sexta-feira, 4 de março de 2016

APENAS A TURNER PODE SALVAR OS FÃS DE CHAVES E CHAPOLIN

APENAS A TURNER PODE SALVAR OS FÃS DE CHAVES E CHAPOLIN Com SBT fazendo pouco caso das séries, empresa americana pode ser o refúgio dos fãs.
Os fãs de Chaves e Chapolin que apenas assistem as séries no SBT desde criança, talvez possa pensar que o canal de Sílvio Santos tenha exibido tudo o que foi produzido pelo saudoso Roberto Bolaños, não é? Leigo engano. Se por acaso você descobrisse que o canal que exibe sua série favorita, esconde episódios, aberturas e créditos, realiza cortes descabidos e nunca chegou a exibir um episódio completo, como você se sentiria? Pois é, saiba que esse sentimento acompanha os fãs das séries CH ( fãs de Chaves e Chapolin) há mais de 15 anos, época em que a internet começou a se popularizar em nosso país e começaram a surgir os primeiros fóruns de discussão sobre os programas citados.

Os fãs de Chaves e Chapolin que apenas assistem as séries no SBT desde criança, talvez possa pensar que o canal de Sílvio Santos tenha exibido tudo o que foi produzido pelo saudoso Roberto Bolaños, não é? Leigo engano. Se por acaso você descobrisse que o canal que exibe sua série favorita, esconde episódios, aberturas e créditos, realiza cortes descabidos e nunca chegou a exibir um episódio completo, como você se sentiria? Pois é, saiba que esse sentimento acompanha os fãs das séries CH (leia-se fãs de Chaves e Chapolin) há mais de 15 anos, época em que a internet começou a se popularizar em nosso país e começaram a surgir os primeiros fóruns de discussão sobre os programas citados.
Ao todo, foram mais de 270 episódios de Chaves produzidos pela Televisa na década de 70, dos quais apenas cerca de 150 são exibidos "regularmente" pelo SBT. E o pior disso tudo é que esses episódios que nunca dão as caras, não foram perdidos em uma enchente, incêndio ou qualquer outro desastre que a emissora teima em atribuir a culpa. Grande parte desses episódios estão perdidos nos arquivos da emissora, que por sinal não demonstra nenhum interesse em exibi-los. Oras, será tão difícil reunir esses programas, catalogá-los e entregar de presente aos fãs, que diga-se de passagem, entregam um caminhão de audiência há mais de 30 anos ao SBT. A arte produzida por Roberto Bolaños, que encantou gerações e mais gerações precisa ser respeitada, e a melhor forma de demonstrar respeito é colocando no ar de uma vez por todas os aclamados episódios mundialmente perdidos, que de "mundialmente perdidos" não têm nada, já que o SBT possui todas essas raridades em acervo.
Mas já que a emissora da Anhanguera está mais concentrada na "era do HD", os fãs das séries CH podem sim ter um refúgio, que se chama Turner Broadcasting System. Essa empresa, que possui capital norte-americano, é dona dos canais Cartoon Network, Boomerang, TBS, Esporte Interativo, entre outros. Já há alguns anos, parte dos canais citados exibem as séries Chaves e Chapolin (atualmente, apenas o TBS exibe), e isso todo fã sabe. O que por muitas vezes fica oculto é que o contrato entre Turner e Televisa vai além da obra de Chespirito. Isso por que, na década passada, o canal Boomerang chegou a exibir a novela "Rebelde", o que demonstra que o tal contrato engloba uma infinidade de títulos da Televisa.
Não adianta mais pressionar o SBT. Tudo o que tinha que ser feito em relação à emissora, já foi feito. Mutirões, protestos, pedidos que de nada adiantaram. Talvez seja a hora de mudar de foco, até por que na TV paga existe muito mais espaço para a exibição de raridades do que na TV aberta, na qual cada segundo na programação é extremamente valioso. É bastante provável que se a pressão que os fãs utilizaram com o SBT, no passado, se voltasse para Turner no presente, o "meio CH" poderá colher frutos positivos, mesmo com mais de 30 anos da chegadas das séries ao Brasil.
Se a Turner se importasse... Fazem uma bagunça com as exibições desde sempre, não passam episódios com clipes em espanhol e outros sem explicação. Poderiam pressionar o SBT e Televisa pra liberar os outros episódios e nada. Já tiraram do Boomerang, já tiraram o Chapolin do TBS e, não duvido, vão tirar o Chaves nos próximos meses também.
A Turner não me parece salvação. Muito pelo contrário.
Tem algumas coisinhas aí que eu gostaria de refutar:
1# Não há "Episódios Perdidos" literalmente (Pode até haver, mas aí é outro caso), essa é apenas uma denominação que nós damos pra episódios que não são exibidos por algum motivo, que seja besta, ou grave
2# O SBT tomou vergonha na cara e desde 2011 começou a voltar com os episódios não exibidos, os famosos episódios perdidos. Ao todo, o SBT tem atualmente 240 episódios no seu catálogo de exibição, sendo que esses "150" já são parte do passado (será?).
Poucos episódios ainda não voltaram ao ar e a maioria nem no catálogo de distribuição da Televisa está (Sim, os famosos perdidos mundiais), tornando impossível verem a luz algum dia nos canais da Turner. Então a única saída pros "Episódios mundialmente perdidos" é o SBT.
3#E sobre a Turner ser a salvação de CH: Acho que não.
As exibições na Turner são piores que a do SBT. E não é apenas no quesito "Reprises" e sim no quesito qualidade. Os episódios tem inumeros cortes por censura, cortes de clipes e trechos não dublados, e cortes já fixos da distribuidora, que não ocorrem nas exibições do SBT (ou não ocorriam). Sem falar da qualidade de áudio horrível que desanima qualquer um...
É por esse e outros motivos, que não tem saída mais pra nós, fãs...
A questão é que tem alguns episódios perdidos (por exemplo : Toureiros - Versão 1 e Madruguinha - versão 2, também conhecidos como Como Pegar Um Touro a Unha e Quem Não Tem Cão Caça com Rato) que só o SBT tem.
Ou seja, somos reféns do SBT !
SBT vem sendo a melhor e única opção para se assistir as séries completas.
A Tuner nem saga direito exibe... Na verdade, a única emissora de TV paga que exibiu CH decentemente foi a TLN, porque o resto, vou te contar viu...
Se a Televisa fosse esperta, soltava tudo no Netflix. Que ainda sim, não é completo.
Vão ver "O ladrão do museu de cera" na Turner e me digam se aquilo é completo.
O SBT é o único canal no universo que tem um acervo "diferente" referente a série clássica (CH e CH) 
Agora que estão exibindo episódios "sem cortes" e no lote velho (ás 19:20) não quero que saia não, eu ainda pretendo fazer minha coleção definitiva de episódios, e essas edições são fundamentais.
Quando tiver tudo (Incluindo os inéditos/semelhantes de Chapolin) ai sim podem até queimar as fitas.
Turner é um lixo pior que o SBT p exibir as séries, obrigado.
 querendo ou não é no SBT que tá tudo lá, se a Turner fosse a solução exibiria as séries decentemente e exibiam todos os episódios com cenas completas e pediria a Televisa mais episódios para completar o seu acervo.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Após mudar programação, SBT voltará a exibir "Chaves" diariamente

Pouco mais de um mês após sair da grade noturna, o seriado "Chaves" volta à grade diária do SBT a partir da próxima segunda-feira (7), agora às 13h45

A mudança vale para São Paulo e afiliadas que seguem a programação nacional do SBT. A série será exibida nesse horário de segunda a sexta-feira, por uma hora.

As transmissões do fim de semana seguem as mesmas: 6h e 18h30 aos sábados e 9h aos domingos.

"Chaves" estava fora da grade desde 25 de janeiro, quando o SBT esticou as novelas mexicanas. Apesar disso, seguiu sendo exibido como tapa-buraco na TV paga e em algumas regiões.

Um mês após tirar "Chaves" da programação diária, o SBT recuou e voltará a exibir o humorístico mexicano todos os dias. Eterno curinga da emissora, a série irá ao ar a partir desta segunda-feira (7), as 13h45, e ficará uma hora no ar, segundo a grade que será divulgada nesta sexta.

A mudança vale para São Paulo e outros estados que seguem a programação nacional do SBT. Em algumas afiliadas e nas parabólicas, a série é exibida diariamente.

"Chaves" será exibido de segunda a sexta na faixa anteriormente ocupada por "Maria do Bairro", em sua sétima exibição na emissora. A novela terminou em fevereiro e foi substituída pelo "Bom Dia & Cia.", atração anterior que foi espichada.

Com a volta de "Chaves", "Bom Dia & Cia." terminará mais cedo. A série mexicana enfrentará dois programas que brigam pela liderança da audiência em São Paulo: "Vídeo Show" (Globo) e "Balanço Geral" (Record).

Aos sábados, o humorístico continuará em dois horários, às 6h e 18h30. Aos domingos, permanecerá às 9h.

A série mexicana estava fora da programação diária do SBT desde 25 de janeiro, quando o SBT trocou a série por novelas mexicanas. A audiência da emissora subiu com a mudança.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

AS ESQUETES DE CHAVES E CHAPOLIN

Muitos já devem ter se perguntado qual o motivo da exibição de esquetes de outros personagens no horário do Chaves ou até mesmo do Chapolin. Com a volta dos semelhantes, o SBT resolveu exibir tudo de seu acervo, incluindo as esquetes. Mas como estas esquetes não tiveram exibições de 1992 a 2012 pelo SBT, certos fãs sentiram estranheza.
Nos primeiros anos da série independente "Chaves" (1973-1975), não era nada raro acompanhar as aventuras dos ladrões mais atrapalhados do mundo antes dos episódios. Na abertura, os esquetes são anunciados como um "aperitivo", sendo os episódios o "prato principal". No Brasil, o estúdio de dublagem MAGA tratava os esquetes apenas como quadros de episódios e por isso os nomes dos ladrões alternavam tanto. Neste post, utilizaremos por padrão Peterete (Ramón Valdés) e Beterraba (Chespirito).
Em Chapolin a relação de esquetes é maior ainda, visto que as esquetes perduraram durante todos os anos de exibição do programa, só que predominando o Dr. Chapatin.
Um programa de Chaves ou de Chapolin é composto por esquete + episódio quando há esquete. Um caso é o da foto abaixo, no qual o esquete "As férias dos folgados" precede o episódio "A casinha do Chaves". Este é o episódio 50 na distribuição atual da série: "As férias dos folgados / A casinha do Chaves".
Mas se é do mesmo episódio, por que passam separado? Bom, quem separa é o SBT. Pelo fato de os esquetes terem duração menor que episódios comuns, são utilizados em massa para preencher horários curtos de exibição da série sem ter que picotar episódios (embora isto não venha ocorrendo na exibição das 14h15, mas isso é outro assunto).
Os únicos episódios que tiveram as esquetes separadas foram os semelhantes. Veja que o episódio da escolinha da Chiquinha, comum desde 2011, SEMPRE passa com as duas esquetes iniciais: "As apostas / Ladrões espertos", porque fazem parte do mesmo programa. Para os fãs mais antigos, lembrem-se que o esquete "O soldado atrapalhado" sempre passava antes do episódio "Depois de jogarem o Chapolin, tapem o poço", ou que o esquete do bar do Chespirito sempre passava antes do episódio "O verniz invisibilizador". No TBS ou Netflix, o esquete "Quem será o novo chefe?" sempre precede o episódio "O leiteiro", e por aí vai.
No SBT, as esquetes dos outros personagens foram escanteadas para o horário das 6h da manhã de Sábado, para encher tempo, como já citado.
Através deste post, viemos sanar algumas dúvidas para os fãs sobre a exibição de tais esquetes, já que o SBT, por muito tempo, plantou o hábito no público de assistir apenas aos episódios de "Chaves", visto que as esquetes ficaram 20 anos sem exibição. É importante, acima de tudo, apreciar todo o legado que Chespirito nos deixou e para isso, o mais importante é que vejamos a sua obra por inteiro - e não faltando um pedaço. Ele se foi, mas seu trabalho permanece. Por isso, apreciem sempre todos os seus personagens, sejam a dupla Peterete e Beterraba, seja o Dr. Chapatin, o Chaves ou o Chapolin.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Chaves e seu extraordinário mundo[1995]

Roberto Gómez Bolanõs é talvez, fisicamente, o menos parecido na realidade aos personagens do elenco. Ainda que amável, é bastante sério, pouco escandaloso e de menino humilde, com exceção de seu aspecto acanhado e sua estatura pequena, externamente não coincide com as imagens que o país conhece. Em vez disso, coincide por dentro: Chespirito confessa não resistir a tentação de chutar uma bola que cruza o seu caminho, sobe em qualquer escada que encontra... Uma verdadeira criança mora dentro dele.

“É que tenho algo certo comigo, que é sugerido na Bíblia: Os do meu reino serão aqueles que tenham espírito de criança”, diz ele. E, todavia, defende a maturidade, julga que deve ser uma tragédia eliminar todo vestígio de infância. Recorda que não foi um menino tão pobre quanto o Chaves, mas também nunca teve riqueza. “Eu brincava com soldadinhos de chumbo, tive carrinhos e trens, mas nunca tive bicicletas nem brinquedos caros.”

Fez até o segundo ano de engenharia e abandonou a carreira para dedicar-se, faz mais de vinte anos, a escrever. Diz que seu estilo não influencia nenhum escritor, mesmo aquele que se define como um bom leitor. “Leio sobre pratos, Theilhard de Chardin, tiras cômicas, enfim, não estou limitado apenas a uma coisa.”

Devem passar  anos desde que optou pelo mundo da televisão para que Chespirito conhecesse, no começo da década de setenta, uma autêntica fama.

O outro passatempo de “Chaves” é a filatelia. Este hobby fez com que ganhasse de Luis Rodriguez Lamus – diretor executivo de “Solidariedade” – uma coleção completa de selos emitidos na Colômbia desde 1959. Chespirito e seu elenco irão embora de Colômbia com tantos souvenirs como o Rei da Espanha. Entre suas malas levarão, também, simbólicas chaves de Bogotá.

Na verdade é um homem de intensos trabalhos. Ele transmite um pouco de suas características para alguns de seus personagens, isso explica a personalidade que cada um tem, a naturalidade que cativa crianças de quase vinte países.
Desde sua estreia no Brasil, em 1984, Chaves e Chapolin já amealhavam muitos fãs por todo o país, bem como obtinham um desempenho satisfatório na audiência – tanto é que por um bom tempo, ocuparam o horário nobre do SBT, enfrentando o Jornal Nacional. Vários anos se passaram e os seriados permaneciam firmes na grade da emissora paulista, sendo sucesso de público, fato que logo culminou para o lançamento de produtos licenciados, como o videogame Chapolin x Drácula, os gibis Chaves e Chapolim, da Editora Globo ou o óculos do Chaves.

A mídia, entretanto, não enxergava as séries CH com bons olhos. Analisando algumas matérias publicadas em veículos de comunicação durante a década de 1990, é notável o tom muitas vezes depreciativo a Chaves e Chapolin. O jornalista Ingo Ostrovsky, em matéria publicada no Jornal do Brasil no ano de 1989, questionava os motivos que faziam CH ser um êxito entre as crianças:

Por que as crianças gostam tanto do Chaves e o do seu companheiro Chapolin? A série é mexicana, escrita, dirigida e estrelada por Chaves e outros membros da família, como revelou outro dia o Gugu Liberato. A dublagem é péssima, a tradução bastante ruim, os cenários são ridículos (...), parece um programa da década de 50, fica uma belezinha em preto e branco. E as crianças adoram.

Ostrovsky qualificou as séries como “a droga que faz a cabeça”. Quatro anos depois, Arthur Reis, também do JB, criticava o fato de que a primeira atração televisiva a ser vista em uma pequena cidade do Piauí tivesse sido justamente o Chaves. Disse: “Como exemplo de ingresso da pequena cidade na modernidade, não poderia ter sido mais patético [a exibição de Chaves]”.

Durante praticamente toda a década de 1990, o tom das matérias sobre Chaves e Chapolin sempre puxava para um lado depreciativo, procurando ressaltar a técnica modesta dos seriados. Apesar de ser um grande sucesso, acentuava-se a “surpresa” por uma produção tão simples permanecer por tanto tempo no ar. Enquanto isso, outras séries, desta vez americanas, não logravam tanto êxito nas telas, ao ponto de ganhar lugar cativo na programação dos canais onde eram exibidas. Chaves era visto ainda com incredulidade por boa parte da mídia. Contribuía para isso que os fãs praticamente não tinham voz alguma para se expressar quanto a seus seriados favoritos. Mas isso durou pouco tempo mais.

A partir do ano 2000, a internet ganhava cada vez mais os lares brasileiros. E dentro da rede, começaram a pipocar dezenas de sites e fóruns onde as pessoas compartilhavam seus gostos, debatiam os assuntos que lhes interessavam. E surgiu então o que chamamos hoje de “meio CH”, que compreende os sites e fóruns especializados nas obras de Roberto Gómez Bolaños. Nestes espaços, fãs de todo o país trocavam ideias, conheciam mais sobre os seriados, compartilhavam opiniões, debatiam sobre os episódios. Os próprios fãs descobriam que existiam muito mais chavesmaníacos do que podiam imaginar. E que juntos, seriam uma voz para ser ouvida pela mídia e, especialmente, pelo SBT.

Entre os anos de 2000 e 2003, a visão da mídia sobre as séries começou a mudar, vez que aos poucos descobriam que existiam muitos fãs de CH no Brasil. E estes fãs começavam a ser organizar em movimentos para protestar contra as saídas abruptas de Chaves e Chapolin da programação da emissora de Sílvio Santos, bem como exigir a volta de episódios que permaneciam sumidos há anos da telinha, os chamados “episódios perdidos”. Surgiram movimentos como o “Volta Chapolin”, que no ano de 2003, logrou muito êxito, lotando a caixa de e-mails do SBT, que acabou voltando com o Polegar à grade diária. Na mídia, as matérias positivas passaram a ter mais frequência. Ao invés de um seriado kitsch, Chaves virou cult, um objeto de admiração de milhões. Quem mais colaborou para a consolidação desses aspectos positivos foi a jornalista e apresentadora Sônia Abrão, então no SBT. Com seu Falando Francamente, Sônia explorou quase que à exaustão as séries, exibindo entrevistas, trechos de episódios perdidos e até inéditos, e chegou a trazer o ator Edgar Vivar (Seu Barriga) ao Brasil, para participar de seu programa.

Ao longo da década de 2000, as comunidades de fãs foram se consolidando, bem como o Fã-Clube Chespirito-Brasil (fundado em 2002), que realizou diversos eventos no Rio de Janeiro, levando os chavesmaníacos ao encontro dos dubladores das séries. No ano de 2005, ocorre o primeiro Festival da Boa Vizinhança, em São Paulo, que reuniu cinco mil fanáticos, atraídos pelo encontro com dubladores da série e o lançamento de uma série de boxes de DVDs de Chaves, Chapolin e Chespirito, com uma nova dublagem. Naquele mesmo ano, Chaves foi objeto de um verdadeiro leilão envolvendo a Televisa e as principais emissoras do país. O SBT não queria pagar mais do que pagava pelos direitos de exibição, o que atraiu o interesse das concorrentes. Até mesmo a Globo tentou comprar os direitos de Chaves e Chapolin, mas não levou. Com inúmeros movimentos de fãs, mais a pressão pelo risco de perder uma de suas joias, o SBT renovou com a Televisa e garantiu mais alguns anos de CH. E a mídia reconhecia a força quase inexplicável destes seriados.

Nos últimos anos, observou-se uma abordagem praticamente unanimemente respeitosa a Chaves e Chapolin. São raríssimos os exemplos de matérias que abordam as séries de forma depreciativa. Não só a mídia reconheceu, ainda que tardiamente, a importância de CH, mas também porque os fãs passaram a ter muito mais vez e voz, fato aprofundado pelo surgimento de redes sociais como Twitter e Facebook. Hoje, vivemos um novo “boom” de CH no Brasil.

Isto começou com o 2º Festival da Boa Vizinhança, em abril de 2010, quando o Fã-Clube trouxe Carlos Villagrán (Quico) e Edgar Vivar (Seu Barriga) a São Paulo, onde se apresentaram aos fãs de todas as partes do país. As séries passaram a ser exibidas também no Cartoon Network, voltaram ao ar os episódios perdidos, novos produtos foram lançados, diversas vezes Chaves foi assunto na mídia, Edgar Vivar esteve no Brasil com seu show, ocorreu o evento América Celebra a Chespirito. CH teve um espaço enorme nos meios de comunicação durante os últimos dois anos. Pelas redes, descobriu-se que os fãs são milhões espalhados por todo o Brasil. A mídia e a publicidade redescobriram as séries. E os fanáticos, através de seus canais representativos, passaram a também gerar os fatos, a invadir os meios com suas ações. Como o FBV2, realizado pelo Fã-Clube, ou então os desmentidos de algumas notícias, como as supostas mortes de Chespirito, um suposto AVC de Bolaños ou a aposentadoria de Maria Antonieta de las Nieves (Chiquinha), todos estes boatos esclarecidos antes pelos próprios chavesmaníacos do que pela mídia convencional.

Depois de quase 30 anos, hoje os fãs brasileiros de Chaves e Chapolin não dependem mais totalmente da mídia. Somos capazes de criar os fatos, de nos comunicarmos com os que compartilham de nossa paixão. E felizmente, temos muito mais acesso e respeito da mídia do que antes. CH, de um produto questionável, tornou-se uma total afirmação. Um reconhecimento, ainda que tardio, mas que felizmente chegou para ficar.

A ESTRÉIA DE CHESPIRITO EM 1997

CNT lança concorrente de 'Chaves'

O SBT não está mais sozinho no mercado de telenovelas mexicanas no Brasil. Depois de fechar contrato de exclusividade com a Televisa (ex-parceira do SBT), a CNT/Gazeta prepara o lançamento de um humorístico na linha do programa "Chaves".

"Chespirito", atualmente em fase de dublagem, conta com o mesmo elenco de "Chaves", série que rende à emissora de Silvio Santos uma média de 10 pontos de audiência na faixa das 13h (cada ponto equivale a 80 mil telespectadores na Grande São Paulo).

Em menos de um mês, a CNT pretende colocar no ar o humorístico estrelado por Roberto Gomes Bolaños no período noturno. "Como o SBT sempre obteve boa audiência importando produtos mexicanos, nós resolvemos investir", afirma Flávio Martinez, 45, vice-presidente de operações da CNT.

Martinez está satisfeito com a média de 2 pontos que o recém-estreado bloco mexicano de cinco novelas tem alcançado na emissora entre 17h e 23h ("Alcançar uma Estrela", "Prisioneira do Amor", "Simplesmente Maria", "Coração Selvagem" e "Império de Cristal").

"O processo é lento, já que não tínhamos tradição nesse setor. Mas, quando o público tomar consciência de todas as nossas opções, a audiência deve aumentar", afirma o vice-presidente

Uma das possibilidade de contra-ataque do SBT seria a co-produção com a Telefe, a principal rede de TV da Argentina. Silvio Santos viajou no mês passado a Buenos Aires, onde teria feito contatos com a emissora local.

Procurado por três dias, Luciano Callegari, superintendente artístico e operacional do SBT, não atendeu a reportagem.

Segundo departamento de divulgação da emissora, Silvio Santos teria comprado os direitos de "Pérola Negra", um texto argentino. A proposta seria produzir novelas mais baratas -com elenco reduzido e 90 capítulos, no máximo.

Depois de exibir "Marimar", que atingiu a média mensal de 15 pontos e, em algumas ocasiões, se aproximou da audiência do "Jornal Nacional", o SBT leva ao ar atualmente "Maria do Bairro", mais uma novela estrelada por Thalia.

Já a Record pretende disputar os fãs de produtos mexicanos com tramas locais. "Estamos dando o tom típico de dramalhões latinos ao nosso pacote de minisséries. Nossas produções são acessíveis e têm enredo centralizado", conta Eduardo Lafon, 48, diretor de programação e operações da Record.

Segundo ele, o dramalhão é a única arma para superar a plástica do padrão global de novelas. "As classes média e baixa gostam de acompanhar histórias sofridas de fácil entendimento."
"Chespirito" é a nova série mexicana que começa hoje, às 19h. O programa será diário e foi produzido pela Televisa. Tem como astro o comediante Roberto Gomez Bolaños, o protagonista de "Chaves" e "Chapolim", que interpreta três papéis.

"Chespirito" (que de segunda a sábado será exibido às 20h30) conta as trapalhadas do médico Chapatin, sua eficiente enfermeira e uma dupla maluca.

Bolanõs interpreta o alfaiate Chaparrón Bonaparte, que, junto com o costureiro Lucas Tañeda (Ruben Aguirre), forma a dupla de birutas Los Chifladitos.

O ator também vive o atrapalhado Chapatin e o próprio Chaves, que participa do programa caracterizado da mesma maneira. A direção, roteiro e produção são do próprio Bolãnos. O elenco é o mesmo de "Chaves".


O legítimo comandante Chaves
Sem querer querendo, o humorístico criado pelo mexicano Roberto Bolaños virou o santo milagreiro do SBT



Há anos ele vive  ninguém consegue derrubá-lo do seu posto. Não, não se trata do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mas do seu xará, o Chaves do seriado infantil mexicano homônimo, cujos  episódios produzidos ainda na década de 70 o SBT reprisa assiduamente desde 1984 – sempre com ótimas médias de audiência, que hoje andam em torno dos 10 pontos. Frise-se: há  anos, não importa se no verão ou no inverno, de dia ou de noite, Chaves obtém esse tipo de resultado. Enfatize-se de novo: sempre com os mesmos episódios. Graças a essa popularidade, o seriado virou o santo milagreiro do SBT. Toda vez que há mudanças na grade de programação – uma rotina na emissora de Silvio Santos –, o personagem pobre e órfão, que mora num barril, é convocado para remendar lacunas e alavancar ibopes claudicantes. Em 2000, quando a global Ana Maria Braga disputava com Chaves a audiência do início da tarde, seu programa tomava surras diárias. No páreo com Malhação, no ano anterior, o mexicano fizera ainda mais estrago: ao livrar vários pontos de vantagem sobre o concorrente, deflagrou uma crise na direção da atração da Globo.

Não é apenas pela audiência que Chaves alarma os seus rivais de emissora. Há que considerar, primeiro, que seu criador e intérprete, o mexicano Roberto Gómez Bolaños, não é funcionário do SBT – portanto não circula pelos corredores reclamando de mudanças no horário, pedindo aumentos de cachê nem provocando dores de cabeça em geral. Chaves também custa relativamente pouco a Silvio Santos: 3,5 milhões de reais ao ano, contra os 18 milhões anuais que ele despende apenas com o salário de Ratinho, sem contar os custos com produção. Chaves é, enfim, o sonho de todo executivo de televisão. Por isso a mexicana Televisa, que produziu e atualmente vende o seriado a mais de oitenta países, aumentou seu preço de 500.000 dólares anuais para o triplo desse valor: todas as emissoras, inclusive a Globo, estavam interessadas na atração.

O mérito por esse sucesso está nos textos de Bolaños. Seu humor tem muito pastelão, mas não abusa da vulgaridade e evita qualquer ligação com modas ou tópicos do noticiário – ou seja, parece sempre fresquinho. "Chaves é uma criança de rua, como as muitas que brincam com o que têm à mão", disse Bolanõs a VEJA EM 2001. Chaves tem, ainda, um ótimo bordão ("foi sem querer querendo") e bons companheiros de aventura, como Kiko e Chiquinha (ambos também adultos vestidos como crianças), Seu Barriga, a Bruxa do 71 e Seu Madruga, que vive de bicos e trambiques. "São personagens típicos dos países subdesenvolvidos. Esse é um dos motivos da popularidade da série", diz o jornalista Luís Joly, co-autor de um livro sobre o personagem. Ao contrário do que se poderia imaginar, o apelo de Chaves é maior ainda entre os adultos que entre as crianças: segundo o instituto Ibope, 58% dos seus espectadores no Brasil têm mais de 18 anos. "Seu humor conquistou várias gerações e se tornou cult. Eu diria até que se deveria mudar a estratégia de venda de Chaves e não dirigi-la apenas à criançada", diz o publicitário e sócio-diretor da F/Nazca Ivan Marques. Para quem não consegue viver sem o programa, já está nas locadoras um DVD com cinco episódios, o primeiro de uma coleção.

Ex-boxeador, Bolaños inicialmente fez fama sob o apelido de Chespirito (ou "Pequeno Shakespeare", na contração "muy mexicana"), por causa do talento e do escasso 1,60 metro. Além de Chaves, criou outras séries, como a estrelada pelo estrambótico super-herói Chapolin (aquele do bordão "não contavam com a minha astúcia") e Chómpiras & Peterete, sobre uma dupla de ladrões regenerados.