu a Quico uma interpretação engraçadíssima ao falar "Lavadora Volkswagen" no episódio. Às vezes, me dá crises de riso só de lembrar. Sem dúvida, muito mais engraçado do que Wash e Way, coisa que eu, pelo menos, nunca ouvi falar (o consolo de Nelson é que os tais de Wash e Way aparecem na legenda). Ah, e Osmiro Campos, ao pedir que Quico vá para a lousa ao invés de chorar, ordena com um desespero tão cômico que o fã chega a tomar um susto. Tô falando: como o Osmiro está descontraído...
            Brincando de Escolinha - Chiquinha brinca de escolinha na frente de sua casa. Quando ela sai, Chaves aproveita para desenhar com o giz na janela e acaba sujando a cara de Seu Madruga. Depois, Chiquinha faz um círculo no paletó do Seu Barriga. Depois, as crianças aprontam todas ao tentar lavar a janela do Seu Madruga, sobrando novamente para a roupa do dono da vila. No fim, Chiquinha encontra a solução para que ninguém mais a suje: escreve com o giz algo como "proibido escrever nessa janela", para desespero de Seu Madruga.

            Agradeço ao meu amigo Fabão, colunista da CHBR, pela autorização do uso de suas fotos. Agora é esperar pelo terceiro box, que já está com a dublagem concluída e que deverá estar nas lojas entre junho e julho. Galera, vão economizando o dinheiro de seus porquinhos, pois mais novidades vêm aí! É só aguardar! E mais orgulhoso fico por começar a fazer parte deste importante projeto, algo gratificante e que me deixa com mais orgulho ainda de ser um chavesmaníaco.

fofalhas da gentoca:

Essa é para o povo do rio grande do sul: a emissora comunitária rct  passa a exibir Chaves . O seriado é apresentado no espaço "Programas do Baú", onde divide espaço com outros clássicos como "Os Três Patetas", "A Feiticeira", "Profissão Perigo", entre outros.  À esquerda, uma imagem do comercial veiculado na Ulbra TV, que a princípio utilizou cenas do DVD da Imagem Filmes, como o episódio "Barquinhos de Papel". Estou curioso para ver os episódios que serão exibidos, se serão legendados ou dublados,  mal posso esperar!

Incrível: Roberto Vásquez, o homem de Portão-RS que se passa por Quico, terá um programa na TV Urbana, afiliada gaúcha da Rede TV!. O nome da atração será "Kiki" e, segundo fontes, terá mulheres fantasiadas de Chiquinha. Berriel, ao alertar o circo para o qual Vásquez atua que ele é um farsante, sofreu uma ameaça de processo. E aposto que muitos que, por acaso, assistirem ao programa vão pensar que se trata do Quico verdadeiro. Não caiam nessa, galera! "Kiki"  tem estréia prevista para maio. Outra coisa que desperta curiosidade...

O site de Mário Lúcio de Freitas, um dos parceiros do imortal dublador de Chespirito Marcelo Gastaldi, divulga inúmeras fotos da banda "Os Iguais", da qual a dupla fazia parte. Essa à esquerda é uma delas. Ao centro, está o ainda menino Mario Lúcio e, à direita, de gravata azul, o nosso grande Gastaldi. A foto foi tirada em 1964 durante a Associação dos Radialistas das Organizações Vitor Costa (ex-TV Paulista, hoje TV Globo).

E, para encerrar, abaixo estão algumas fotos do seriado do Kiko Destaque para a aparição do imortal Ramón Valdez.
Mestre Maciel

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