domingo, 10 de janeiro de 2016

O GATO, O QUICO, O SBT OU NÓS... AFINAL, QUEM É O MAIS IDIOTA? 

 Pelo menos uma vez na vida, todos nós ouvimos ou dissemos a famosa frase: "Episódios perdidos existem, porque o SBT é um poço de desorganização." Porém, será mesmo o SBT um eterno desorganizado, ou um dos melhores marqueteiros do Brasil? Esta pergunta leva a outra  ainda mais interessante: por que será que, mesmo após mais de 30 anos de Chaves e Chapolin no ar e, de havermos recebido  lotes  atrás de lotes de episódios, as séries JAMAIS deixaram de mostrar que tinham fôlego suficiente para trazer novidades? Será que algum dia, você que é fã parou para pensar nisso?! Parece que às vezes nem sentimos o tempo passar, mas se analisarmos tudo o que aconteceu com CH & CH no Brasil desde 1984 até os dias de hoje, chegaremos à conclusão de que NUNCA se deixou de ter um episódio inédito estreando após anos e anos dublado, ou um episódio que foi exibido algum dia ou por algum período e depois sumiu, misteriosamente voltar a ser exibido

1983 - ERA UMA VEZ...
No distante ano de 1983, o SBT recebe (ainda de uma forma não muito bem explicada), episódios mal divididos de ambas as séries. Aquele lote contava com 82 episódios de Chaves e apenas 27 de Chapolin. Alguns episódios já dublados passaram por avaliações de diversas pessoas de confiança de Silvio Santos, sendo que nenhuma delas aprovou-as pela sua pobreza de produção (mal sabiam eles que era exatamente esta a fórmula do sucesso). apenas o diretor de dublagem: salathiel lage não deu ouvidos e ordenou que os episódios fossem dublados e os levou ao ar um ano depois (estréia oficial em 24 de agosto de 1984).

Dois episódios de Chapolin e três de Chaves do lote de 1984 já não integraram as primeiras reprises de 1985 e um ficou inédito[até hoje]. Configuravam-se aí, os cinco primeiros episódios perdidos da história das séries no Brasil. Em compensação, quatro episódios de Chaves estrearam naquele ano (logicamente, que os episódios já estavam dublados desde o início e, ficaram arquivados por algum tempo).

1986 - GENTALHA, GENTALHA...

1986 não foi um ano muito feliz para as séries de Bolaños em solo brasileiro. Com a estréia de apenas um episódio de Chaves, o SBT leva embora 12 episódios da mesma e mais 2 de Chapolin.


1988 - AÍ VEM MAIS CH.

Em 1988, o SBT adquiriu um segundo lote de episódios de Chaves e chapolin. Foram mais  episódios da série que entraram na grade da emissora (mas não por muito tempo). Mas cadê o Chapolin? Ah, lembrei, o pacote permaneceu inédito e o chapolin Continuava amargando a reprise dos mesmos episódios desde 1984.

Mais uma vez os episódios brincaram de pique-esconde. Após a estréia do lote de 1988, seis episódios do lote de 1984 foram engavetados e, EXATAMENTE seis que haviam se tornado perdidos anteriormente voltaram a ser exibidos. O próprio lote que acabara de estrear também registrou algumas baixas, pois a primeira reprise do lote de 1988 já não trazia três de seus episódios. Quanto a Chapolin, dois episódios também voltaram a ser exibidos, colocando mais uma vez a série com os mesmos 24 episódios que sobraram em 1985.

No ano seguinte (1989), sumiram mais seis episódios de Chaves e um que havia se tornado perdido tempos antes, retornou. Em Chapolin não houveram novas alterações e seguiu-se reprisando os mesmos 24 episódios de sempre.

1990 – O SBT FOI MAIS ÁGIL QUE UMA TARTARUGA...

Em 1990, o SBT compra seu terceiro  lote de episódios. E, finalmente veio a dobradinha completa, pois além de 31 novidades em Chaves, Chapolin também ganharia 76 novas histórias após seis anos de exaustivas reprises. De brinde, unidos ao lote de 90, voltaram dois episódios perdidos de Chaves. MAS, dez episódios deram baixa. Um já era velho conhecido e outros nove, pertenciam ao novo lote, ou seja, estrearam e, já na primeira reprise do lote, não mais foram exibidos. Também desapareceu um episódio de Chapolin que acabara de estrear.

FATOS ESTRANHOS:
1 todo o lote de 90 de Chaves deixou de ser exibido em 1991.
2 o lote de 90 de Chapolin estreou em duas etapas. alguns episódios foram exibidos e reprisados (com exceção de um deles que estranhamente foi substituído por um inédito) e logo após entraram em ação os  episódios restantes.


1992 – JÁ SE FOOOOOI... JÁ CHEGOOOOOOOOU...

1992 foi o ano que os CHmaniacos adorariam que se tornasse perdido (pelo menos em suas memórias).  episódios clássicos apareceram com nova dublagem, ou seja, começamos o ano com dublagens perdidas.

Nunca se chegou a uma conclusão se em 1992, a emissora adquiriu um novo lote de episódios do Chaves ou se os episódios que estrearam naquele ano, foi uma grande sobra do lote de 90 que o SBT reservou para estrear num momento estropício.  episódios estrearam neste ano, mas em compensação... o SBT fez o maior arrasta-pé da história da Humanidade: 47 episódios sumiram do mapa (alguns maioria para nunca mais).  O que o SBT fez em 1992, foi substituir episódios. Mas como assim substituir? Com raras exceções, os episódios de Chaves que estrearam, eram versões alternativas de episódios que já eram exibidos no SBT. Então, o que o SBT fez, foi uma grande triagem nos arquivos e, deixou no ar somente uma versão de cada roteiro. Chapolin também teve duas vítimas das substituições de episódios.

Curiosamente, alguns episódios que até então possuíam cenas cortadas, passaram a ser exibidos na íntegra. Por outro lado, episódios exibidos integralmente, passaram a ter seqüências cortadas.

Também em 1992, doze episódios até então perdidos retornaram.

Em 1993, estreou um episódio comemorativo de Chaves e mais um episódio perdido retornou. Neste ano, as duas séries ganharam nova abertura.

Em 1994 não houveram novidades e em 1995, apenas um episódio de Chapolin tornou-se perdido.

1998 – MAS CHEGOU TARDE DEMAIS, NÉ...

Finalmente tivemos uma grande temporada sem novidades. E 1998 teria sido apenas mais um ano que passaria batido, se não fosse por um detalhe que marcou época. Acostumado com constantes novidades durante vários anos ininterruptos, o grande público já não esperava mais nada que o surpreendesse, quando o SBT anunciou uma grande novidade para o mês de agosto: um programa chamado “Quinta Comédia” que consistiria na exibição de dois episódios de Chapolin nas noites de quinta-feira. A estréia do programa não trouxe novidades, mas a segunda exibição jamais será esquecida. No dia 13 de agosto, foi exibido pela primeira vez o episódio “A Romântica História de Juleu e Romieta” na íntegra. Desde sua estréia em 1990, o SBT exibia somente a primeira de suas duas partes. Incrivelmente, a conclusão do episódio levaria mais exatos dez anos para ser reprisada.

1999 a 2002 – ENQUANTO ISSO, NO CASTELO DO REI...

Durante o período compreendido entre 1999 a 2002, foram poucas as novidades. Dois ou três episódios estrearam substituindo suas antigas versões e outros dois ou três episódios perdidos retornaram.

Uma curiosidade é que nesse meio tempo, foi exibido meio que por acaso o episódio “O homem invisível”. Esse episódio foi exibido no Brasil apenas duas vezes: uma em 1990 na estréia do lote e dez anos depois. O curioso do caso é que a essa altura, o roteiro desse episódio já possuía uma outra versão no ar desde 1992, o que faz crer que a primeira e única reprise da versão antiga foi um erro do SBT.

2003 – POR ISSO É QUE EU VOLTEI...
2003 foi um ano marcante para os fãs de Chespirito. A apresentadora Sônia Abrão tinha um programa de variedades no SBT chamado “Falando Francamente”. Auto classificando-se CHmaniaca, Sônia atende a um apelo dos fãs que clamavam por explicações da emissora sobre os episódios perdidos e, põe sua equipe para vasculhar os arquivos da emissora afim de checar a veracidade dos fatos. Nisso, eles encontram várias fitas de episódios perdidos e até – PASMEM – inéditos (todos dublados). Sônia passa a exibir com certa regularidade em seu programa, especiais  nos quais mostrava várias cenas dessas pérolas. Pela primeira vez, a existência desses episódios faria um bem, pois em meio a grande evidência que a série ficou naquela época, Edgar Vivar (ator e intérprete do Senhor Barriga em “Chaves”) telefonou diretamente do México para Sônia, convidando-se a fazer uma visita às terras brasileiras para passear, conceder entrevistas, participar do programa e claro, ver de perto seus fãs. Mas as surpresas não pararam por aí. Nessa época, Chaves estava fora da grade de programação há quase um mês (pela primeira vez na história) e, seu retorno tinha data marcada: 1º de setembro (apenas 10 dias antes do gordinho mais querido do mundo aterrissar). Sem qualquer tipo de anúncio, Chaves volta, trazendo contigo nada menos que oito episódios que há anos não iam ao ar (dois deles tinham ido ao ar uma única vez em 1990 e os demais eram exibidos regularmente até se tornarem perdidos em 1992). Essa foi a primeira – de algumas ocasiões – que mais se fez acreditar que os episódios perdidos não são nada mais que pura estratégia de marketing da emissora, uma vez que um desses oito episódios apareceu pela primeira vez com nova dublagem. Isso deixa sem nexo qualquer tese de desorganização por parte da emissora, uma vez que o episódio era normalmente exibido e se tornou perdido, porém, o SBT possuía duas cópias com duas dublagens diferentes (uma delas inédita até 2003). Impossível as duas terem se perdido. Chapolin também voltou a ser exibido depois de um bom tempo fora do ar, mas durou apenas três semanas e apesar das cópias remasterizadas dos episódios – assim como Chaves – não trouxe novidades.

2005 – O SHOW DEVE CONTINUAR...
O que o SBT não mostrou em 2003, por conta da curta vida que Chapolin teve, reservou para (a partir de) 2005. Depois que dois anos fora da grade, o SBT anuncia a volta da série para alegrar nossas tardes de sábado. Porém, o que ninguém esperava é que a atração viesse CARREGADA de novidades. Já em seu terceiro sábado, a emissora brindava os fãs com um episódio surpreendente. Tratava-se de “De Caçador e de Louco, Todos Nós Temos um Pouco”. Mas o que tem de tão surpreendente? Vou explicar. Lembram-se que em 1992 sumiram vários episódios? Não foi desse lote! Lembram-se que do lote de 88 também sumiram vários episódios? Também não foi desse. Mas lembram-se também que do lote de 84 também sumiram dois episódios? Vocês devem estar imaginando que também não é de lá. Mas é! Isso mesmo... Depois de 20 anos perdido, o episódio retornou para os braços do público. Os fãs foram ao delírio e imaginaram que a loucura estava apenas começando. Supuseram bem (rs). Na semana seguinte, mais um episódio foi desenterrado: “Pedintes em Família”. Com isso, quem não teve a oportunidade de ver Chapolin desde sua estréia, finalmente conheceu os dois últimos elos perdidos do lote mais antigo da série. AAAAAAAHHHHHHHH! Já ia esquecendo... Mais uma vez, a tese de desorganização por parte da emissora fora derrubada, já que “Pedintes em Família” também retornou com nova dublagem. E esse caso foi mais estranho que qualquer outro, uma vez que a dublagem original foi realizada em 1983/1984; o episódio tornou-se perdido em 1985 e a nova dublagem data do lote de 90, ou seja, ele foi dublado novamente mais de cinco anos depois e seguiu perdido por mais quinze anos. Após esta exibição, seguiram-se muitas outras surpresas. Porém, mais uma vez, foi feita uma varredura nos arquivos, pois, parte desses episódios que estrearam / retornaram possuíam versão alternativa no ar e, as mesmas sumiram. Já em 2007, após a exibição de mais um episódio inédito (a essa altura, somavam-se mais de trinta), Chapolin deixou mais uma vez a programação da emissora.

Ainda em 2007, após quatro anos – desde a inesperada exibição dos oito episódios perdidos – Chaves ainda tem fôlego para mais uma novidade: a volta do episódio “Um Rato na Contramão, parte 3”, que havia sido transmitida somente uma vez em 1988. Curiosamente, cerca de um ano antes, o episódio havia sido lançado em DVD, porém, a edição apresentada pela emissora (pelo menos o áudio), não era a mesma apresentada na mídia, uma vez que a edição lançada, havia tido sua trilha sonora refeita pela Televisa – detentora oficial dos programas – e a edição apresentada pela TV trazia suas chamadas “BGM’s” originais inseridas pelo estúdio de dublagem.
2008 – E O FESTIVAL CONTINUA...
Após mais de um ano fora do ar, Chapolin retorna à programação. Esse retornou trouxe o restante dos inéditos que não chegaram a estrear entre 2005 e 2007.

Um dos destaques desta época, é que a apenas nove dias de completarem-se dez anos da única exibição da conclusão de “A Romântica História de Juleu e Romieta”, o episódio teve sua primeira reprise (a primeira exibição em horário regular da série). A partir daí, finalmente o episódio passou a ser regularmente exibido como os demais.

No dia 03 de novembro, foi exibida a última pérola. Curiosamente, um episódio que possui outra versão no ar e, a anterior foi mantida. Ambas são exibidas com certa regularidade e sem rodízio entre elas. Seria mais um erro da emissora?

2011 – SEVERIANO MIRÓN – O ESPIÃO SECRETO MAIS FAMOSO DO MUNDO...
Em 27 anos de história, ficou bem claro que os fãs de Chaves e Chapolin gostam de brincar de detetive. E, numa dessas investigações ultra-secretas, acabaram descobrindo uma lista cadastrada na “Agência Nacional de Cinema (ANCINE)”, na qual estão listados todos os 123 episódios de Chapolin e os 162 episódios de Chaves que o SBT pode exibir durante a validade do presente contrato firmado com a Televisa – vigente de agosto de 2008 a agosto de 2013. Tudo não passaria de mais uma simples descoberta dos fãs, se não fosse por dois pequenos detalhes: além de trazer os títulos oficiais dos episódios, a lista de Chaves traz dez episódios e a de Chapolin traz três episódios, ou seja, há um total de 13 episódios entre as duas listas que figuram na lista de perdidos e inéditos.

Um mês após essa descoberta, o SBT exibiu um especial sobre Chaves e Chapolin, dentro da série “SBT 30 Anos” que está sendo apresentada atualmente aos sábados por Patrícia Abravanel. No bloco final, a emissora – pela primeira vez – admitiu a existência dos episódios perdidos e inéditos e, deu a explicação oficial que os CHmaniacos tanto esperaram durante anos, confirmando uma das teorias que os fãs mais suspeitavam:

“Nós recebemos na época, cerca de 280 episódios do Chaves. 40% desses 280, eram chamados episódios semelhantes, que tinham a mesma história. E apenas alguns objetos ou personagens eram alterados. As histórias eram basicamente as mesmas. E nós optamos exibir apenas os 150 episódios que nós temos hoje. Temos alguns episódios com problemas técnicos. Sem condições de serem exibidos, com riscos, com batimentos de vídeo. E por esse motivo, nós temos os 150 episódios que nós fazemos uso diariamente na programação do SBT. – Murilo Fraga [diretor de programação da emissora]”

Ao fim do depoimento, mostraram rápidas seqüências de episódios perdidos. Os fãs ficaram revoltados com a revelação da emissora. Como disse acima, todos já suspeitavam fortemente dessa teoria, mas até então era apenas isso... Uma teoria. Agora, era uma realidade assumida pelo SBT. Todas as redes sociais do SBT e seus principais coordenadores foram invadidas por fãs enfurecidos. Cinco dias após a apresentação do especial, Patrícia concedeu uma rápida matéria para o principal telejornal da emissora, anunciando que devido à manifestação dos fãs, o SBT irá exibir a partir de agosto – mês de aniversário da emissora – os episódios inéditos do Chaves – na verdade, em sua maioria perdidos. Foi festa total entre os fãs. Sites e fóruns sobre as séries bombaram a partir de então.
Todos esperavam este momento com muita ansiedade, mas parecem ter tomado um balde de água fria, quando nesta semana,  pois apenas nove episódios perdidos foram exibidos. Os Fãs se revoltaram uma vez que Fraga assumiu ter mais episódios arquivados. Porém, ainda que não se conseguisse um resultado positivo de imediato, não cruzamos os braços por vários motivos: primeiro, porque agora temos a certeza de que os episódios estavam lá; segundo porque talvez não seja tão simples para oque o SBT exibisse os demais, uma vez que se suspeita que os  nove episódios que  sejam os mesmos que constam  lista cadastrada na ANCINE na época, então, talvez para que exibisse os demais, tenha-se que realizar vários trâmites legais para licenciamento dos mesmos e, terceiro porque se  as séries nunca deixaram de ter novidades.
BATE-REBATE
Paralelamente a todas essas novidades, tivemos uma muito valiosa em meados dos anos 90: dois episódios do programa “Chespirito” (1980 – 1995), que tratam do mesmo assunto, foram condensados em uma única fita e transformado em filme para a clássica sessão “Cinema em Casa”, Foi exibido (dublado) poucas vezes. Tornou-se perdido há anos. Foi mais uma pérola que levou alguns anos para estrear após dublado e, sumiu da mesma forma que apareceu.

QUEBRAMOS O TAL DO TATU...
          Nação CHmaniaca, eu estou decepcionado... Eu estou decepcionado sim... Mas não com os perdidos que voltaram, sim com a reação dos fãs em relação ao mesmo! Pessoal, absurdamente chegou até mim, a informação de que estão falando por aí que a luta pela causa dos episódios perdidos está terminada.  Mas o que é isso? Apesar de não ter considerado o especial, o melhor do mundo, eu estou me sentindo vitorioso. A Nação CH deveria estar em festa. Povo, acorde! Vamos analisar todo isso por um outro ângulo COMPLETAMENTE diferente do que está sendo até o momento.
  em 2011, O SBT pela primeira vez,  admitiu pública e nacionalmente a existência desses episódios. E o melhor: que não os exibem porque simplesmente não querem. Isso, muito ao contrário de por fim a tudo, como insinuou Patrícia Abravanel – absurdamente apoiada por alguns fãs – dá novo fôlego a tudo! É um recomeço... Uma renovação! Tudo o que precisávamos era disso. De 24 de agosto de 1984 até às 21:15 daquele sábado, era a nossa palavra contra a do SBT. Ninguém nos levava a sério, porque os episódios estavam boiando para sempre na  enchente de  1991.  os episódios sempre estiveram lá. Eles admitiram... Eles mostraram!

   IMAGEM EM MAL ESTADO
         Alguém por acaso disse: “Ah! Ta! Puxa! Então é por isso que não exibem mais!” depois que ouviu essa informação e viu as imagens dos episódios Sorte com muito azar,Assistindo o jogo e O atropelamento? Devo dizer que, primeiramente está claro que aquelas imagens foram manipuladas digitalmente para parecerem piores do que realmente estavam. Eles cometeram três erros fatais:

 a)    o episódio Sorte com muito azar, teve um bom trecho mostrado em Eliana quando Carlos Villagrán esteve no Brasil. Os trechos estavam perfeitos; 

 b)    o episódio O atropelamento, foi mostrado no extinto Falando Francamente. Concordo que, desde aquela época, a situação das imagens já não estava lá grandes coisas, mas o que eu vi ontem, foi uma imagem destruída, praticamente apagada. Também não era para tanto. A fita não iria se deteriorar daquela maneira em tão poucos anos. Se não se deteriorou de 1984 até o momento que foi editado para o programa da Sônia, não iria ocorrer desses poucos anos para cá;
 
 c)    será que ninguém percebeu que outras imagens de Assistindo o jogo foram mostradas durante o especial e, não estavam tão horríveis quanto as mostradas no final do programa? Tudo bem que não estavam perfeitas, mas também, não tão ruins.
 
 Segundo, que ao fim, mostraram cenas dos maiores clássicos perdidos e, TODOS estavam em perfeito estado. E, terceiro que o SBT (como TODAS as demais emissoras espalhadas pelo mundo), tem direito a novas imagens quando quiser. É só solicitarem à Televisa. Afinal, o problema é com as imagens e, não com os áudios, concordam? Creio que sim!
 
 E OS EPISÓDIOS REPETIDOS, REPETIDOS, REPETIDOS
          Já li comentários do tipo: é a mesma desculpa esfarrapada de anos atrás. NÃO É! A desculpa de  anos atrás, é a citada acima: os episódios estariam boiando para sempre na enchente que alagou os estúdios em 1991. A história das versões alternativas dos episódios foi algo levantado por nós, os próprios fãs, baseados em algo que já estava na cara há séculos, pelo simples fato de que todas as versões alternativas de episódios atualmente no ar, simplesmente desapareceram. O SBT apenas fez o grande favor de confirmar, fazendo assim, com que paremos de ser chamados de loucos pela Imprensa e pelas intrigas da oposição (leia-se pessoas absurdamente leigas quando o assunto é CH). Foi só mais uma vitória, o fato de a teoria (ou evidência) mais antiga ter sido assumida pela emissora.

 E A TEORIA DA CENSURA TOTALMENTE ESTRAGADA
          Sem perceber, o SBT simplesmente nos deu TUDO o que precisávamos para iniciar uma guerra contra eles mesmos. Há anos, havia uma teoria absurda que sempre rebati: alguns episódios teriam sido censurados. É absurdo alguém acreditar nisso, depois de saber que sempre estiveram no ar dois episódios dos mais violentos:

 a)    O show de ioiôs, no qual Dona Florinda arrebenta Seu Madruga na porrada, ainda deixa uma cadeira atravessada em seu pescoço. A seqüência tem até sangue.

b)    O desjejum do Chaves, parte 2, que termina de maneira semelhante ao episódio acima. A valentona do 14 volta a quebrar o pobre homem, dessa vez com uma frigideira em mãos (que nesse caso, pode ser considerada como arma branca) e, o deixa desmaiado. Cena fortíssima! Logo depois, Chiquinha aparece chorando de preocupação pelo pai e, o professor Girafales, cuidando dele.

Agora, para quem ainda acreditava nisso, o próprio SBT desfez a teoria, ao mostrar uma seqüência (inclusive a mais bizarra) de um desses polêmicos episódios, sem mencionar qualquer coisa a respeito.


      Amigos, encham-se de fôlego ao invés de morrerem sufocados. Eu li um comentário absurdo, que dizia: “O SBT acha que ganhou a guerra, mas ganhou apenas uma batalha!”. Que absurdo! A coisa foi exatamente ao contrário. Ninguém ganhou a guerra, mas a vitória da batalha foi NOSSA! Se eles pretendiam com isso, por fim à questão, deu tudo errado, porque eles colocaram a corda no próprio pescoço. Concordo que a abordagem do tema, foi um tanto sacal e debochada, mas eles deram o gás que faltava no movimento.  Animem-se!  Agora temos mais munição que nunca. Só peço que os fãs mais afoitos não comecem a encher a caixa de mensagens do SBT, nem da Televisa, nem procurem os atores ou dubladores afim de uma solução para o caso. 
 
          
         É O MUNDO SE ACABANDO... O SBT ACERTANDO?
         Depois de infinitos fail’s em relação a CH, pelo menos uma vez na vida o SBT acertou em alguma informação. Em 2001, o SBT noticiava através do jornal “O Globo” (no dia 13 de maio de 2001, que havia comprado um lote razoavelmente grande da série “Chespirito” e, que na emissora, a atração teria seu nome alterado para “Clube do Chaves” e teria uma hora de duração. Porém, o detalhe a que chamou a atenção e, é tema desta coluna, diz respeito ao número de episódios fornecido pelo SBT. Naquela clássica edição do jornal, a emissora afirmava que havia adquirido 180 episódios da série, Na época que o SBT exibiu as séries era muito difícil montar uma lista, já que os episódios foram misturados. Em um dia, chegavam a exibir sketchs de quatro e / ou até mais temporadas diferentes, chegando a exibir até mesmo quase a duração de dois programas num único sábado (o programa era exibido somente aos sábados). Porém, o que nós sabíamos é que, no fim não chegaram a exibir nem a metade dos programas supostamente adquiridos, devido à soma das durações dos quadros exibidos, não passarem nem perto do que necessitaria para exibir os supostos 180 programas.

         Alguns anos depois que a série saiu do ar, descobriu-se que os sketchs estavam indo ao ar nas madrugadas da emissora, porém, aleatoriamente, sem qualquer vinheta de abertura. Eram simplesmente quadros soltos da série sendo exibidos entre a programação. Incrivelmente, sketch’s inéditos puderam ser conferidos nessa época. Porém, assim como iniciaram as exibições, as mesmas sumiram, ou seja, de repente. Ainda assim, a quantidade de sketchs inéditos exibidos, somados aos exibidos regularmente aos sábados de 2001, não eram suficientes para oficializar a informação dada pelo SBT, o que ainda mantinha utópicos, os tais 180 episódios. Ainda vale lembrar (ou informar para quem nunca soube), que os dubladores afirmam que foram 150 episódios adquiridos, contrariando a informação da emissora.
         Pois bem... Após exatos 10 anos (sim, o Clube do Chaves estreou no Brasil pelo SBT no Sábado, 2 de julho de 2001), chegamos ao fim do mistério. Em agosto de 2010 finalmente o Brasil teve acesso através da TV paga OiTV, ao canal TLN, que estreou em março do mesmo ano, porém, ficou cinco meses codificado em satélites fechados. O canal pertence ao grupo Televisa e, exibe uma programação integralmente produzida pela própria, porém em português (dublagens originais exibidas no SBT). O canal é especializado em novelas, porém, de 2010 até 2013 exibia as séries de Roberto Bolaños nos fins de semana. Durante oito meses, Chaves e Chespirito foram as atrações das manhãs de sábado e domingo. Porém, Chaves completou seu ciclo, dando lugar a Chapolin Colorado aos sábados e Chaves Animado aos domingos. Chespirito permaneceu na grade.
         O canal exibiu as séries cronologicamente (pulando os episódios que não foram dublados em português). E, finalmente pudemos chegar a um denominador comum. Sim, o SBT adquiriu em torno de 180 episódios. Por motivos desconhecidos, a emissora deixou de exibir um programa de uma hora (lembrando que duas das temporadas da série possuem programas de meia hora) que o SBT já havia exibido integralmente (é formado por reprises de antigos sketchs). Porém, todos os demais  foram exibidos completos. O  programa de uma hora que o TLN deixou de exibir foi:


Chaves - Um mundo sem fronteiras (1991)
Dr. Chapatin - O morto vivo (1988)
Chaparron Bonaparte - O hotel cinco algemas (1990)
Chapolin - A chave do problema (1988)
Chompiras - Um roubo ou uma pendura? (1990)
 A CNT já havia exibido a série em 1997, porém, com uma dublagem diferente da exibida posteriormente pelo SBT. Originalmente, a série foi dublada na BKS para exibição na CNT e, posteriormente redublada na extinta Gota Mágica para ser exibida no SBT. Na ocasião, a CNT adquiriu as temporadas compreendidas entre 1992 e 1995. Para o SBT, além destas, também foram enviadas duas temporadas anteriores (1990 e 1991). Curiosamente, dez episódios dublados pela BKS e exibidos pela CNT, não foram dublados pela Gota Mágica (reza a lenda [nunca confirmada] que as temporadas adquiridas pela CNT, foram redubladas para o SBT por cima do áudio em português da dublagem original). Poderia-se até dizer que simplesmente o SBT e a TLN não exibiram, porém, isso além de ser grande coincidência, distanciaria bastante a quantidade de episódios supostamente adquiridos da quantidade de episódios realmente adquiridos pelo SBT.  são episódios de uma hora da personagem Chompiras, considerado o carro-chefe da série. São eles:
Chompiras - Ratos e ratoeiras (1992)
Chompiras - A recompensa de Gordis, parte 1 (1992)
Chompiras - Botijão esmagador (1993)
Chompiras - Chimoltrufia superstar, parte 2 (1993)
Chompiras - Quem diria, hein delegado! (1993)
Chompiras - A eletricidade é perigosa (1993)
Chompiras - O assassino (1994)

         Há também um outro fato curioso, que dá conta de que alguns episódios dublados pela BKS, não chegaram a ir ao ar na época pela CNT, mesmo alguns que chegaram a ser mostrados em chamadas. Porém, o SBT / TLN os exibiram.
     
 
       
 ADENDO
         Chespirito estreou oficialmente no Brasil no dia 1º de JUNHO pela CNT, porém, a divulgação foi fraca e, a pouca popularidade da emissora (ainda que na época, a mesma possuísse forte parceria não colaborou muito para que a série se tornasse conhecida.

     Não curto muito a redublagem feita na Gota Mágica (principalmente pelas piadas de duplo sentido que, originalmente não existem, além de alguns dubladores que não foram do meu agrado). Além de sempre prezar pela dublagem original. Considero um crime redublar algo, a menos que seja por motivos completamente necessários, como por exemplo, uma dublagem muito antiga, que esteja danificada, como foi o caso da clássica série I Love Lucy ou, que já se perdeu grande parte da mesma através dos anos, como foi o caso da série Agente 86, que hoje em dia, somente sobraram dublados alguns episódios da primeira temporada e a última completa. Diz a lenda, que Sílvio Santos não teria gostado da dublagem original e, mandado redublar (daí a lenda de as últimas quatro temporadas terem sido redubladas por cima do áudio em português já existente). Parece que na época, chegou-se até a circular uma chamada anunciando a série com a dublagem original, mas no dia da suposta estréia, alteraram a programação e, Chespirito foi congelado até ser redublado e, novamente anunciado para finalmente estrear em 2 de julho de 2001. Outro detalhe que desconsidero, é a troca de nomes de personagens. Quando a extinta Gota Mágica dublou o programa e o batizou de Clube do Chaves (primeiro erro), outras alterações ocorreram e, Chompiras passou a se chamar Chaveco, Chaparron Bonaparte virou Pancada e Dona Espota Verderona (mãe da personagem Chimoltrufia), se transformou em Dona Agrimaldolina). O menos bizarro foi o nome da personagem Maruja (leia-se Marurra), apelidada de Marujita (leia-se Marurrita) que foi aportuguesado para Maruja (leia-se Maruja mesmo) / Marujinha (leia-se Marujinha mesmo). Eu me recuso a utilizar esses nomes e, portanto, no guia desta coluna, eles são chamados com seus nomes originais. 
 BATE-REBATE
 Uma homenagem ao nosso querido e eterno Marcelo Gastaldi. Agora que já falamos dos  episódios da série Chespirito que ficaram conhecidos em telas brasileiras. Na década de 90, foi dublado o episódio duplo “Aventuras em Marte (1981)” nos estúdios da Marshmallow (versão Maga) com os dubladores originais das clássicas séries Chaves eChapolin. Foi exibido algumas vezes no SBT na sessão Cinema em Casa. A emissora uniu as duas partes do episódio de longos 40 minutos cada e o transformou em filme.
 



PORQUE SÃO OS MAIS VELHOS
Com a adaptação desta célebre frase da Chiquinha, iniciamos mais este trabalho. Essa coluna é especial. Tem o intuito somente de homenagear os primeiros grandes e notáveis fãs CH que iniciaram a construção desse “Império” que herdamos.
Esses verdadeiros mestres têm nome e alguns, têm feitos inesquecíveis (infelizmente não tenho fotos de todos esses grandes nomes, tão logo, para não acabar dando destaque mais a um que a outro, já que todos estão no mesmo patamar

- LEANDRO MORENA:
Leandro é um dos fãs CH mais antigos e conhecidos. Graças a ele, uma história não se apagou para sempre: “EPISÓDIOS PERDIDOS”. Leandro, mais conhecido como “O Mago dos Perdidos”, impediu que vários episódios CH que foram dublados e exibidos um dia, sumissem para sempre de nossas telas e nossas memórias. Leandro gravou  em fitas no formato de VHS, na época de ouro, quando tais episódios perdidos ainda iam ao ar. Nunca se desfez desses materiais e, graças a ele, hoje, todos os fãs têm a alegria de tê-los em casa, inclusive em qualidade espetacular, pois ao longo do tempo, com o surgimento das gravações digitais, outros fãs, gravaram os mesmos episódios de emissoras internacionais, onde os episódios são exibidos em seu áudio original em espanhol e, inseriram os áudios em português, extraídos de suas memoráveis gravações. Talvez, o maior feito de Leandro, tenha sido a gravação do episódio “o planeta venus versão 1”.

            - LEANDRO LIMA:
 Leandro Lima assumiu o posto de “Mago dos Perdidos” quando Morena saiu de cena. Por motivos desconhecidos, Morena largou o “Meio CH”, deixando Lima à frente dos “negócios”. Lima deu continuidade ao trabalho e, continuou a repassar os episódios perdidos a vários outros fãs CH. Tempos depois, Lima também se afastou do “Meio CH” sem maiores explicações. Chegou a retornar e montou até um site para comercializar tais episódios, mas logo em seguida sumiu definitivamente.

             - GUSTAVO BERRIEL 
Gustavo faz parte da lista dos mais antigos e respeitados fãs das séries.  fundou ao lado de Felipe Araújo, o “Fã-Clube CHESPIRITO-Brasil”. O Fã-Clube, que hoje é reconhecido até mesmo pela “Televisa” – poderosa emissora do México que produziu por mais de 30 anos, os programas de “Chespirito y sua turma” – já serviu de “palco” para memoráveis momentos na história da trajetória das séries no Brasil. Rapidamente, suas atividades foram levadas a sério e passou-se em apenas dois anos, de encontros particulares nas casas de fãs e em mesas de pizzarias, para eventos no Rio de Janeiro reunindo mais de 700 fãs para assistir episódios das séries, confraternizarem e conhecerem os autores do grande sucesso das mesmas no Brasil: os dubladores. Carlos Seidl, famoso por dar vida brasileira ao eterno “Seu Madruga”, é pioneiro nos eventos do Fã-Clube. Presente em absolutamente todos, Seidl se assume também como fã das séries e amigo de seus incontáveis fãs. Em pouco tempo, a história evoluiu e as atividades do Fã-Clube foram parar na grande São Paulo, em um mega evento que reuniu aproximadamente 2.000 fãs do lado de dentro e por volta de 8.000 do lado de fora (contabilizados pela “Folha de São Paulo”). Esse evento reuniu praticamente todos os clássicos dubladores das séries, assim como “Olga Gastaldi” e seus filhos – família do falecido dublador “Marcelo Gastaldi” que emprestou por vários anos, sua inesquecível voz aos personagens de Roberto Bolaños (Chespirito). Desde lá, Gustavo e sua equipe juraram que um dia teríamos um evento reunindo os atores das séries que tanto fizeram nossa infância e adolescência felizes há mais de duas décadas. Muitos não o levaram a sério, mas tudo mudou, quando em 2009, chegou a grande novidade: Carlos Villagrán (Kiko) estaria em um evento do Fã-Clube em 2010. Euforia total!!! Mais ainda, quando a equipe conseguiu um segundo êxito: fechar com Edgar Vivar (Senhor Barriga) para comparecer também ao evento. O que muitos pensavam ser utopia... loucura... aconteceu! No dia 24 de abril de 2010, o Fã-Clube chegou ao seu apogeu e levou mais de 5.000 fãs à loucura com a presença de seus ídolos. 

             - FELIPE ARAÚJO:
 foi, como já dito acima, o grande parceiro de Gustavo na fundação do Fã-Clube. Fã incondicional de “Chapolin”, porém, é apaixonado por ambas as séries. Quando Edgar Vivar veio ao Brasil pela primeira vez, em 2003, Lippe ficou no mesmo que ele e também participou do programa especial que foi ao ar no extinto “Falando Francamente (SBT)”. 

            - MAURÍCIO MELO:
 Maurício é desenhista profissional e realizou em sua totalidade, as artes do último “Box CH” lançado pela “Amazonas Filmes”. Sempre piadista, Maurício consegue descontrair a todos até nos momentos mais tensos.

EDUARDO BEHLING:
 Fã ardoroso das séries, amigo verdadeiro e incondicional (palavras que são praticamente sinônimas, não é verdade?).  Os primos Morena e Lima já haviam quase que saído de cena e Eduardo comercializava os famosos perdidos em VHS. 

             MARCUS ANVERSA:
 grande fã das séries. Sabe tudo sobre dublagem, foi e é amigo de vários dubladores (sendo eles de CH ou não). Marcus foi um dos primeiros cadastrados no “Fã-Clube CHESPIRITO-Brasil” e, tem uma memória excelente. Conta fatos que poucos, quase ninguém e / ou até mesmo ninguém, poderia recordar-se. Fã incondicional dos dubladores “Osmiro Campos (Professor Girafales, em ‘Chaves’)” e “Hélio Porto (Larry, em ‘Os Três Patetas’)”, Marcus se diz o “Dr. Chapatin” do “Meio CH”. viu de perto a estréia e o sumiço de muitas séries de TV na “TV Educativa de Porto Alegre” – sua terra natal.
 Marcus afirma que com o advento da TV a cores no Brasil, todas as produções em preto-e-branco foram vilmente desprezadas. Algumas retornaram alguns anos depois, por haverem sido colorizadas, como a clássica série “Zorro & Sargento Garcia”. Porém, uma série em especial ultrapassou essas barreiras e continua até hoje a ser exibida com grande sucesso: “Os Três Patetas”, segundo Marcus, foi a única série em preto-e-branco que nunca deixou de ser exibida. Até mesmo as duas primeiras temporadas de “Jeannie é um Gênio” desapareceram do mapa, pois, as emissoras só exibem a partir da terceira por serem a cores.

assunto proibido

em Dezembro de 2009, o Fã-Clube CHESPIRITO-Brasil fez um costumeiro evento de pequeno porte na grande SP, num restaurante chamado "CHilango" na Consolação. Euestava com um amarrado de panfletos que divulgava o "Movimento Volta-Perdidos CH & CH". Um repórter do SBT  viu um fã com a camisa da organização e se aproximou, perguntando se podia conceder-lhe uma entrevista. o fã disse que obviamente poderia, mas o que  interessava realmente do SBT era o conteúdo daquele papel que estava na  mão dele. Deram um a ele. Ele pegou, leu. Coçou a cabeça e mostrou ao cinegrafista. O cinegrafista  disse pro fã   algo como: "Rapaz, se  deixo você falar sobre isso na entrevista, vou pra rua". Ai eu te pergunto: por que?Ele de certa forma entregou a cabeça do SBT, mostrando que isso é assunto proibido. Mas, por que? O que escondem por trás dessa história. Ele mostrou que a emissora tem total conhecimento do caso e tem algo que não pode revelar... algo a esconder... Eu (e todos) adoraria saber o que!

SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA...
Após seis anos da estreia das séries CH no Brasil, uma empresa chamada “TOP TAPE” lançou no mercado nacional seis fitas VHS com alguns episódios de “Chaves” e “Chapolin”. Mais cinco anos depois, a “ALPHAVIEW HOME VIDEO” lançou mais algumas fitas (somente de Chaves), que mais tarde foram relançadas pela “COSMOS VIDEO” – parece que é a mesma “ALPHAVIEW” que teria mudado de nome.
Bem, agora vamos ao que interessa: como a tecnologia avança, em 2005, a “Imagem Filmes” lançou “Chaves”, mas não mais em VHS, mas em DVD. Esse lançamento surpreendeu a todos, primeiramente por trazer a dublagem original e, depois, porque trouxe dois episódios-surpresa: “O ratinho do Kiko (1974)” que só havia sido exibido no Brasil uma única vez em 1988 e o sketch “Ladrões espertos (1973)” que conta com as personagens “Chompiras y Peterete” e, até então, era inédito no Brasil.
Por problemas de direitos autorais com relação à dublagem, a Televisa encerrou contrato com a “Imagem” e uma outra empresa entrou em cena: “Amazonas Filmes”.
Um contrato de imediato foi fechado para o lançamento de DVD’s (divididos igualmente em oito Box’s contendo 3 discos cada). Mas houve um porém: a Televisa não autoriza a empresa a utilizar a dublagem original, portanto, os episódios (mesmo os conhecidos com dublagem original) teriam que ser dublados especialmente para os lançamentos.
Problemas? MUITOS. Parte dos dubladores (inclusive o principal) já havia falecido, um estava doente e faleceu sem chegar a dublar e um não foi encontrado.
Mas, como não havia outro jeito, a empresa levou o projeto adiante e contratou uma equipe de dubladores – todos os que fizeram a dublagem original e estavam vivos e que houve a possibilidade de encontrar, foram chamados.

AS SUBSTITUIÇÕES: 
Resolvidos os problemas com os dubladores antigos, era chegada a hora de escolher quem iria substituir os ausentes.
CHAVES / CHAPOLIN: seu dublador oficial, que tem sua voz conhecida nas personagens há 25 anos, chamava-se “Marcelo Gastaldi”. Dublou as séries de 1984 a 1994. Marcelo faleceu em 1995 e nunca mais as séries foram dubladas para o SBT. A “Amazonas Filmes” contratou o dublador “Tata Guarnieri” para a voz principal.
SENHOR BARRIGA: embora “Mario Vilela” estivesse vivo na ocasião em que a dublagem começou, encontrava-se muito doente. Tinha diabetes e já estava em fase terminal. Mesmo assim tentou realizar a dublagem. Não conseguiu devido ao estado avançado da doença. Em seu lugar foi contratado “Fadhu Costa” e, a partir do segundo Box, foi substituído por “Gilberto Baroli”.
GODINES: a personagem nunca teve um dublador fixo no Brasil, embora o mais conhecido tenha sido “Silton Cardoso”. Na ocasião da dublagem, Silton não foi localizado e, em seu lugar, entrou em cena o dublador e diretor de dublagens “Alexandre Marconato”.
Pronto! Estava resolvido o problema... Será?

SEGUNDO ROUND:
Chegou a hora de dublar o segundo Box. Todo o elenco se reuniu novamente. Mas havia mais um pequeno probleminha: alguém que não estava presente no Box 1. Dou um doce para quem adivinhar: é um menino gordinho... eu disse gordinho? Bastaaaaaaante gordo... eu disse bastante gordo? Completamente gordo e só não lhes dou uma porque...
Enfim, “se solicitava  dublador” para o nosso amigo rechonchudinho Nhonho, já que o original era o mesmo do Senhor Barriga, mas não era o caso de fazer o mesmo nos DVD’s, já que havia uma solução melhor...
Já era de conhecimento da empresa desde o início, que o ator Gustavo Berriel – fã das séries e líder do grupo que supervisionava as dublagens dos Box’s – sabia imitar a voz caricata do Vilela para o Nhonho. Dessa forma, a empresa concedeu o direito do Gustavo fazer o teste e o resultado foi... APROVADO!
A partir de então, Gustavo passou a ser o dublador oficial do Nhonho.

“O Sanduíche de Presunto”: primeiro episódio dublado por Gustavo

SEIS... SETE... OITO... NOVE... NOCAUTE...:

Bem, ainda precisava tapar um último buraco... Vamos lá:
JAIMINHO: dois dubladores ficaram conhecidos como vozes oficiais da personagem – infelizmente, ambos já falecidos. “Older Cazarré” foi o mais conhecido. “Eleu Salvador” dublou uma parte dos episódios, mas ficou mais conhecido como o dublador do Delegado Morales – personagem do mesmo ator na série “Chespirito” exibida pela CNT em 1997.
Mais uma vez, Gustavo entrou em cena. Especialista em vozes caricatas, ele também sabia imitar o Cazarré. E com um outro teste, ganhou a personagem, assim como todas as demais interpretadas pelo ator “Raul Padilla”.

“Raul Padilla” como “Bulldog” e “Jaiminho” – dublados por Gustavo
Para quem não o conhece, Gustavo é ator, jornalista e dublador. Sua história de amor com CH começou no dia de sua estreia. Inclusive, Gustavo anotava suas exibições – o que hoje, o está auxiliando a desvendar os mistérios que há por trás de cada lote que o SBT estreou ao longo dos anos. Sempre teve amor pela dublagem, mas nunca havia feito oficialmente. E claro, não poderia ter começado melhor, pois foi nas séries que mais ama. Juntou o amor pela profissão com o amor às suas séries preferidas. Foi chamado pela empresa para supervisionar as dublagens e acabou se consagrando como um de seus mais novos dubladores oficiais. 

UM NOVO PROJETO: 
Não muito tempo depois que as dublagens dos DVD’s terminaram, saiu do papel um projeto que estava sendo bolado há tempos: “Chaves – A Série Animada”.  o desenho foi comprado pelo SBT e, para as dublagens, foi contratado o mesmo elenco que trabalhou nos DVD’s – com exceção de “Gilberto Barolli”, que foi substituído por “Marcelo Torreão”, e não foi permitido que Gustavo dublasse duas personagens, tão logo foi lhe dado somente o Nhonho, ficando o Jaiminho com o dublador “Waldir Fiori”.
Quico perdeu seu dublador que o acompanhava desde 1984. Por questões financeiras, “Nelson Machado Filho” não entrou em acordo com o SBT para realizar essa dublagem, que acabou sendo interpretada com êxito por “Sérgio Stern”.
Durante as dublagens, tivemos algumas baixas. Alex Marconato deixou o serviço e foi contratado para ocupar seu lugar o conhecido “Duda Espinoza”. Pouco tempo depois dessa contratação, o dublador mais conhecido do Godines  foi encontrado, mas Duda já havia assumido a personagem e acabou “ganhando-a”.
Outra baixa foi a dubladora “Leda Figueiró”, que por motivos desconhecidos deixou o trabalho. Leda dublava a Paty  famosa namoradinha de Chaves.
Também deixou as dublagens Marcelo Torreão. Dessa vez, foi permitido a Gustavo Berriel “pegar” essa personagem, uma vez que, na série, é interpretada pelo mesmo ator – assim como “Dona Florinda” e “Pópis”, que são interpretadas por “Florinda Meza” e sempre foram dubladas por “Marta Volpiani”.
Também houve algo muito triste em relação a essa dublagem: Helena Samara - dubladora da  da Dona Clotilde - faleceu pouco tempo depois de atuar no último episódio da 1ª Temporada. Para ocupar seu lugar, foi contratada a profissional "Beatriz Loureiro". Helena foi uma perda irreparável para o mundo da dublagem. Sua atuação em "CH" começou com a dublagem das séries, desde que as mesmas chegaram ao Brasil em 1984. Antes de Beatriz assumir a personagem, "Angelines Fernández" - atriz e intérprete da Dona Clotilde - nunca havia tido outra dubladora brasileira, senão a nossa querida Helena.

“Chaves Animado” – uma realização “Ánima Estudios”

a tradução e a dublagem da 3ª temporada de “Chaves Animado”. 
Quando esta temporada chegou ao Brasil, como de costume, foi direto para os estúdios da “Herbert Richers”, onde a dublagem está sendo maravilhosamente realizada. Para que se preservassem os dubladores paulistas originais da série, desde a primeira temporada, os estúdios da “Álamo” foram alugados para que os mesmos pudessem realizar o trabalho, uma vez que a “Herbert Richers” localiza-se no Rio de Janeiro onde apenas Carlos Seidl e Gustavo Berriel residem. Também é carioca o novo dublador de Kiko – Sérgio Stern – e a dubladora Beatriz Loureiro que assumiu a Dona Clotilde, quando sua dubladora original faleceu em meio aos trabalhos.
Pois bem, foi dada a largada na terceira temporada e os episódios entraram em fase de tradução para posterior dublagem. Já tendo sido traduzidos vários episódios e alguns inclusive já estando em fase de dublagem, eu tive a honra de comparecer aos estúdios da “Herbert Richers” a convite do amigo e dublador “Gustavo Berriel”. Nossa missão era: revisar e corrigir os textos já traduzidos. O trabalho de tradução fora realizado por algumas pessoas aparentemente alheias ao sucesso das séries e os textos deixaram muitas falhas que se passassem pela dublagem, iam cair na reprovação do grande público. Acompanhemos algumas dessas falhas: 
quem nunca repetiu a mais famosa frase da personagem Kiko: "AAAAAI! CALE-SE! CALE-SE! CALE-SE! VOCÊ ME DEIXA LOUCO!"? Essa frase se tornou famosa ainda no primeiro ano da série no Brasil, por ter sido a tradução oficial do bordão da personagem. Agora veja, como a mesma havia ficado na tradução original antes de corrigirmos:
 "AAAAAAI! PARA COM ISSO! CALA A
BOCA! PARA! QUE VC ME DESESPERA!" 
 com certeza, algum dia na sua vida, quando ficou furioso, repetiu a máxima do Professor Girafales que faz tudo  - até as moscas – ficar em silêncio: “TA! TA! TA! TA! TA!”. Pois bem, isso não é uma tradução. É simplesmente o grito mais famoso do mundo. Na verdade, nem tem tradução... Mas o que estou dizendo!? Alguém achou que tinha sim... Vamos ver:
 AI! AI! AI! AI! AI!
Nossa! Essa ficou parecendo “onomatopéia” de filme pornográfico 
   lembra-se de ter visto um video que saiu na Internet, onde o episódio “A Insônia do Seu Madruga” fora redublado por amadores e acabou se transformando em “O Tráfico na Vila” ou “Chaves Maconheiro”!? Pois bem, essa parece ter sido uma prévia de como ficaria o Chaves se dublado com a tradução literal, afinal de contas, sabe como se chamaria a “VILA DO CHAVES”? 
“COMUNIDADE DO CHAVES” 
Quando eu mencionei isso  um fã fez um comentário hilário: “A venda da esquina seria então, a boca de fumo.” 
   “- Dona Florinda!” “- Professor Girafales!” Quem nunca escutou essas frases? Ah! Ainda bem que todos escutaram e são testemunhas de que são essas as traduções, afinal, quiseram envelhecer a velha coroca do quatorze. Como assim? – perguntarão vocês. Bem, porque em alguns pontos do script aparecia:
“SENHORA FLORINDA”
    “- Oh! E agora... quem poderá me defender?” Sempre será o “Chapolin Colorado” se evocado corretamente. Ele não costuma responder quando dizem:
"E AGORA QUEM VAI PODER ME DEFENDER?"
Claro! Esse foi o menos grotesco dos erros, ahn!
      e para fechar com “Chaves” de ouro: “Chaves Animado” é o nome da série quando corretamente denominada. A menos que a poderosa Televisa nos tenha enviado a série errada, não temos até o momento na TV brasileira, nada que se chame:
“O GAROTO ANIMADO”
Bem, agora que já passamos pelo pior, vamos ao melhor. O ator, dublador e fã das séries Gustavo Berriel, que já dubla desde o início o Nhonho e a partir da segunda temporada, o Senhor Barriga, foi contratado para concluir as traduções e o mesmo me pediu auxílio para revisar os textos, uma vez traduzidos. Como sempre, formamos uma parceria imbatível e finalmente os trabalhos andaram pra frente. Gustavo deu o sangue por esse trabalho, ficando vários dias sem dormir e pouco se alimentando, pois havia pressa por parte do “SBT” e conseqüentemente da “Herbert”. O diretor de dublagem – Carlos Seidl – ficou satisfeito com o trabalho e os trabalhos de dublagem seguiram. 
MESTRES DA COMÉDIA? VAMOS DEBATER...
Bem, Chespirito descobriu a fórmula do sucesso no final dos anos 60. Essa fórmula se chamava comédia pastelão. Assim como Chaplin, Chespirito é considerado um dos maioresMestres da Comédia Pastelão de todos os tempos. Terá sido por conta disso que os episódios da série “Chespirito” não deram muito certo? Bem, essa coluna tem o intuito de mostrar que nem sempre o que faz rir é o absoluto.
Vamos tentar construir essa linha de raciocínio através de uma linha de tempo. Tão logo, vamos voltar aos remotos tempos do cinema mudo com o Mestre Chaplin, até chegarmos em Chespirito.
1914
Charlie Spencer Chaplin é contratado por Mack Sennett – dono dos estúdios Keystone Comedies – por um ano. Esse contrato dizia que o aspirante a ator teria que realizar 35 comédias de curta-metragem* dentro do período citado. Após realizar 12 comédias sob direção do próprio Sennett, Mabel Normand e de Henry Lehrman, convenceu seu patrão a deixá-lo dirigir seus próprios filmes, assumindo todos os riscos decorrentes de um possível fracasso nas produções. O trato foi aceito e Chaplin, raramente, esteve sob direção de um terceiro a partir daí, por todo o resto de sua carreira. Chaplin terminou de cumprir seu contrato na Keystone, realizando os ditos 35 filmes no prazo estabelecido.
* NESTE PERÍODO, CHAPLIN ATUOU NO PRIMEIRO FILME DE LONGA-METRAGEM DA HISTÓRIA DO CINEMA AMERICANO. A OBRA NÃO ESTAVA PREVISTA EM CONTRATO E FOI O ÚNICO DESSA FASE.
1915 / 1916
Terminado seu contrato com a Keystone Comedies, Chaplin migrou para a Essanay. O ator foi contratado para rodar 14 comédias em um ano. Teve total autonomia na direção dos curtas. A popularidade do ator aumentava a cada dia, fazendo com que já tivesse abrigo para seu próximo contrato.
1916 / 1917
Em 1916, Chaplin deixou a Essanay, após cumprir seu contrato e já fechava com a Mutual Film Corporation. Esse período, que durou mais ou menos um ano e meio, foi o mais promissor da carreira do astro. Realizou 12 comédias – as melhores da fase de filmes curtos.
1918 a 1923
A partir daí, os filmes começaram a ganhar novas durações e direções. Ao termino do contrato com a Mutual, Charlie fechou com a First National para a realização de oito filmes. O primeiro deles, foi a comédia sentimental Vida de Cachorro. Ao longo do período, realizou duas comédias de guerra e, alguns outros gêneros – nem sempre unidos à comédia. Em 1921, estreou O Garoto. Um filme puramente dramático e sentimental que acabou se transformando na principal obra-prima do cineasta.
1923 a 1952
Este acabou se transformando no período mais famoso do cineasta. E, não foi aqui que Charlie fez suas melhores comédias.
Em 1925, Charlie realizou o drama A Corrida do Ouro; o filme teve algumas pequenas seqüências cômicas.
Em 1928, realizou O Circo. O filme é basicamente engraçado, porém, com final triste.
1931 foi um ano marcante para o cineasta; pois iria para as telas o clássico dramático Luzes da Cidade, cujo final é considerado até hoje o mais inesquecível da história do cinema.
Em 1936, Chaplin realizou o filme de despedida do Vagabundo Carlitos – sua imortal personagem. O filme é uma mistura de comédia dramática com toques políticos. Verdadeiro clássico.
1940 foi o ano em que finalmente Charlie se rendeu ao cinema falado – que já existia desde final de 1928. Realizou O Grande Ditador, filme abertamente político, que trazia à tona os horrores da guerra de Hitler. É considerado um dos maiores clássicos de todos os tempos, principalmente da carreira de Chaplin.
Em 1952, Charlie realizou Luzes da Ribalta. Grande drama musical com grandes toques de sentimentalismo – talvez o filme mais autobiográfico da carreira do cineasta. Conta a história de um palhaço profissional em decadência e de uma bailarina psicologicamente inválida, que tenta o suicídio. Muitos cinéfilos chegam a citar Luzes da Ribalta como forte concorrente ao primeiro lugar, ao lado de O Garoto e Luzes da Cidade.

FINAL DOS ANOS 60
Eis que surge, na extinta TV TIM, um ator que, assim como Chaplin, entraria para a história. Porém, com esse, haveria uma grande diferença: seus fãs não veriam com bons olhos que o mesmo fugisse eventualmente das comédias.
A fórmula do humor de Chespirito é a comédia pastelão, já consagrada no cinema desde os mais remotos tempos do mesmo, como vimos acima.
No final dos anos 60, seu programa contava com quadros, hoje clássicos, apesar de pouco conhecidos no Brasil, como Los Supergenios de La Mesa CuadradaCiudadáno Gómez, entre outros. Aliás, foi nesse programa que Chespirito criou o famoso Chapolin Colorado.
Logo depois, apareceu o não menos famoso Chaves.
Em 1973, Chaves e Chapolin tornaram-se programas independentes e ganharam episódios de meia hora.
Até 1979, Chespirito escreveu com bastante inspiração os quadros dos programas que, logo, ficariam sendo amplamente conhecidos, sendo exibidos em mais de 120 países – até hoje.
Em 1980, Chespirito voltou a gravar o programa de quadros com vários personagens, extinguindo – para sempre – seus tradicionais programas Chaves e Chapolin.
Seus programas iniciais ainda são bem aceitos pelos fãs das clássicas séries; porém, de determinada época para frente, quando a personagem Chompiras ganhou a partida e se tornou o carro-chefe do programa com episódios que nem sempre eram de pura comédia, a popularidade da série começou a cair, a ponto de que mesmo os grandes fãs dos atores que compunham o elenco não apreciarem a ideia.
Porém, o grande artista não é feito somente de um gênero, por mais que tenha ficado conhecido por conta dele. Temos aí o belo exemplo de Chaplin, que ficou rico e famoso por fazer comédias-pastelão de curta-metragem de 1914 a 1917, mas o que deu sua eterna popularidade e título de homem mais famoso do mundo foram os dramas sentimentais e musicais – a maioria de longa-metragem – que realizou a partir de 1918.
Considero Chespirito um grande injustiçado. Sua mente foi tão brilhante para os outros gêneros como foi para a comédia durante muitos anos.
Principalmente nos anos 90, Chespirito esteve mais inspirado que nunca a realizar criminais, romances, mistérios, entre outros.
Um de seus melhores episódios nos anos 90, embora desconhecido no Brasil, foi um mistério-criminal, no qual a personagem principal era Chompiras. Chimoltrufia presencia um assassinato num banheiro público e suas meias, pouco populares, foram vistas pelo assassino, que passou a persegui-la para eliminá-la. Há no episódio três suspeitos de ser o assassino e o público só sabe realmente quem foi o autor do crime no minuto final do episódio.
Outra trama criminal genial que Chespirito realizou nos anos 90 é quase um filme (contendo 2 partes de 40 minutos cada). No episódio, Chimoltrufia arruma um emprego de doméstica. A dona da casa planeja assassinar seu marido infiel. Chimol se transforma numa vítima das circunstâncias, sendo acusada do assassinato do patrão. Botijão – seu marido – assume a culpa para salvá-la da cadeia. A revelação da verdadeira assassina na cena final foi simplesmente magistral. O próprio defunto deixou sua revelação, no momento em que dava seus últimos suspiros.
Há também uma história em que um antigo empregado do Hotel Boa Vista – onde trabalham Chompiras, Botijão e Chimoltrufia – quer assassinar  Cecílio – dono do Hotel – por tê-lo demitido há um tempo. No final do episódio, mostra-se a grande e conhecida lição de que o crime não compensa.
Não posso deixar de falar de um dos melhores episódios do gênero, onde um perigosíssimo sósia de Chompiras foge da cadeia e tenta escapar do país. Comete um erro ao se disfarçar de mulher usando mini-saia, deixando à mostra uma cicatriz em formato de coração na barriga da perna. Ele acaba preso, confundido com Chompiras, e consegue uma fuga inacreditável. O episódio também é composto de duas partes de 40 minutos cada. Genial.
Outra trama do gênero – também com duração total de 80 minutos – conta a história do Gorila, um criminoso que acabou de cumprir pena e está em liberdade. Procura seu desafeto do passado – Sargento Refúgio que o prendeu – e uma antiga pretendente – a Marujita – para cumprir suas ameaças: assassinar o Sargento e casar-se com Marujita. Nossos amigos – Chimoltrufia, Chompiras, Refúgio e Marujita – tentam armar um flagrante de agressão para justificar a volta do Gorila à cadeia. O final é surpreendente.

Outro grande episódio é nada mais que um romance. O Sargento Refúgio pede sua amada Marujita em casamento. Com a proposta a pensar, Marujita tenta se livrar de umas cartas que recebeu de antigos namorados para que o Sargento nunca as leia. Por uma ironia do destino, as cartas vão parar exatamente nas mãos do Sargento. A história tem final triste e, ao mesmo tempo, surpreendente e comovente.
Houveram outros grandes episódios com teor que fugia à comédia e, que não alcançaram 5% do sucesso que os demais episódios clássicos das séries Chaves Chapolin. Por isso digo que Chespirito é um injustiçado.
Outro fator que foi determinante para o fracasso da série Chespirito está presente até mesmo nos episódios cômicos, pois, todos estão acostumados à comédia-pastelão, que se resume em tombos, socos e pontapés; coisas que já não estavam tão presentes na série em questão, até pela idade e não tão boa forma física do elenco. Era mais humor de texto, que não agradou muito aos fãs. Mais uma vez, temos de lembrar de Chaplin; suas comédias de 1914 a 1917 eram puramente pastelão. Depois disso, as poucas comédias que realizou já eram mais refinadas.
 recomendo a todos os fãs do elenco que saibam enxergar a obra por todos os ângulos e apreciar a mesma como ela é. Afinal, só o que mudou foi o jeito de trabalhar, mas a genialidade é a mesma; pois da forma, como encaram a obra, parece que não são fãs de Chespirito e sim, fãs de comédia somente.