sábado, 2 de janeiro de 2016

CURIOSIDADES NA DUBLAGEM[PARTE 2]

No original, Ramón Valdez fala meio berrando. Carlos Seidl, que também é ator (já trabalhou em "A Próxima Vítima", "Malhação", "Celebridade", "América", "JK" e "Páginas da Vida", entre outras produções), tratou de dar uma voz mais light ao Seu Madruga. Seidl também dirigia a dublagem do desenho animado do Chaves nos Estúdios da Herbert Richers, no Rio de Janeiro.


Em "As Escavações", o dublador de Seu Madruga Carlos Seidl faz Ramón dizer que vai falar com o Bush para protestar o envio do atrapalhado Chapolin ao invés do Batman. A piada foi dublada em 1990, quando George Bush pai era o presidente dos Estados Unidos. Por obra do destino, ela voltou a ser uma piada atual de 2001 a 2008, quando o filho George W. Bush assumiu a presidência da mais poderosa nação do planeta.
O quarto episódio da Festa da Boa Vizinhança não era exibido até 2014 pelo SBT provavelmente por causa do poema de amor declamado pela Bruxa do 71. O poema é repleto de trocadilhos com o nome "Ramon’’. No mesmo episódio, Dona Florinda e Professor Girafales cantam uma música mexicana juntos e Quico faz um número de mágica. Por isso, o SBT costumava cortar o fim do terceiro episódio quando Chaves diz "Boa vizinhança é os vizinhos se dando bem, se entendendo e não brigando".  o texto em que Chaves anuncia o próximo episódio (trecho que geralmente era cortado) é  mais ou menos assim "mas amanhã mesmo vai continuar a festa", citando todos os personagens, dando uma risadinha quando fala do Girafales, que no fim ergue Seu Barriga durante a briga.

Nos últimos episódios da fase clássica dublados (do lote de 1992), as músicas de fundo do seriado passaram a ser as versões instrumentais das canções do disco do Chaves, lançado em 1989.
Ou seja, todos esses episódios ficaram bem musicados. Em episódios desta fase, com a dublagem colocando músicas em quase todas as cenas, é possível ouvir as canções do Seu Madruga e do Quico cantadas em vários episódios como a primeira parte do Festival da Boa Vizinhança e o do Leite de Burra, além, é claro, de suas versões instrumentais. Também ouvimos a versão instrumental da música de Chiquinha em episódios como "Miss Universo" e o episódio da escola onde Chaves vira a carteira para trás para olhar Paty (onde ouvimos outra parte da música do Seu Madruga cantada, além de "Legalzinha a Sua Roupa", versão do disco para "Que Bonita Sua Roupa"). É possível ouvir a canção da Chiquinha cantada no episódio onde Chaves passa mal no Restaurante. A versão instrumental de "Quero Viver Dançando" era o fundo oficial dos flertes de Dona Florinda e Professor Girafales. De vez em quando era tocado o instrumental de "Tchuin Tchuin Tchun Clain", versão do disco para a canção dos Anões. As cenas engraçadas ainda tinham o acréscimo de divertidas sonoplastias (lembram-se daquela tocada na primeira parte da Boa Vizinhança depois de Florinda dizer ironicamente para Madruga que quer ver sua linda cara?). Mas quem disse que as musiquinhas do disco nunca foram utilizadas no seriado antes da dublagem de 1992? "Aí Vem o Chaves" (autoria de Mário Lúcio de Freitas), que até hoje anima a abertura do seriado, já era o fundo da antiga abertura (a que Chaves sai de dentro do barril e aparece o seu nome escrito em vermelho). E já nos episódios do lote de 1990, sempre estava presente na trilha do seriado a versão instrumental da canção "Contos de Fadas" do disco do Chaves. É óbvio que essas músicas do disco não fazem parte do fundo musical original. Chespirito sempre utilizou como trilha sonora músicas clássicas, que podem ser conferidas nos episódios de 1973 a 1995.

Nestes episódios dublados a partir de 1992, as clássicas claques  que muitos comparam a cachorros latindo ou ao som da descarga seriam substituídas por outras normais, também ouvidas em séries como "Um Maluco no Pedaço", além de muitas sonoplastias junto às canções instrumentais do disco. São características de Festival da Boa Vizinhança parte 1O Desjejum do Chaves parte 1Leite de BurraMiss UniversoA Escolinha do Professor Girafales, entre outros. E muitos dos novos episódios do Chapolin exibidos em 2006 e 2007 são desse lote de 92, com as claques diferentes.
No episódio "Vamos ao Cinema", o filme a que Chaves se refere é El Chanfle, protagonizado por Chespirito e toda a turma. Porém, como esse filme nunca fora exibido no Brasil, a dublagem brasileira o transformou em "filme do Pelé". Ou seja, o responsável pelo sucesso da frase "Teria sido melhor ir ver o Pelé" foi a dublagem. E o episódio, de 1979, era uma autêntica propaganda do filme "El Chanfle", lançado no mesmo ano.
Em algumas ocasiões, é possível identificarmos os anos em que um certo episódio foi dublado. Um claro exemplo: as duas versões de "Casa Mal-Assombrada" do Chapolin. Em ambas, o mordomo diz que serviu ao falecido avô do personagem de Carlos Villagrán durante 300 anos. Na versão mais antiga, Florinda Meza diz: "Então você mora aqui desde 1684?" (ou seja, a frase foi dita em 1984) e na mais nova ela diz "Então você mora nesta casa desde 1690?" (ou seja, a frase foi dita em 1990). É certo que esses foram os anos em que diversos episódios das séries foram dublados. Sem contar o episódio da chegada de Dona Neves, quando Chaves, ao ler a carta para a Chiquinha (a mesma em que se pode ler 1979), diz 1985 (quer dizer, oitenta e cinto - também dito no "O Bilhete de Loteria", dublado no mesmo ano).

O sentido da piada do "B" grande e do "b" pequeno é devido ao fato de "b" pequeno em espanhol ter som de "v" e não por ser nome próprio ou substantivo comum, tanto que Seu Madruga (e Chiquinha posteriormente) completa com "Se for bala pequena, é calibre (V)inte dois, e vinte dois é com "b" pequeno (ou bala pequena)". Por isso, a piada não tem sentido aqui no Brasil.

As vozes de Chaves e Quico estão mais agudas do que o original em episódios como "Caçando Lagartixas" e "Seu Madruga Leiteiro", pois foram um dos primeiros dublados pelo SBT. Chapolin também tinha uma voz bem mais aguda em episódios como "Cleptomaníaco" e "O Anel Mágico". É que essas histórias foram dubladas no ano de 1984. Na época, Gastaldi e Nelson Machado (que dublou Quico) procuravam dar uma voz padrão para os personagens. No mesmo ano, Chiquinha era chamada de Francisquinha e Seu Madruga era chamado de Seu Ramón.

É normal um sanduíche de presunto ser vendido na primeira esquina que você procurar? Aqui não, mas no México sim. Simplesmente a dublagem poderia abrasileirar, colocando no lugar "cachorro-quente". Mas o nome sanduíche de presunto foi mantido em todos os episódios, com exceção de Acapulco, onde Chaves pede ao garçom o famoso pão com salsicha após destruir quase todo o restaurante, e no episódio do Exame de Admissão, quando Chiquinha responde como são os cachorros no sertão do Ceará. Na verdade, Chavinho pede um sanduíche de presunto, pois no mesmo episódio abrasileirado também trocariam o nome "Acapulco" por "Guarujá".

No final de um episódio em que Quico perde o seu cão Madruguinha, há um trecho que foi  posteriormente cortado, porque se refere a um episódio que ficou quase vinte sem anos sem ser exibido: "O Ratinho do Quico.  "Quer saber o que vai acontecer com este? Este ninguém me tira! Afinal, sou um homem ou um rato?" O episódio do Ratinho voltaria a ser apresentado pelo SBT em 2007, depois de estar incluso no DVD da Imagem Filmes.

Em "Bilhetes Trocados", um dos episódios que tem duas dublagens, na versão exibida mais regularmente ocorria uma falha no som no começo da história, quando Seu Madruga pergunta para Chaves: "A cadeira se mexe sozinha?". Ficava um enorme silêncio entre a parte em que Madruga faz a pergunta e a que Chaves balança o pai da Chiquinha na cadeira na seqüência da cena. O silêncio era interrompido pelas risadas de praxe. Até que o SBT aproveitou para corrigir a falha com a fala da segunda versão da dublagem na mesma cena. Dá para notar nitidamente isso pelas risadinhas de fundo que surgem enquanto Madruga executa a fala. Quando ele acaba de falar, volta o profundo silêncio de uma hora para outra.

o dublador do Quico Nelson Machado disse que cada dublador fazia a sua parte sozinho, ou seja, não se juntava elenco no estúdio.

Nelson Machado,  também alegou que traduziu a grande maioria dos episódios de Chaves e Chapolin. Ele também era diretor de dublagem da MAGA. Além disso, o dublador também disse que vários episódios eram dublados por dia. Osmiro Campos, por sua vez, colocou que assumiu a voz do Professor Girafales porque seu dublador original, Potiguara Lopes, preferiu ficar apenas com a tradução dos textos. Osmiro também disse ter dirigido a dublagem da fase clássica dos episódios.

Conhecido por seu forte temperamento, Nelson não chegou a um acordo financeiro com a Herbert Richers para dublar Quico na versão animada da série. A voz do filho de Dona Florinda no desenho foi assumida por Sérgio Stern. O desacerto facilitou a organização da dublagem da série "Ah que Kiko!".

O primo do Seu Madruga, Seu Madroga, é dublado, na primeira dublagem de 1988 pelo mesmo homem que empresta a sua voz para o Seu Furtado, o ladrão da vila, para o galã Hector Bonilla, mais Seu Calvillo, o homem que tenta comprar a vila do Seu Barriga. O nome do dublador é Luís Carlos de Moraes.
Os choros dos personagens também foram evoluindo nas vozes dos dubladores. Gastaldi dublou, no episódio "Seu Madruga Leiteiro", um "pãpãpãpãpã" no momento em que Chaves entra no barril após levar uma bronca do pai da Chiquinha. Depois, no episódio do Ano Novo na casa do Madruga, o choro virou "mimimimimi". Até que ficou o "pipipipipi" original. Nelson Machado colocou, no episódio "Caçando Lagartixas" (o primeiro episódio de Chaves exibido e provavelmente o primeiro a ser dublado), um choro normal para Quico ao invés do "Arrrrrrr". Depois, ficou o choro tradicional. Nos dois episódios citados (Leiteiro e Lagartixa), Chiquinha, dublada por Sandra Mara Azevedo, na hora de chorar, primeiramente dava um grito "AAAAAAAA" e depois sussurrava um "B, C, D, E, F.

Em alguns episódios, como "Radinho do Quico" e "Churruminos", ao invés do tradicional "Pois é, pois é, pois é", sandra mara dublou, respectivamente, "olha, olha, olha" e "imagina, imagina, imagina" na voz da Chiquinha.

A personagem Pópis começou fanha, mas Chespirito tirou a personagem do ar após receber a carta de um pai cujo filho tinha esse problema e todo mundo ficava gozando dele na escola. Pópis voltaria um ano depois, sem ser fanha. Na dublagem brasileira, aconteceu o contrário: nas dublagens mais antigas, Pópis não era tão fanha e passou a ser a partir de 1990. Percebe-se que a dubladora Marta Volpiani (de Florinda), durante o episódio do Madruguinha, começa com uma voz normal e aos poucos vai construindo uma voz mais fanha (embora tímida, em relação a voz que colocaria anos mais tarde).

Older Cazarré, dublador de Jaiminho e também ator de inúmeras novelas da Globo, morreu assassinado em decorrência de uma bala perdida em fevereiro de 1992, quando fora atingido enquanto dormia em sua casa, próxima do Morro do Pavãozinho (onde ocorrera o tiroteio). As primeiras fontes da morte de Marcelo Gastaldi contavam que ele teria morrido num acidente de carro em 1995, aos 50 anos. Porém, Mário Lúcio de Freitas, parceiro de trabalho de Gastaldi, desmentiu a história, confirmando que o dublador de Chaves morrera de baixa imunológica.

No episódio da "Casa Caindo de Velha", Florinda chama o proprietário da casa (Carlos Villagrán) de Senhorio. Muitos não entendem ou chegam a imaginar que o nome do cara é Will (Senhor Will). Na verdade, Florinda chama Carlos de Senhorio com todos os sentidos do mundo, pois o vocábulo "Senhorio" significa "proprietário de prédio que está alugado".


Nos primeiros episódios, Seu Madruga era dublado como Seu Ramón, seu nome original. Um exemplo claro é em "Seu Madruga Leiteiro". Quem não se lembra de Quico falando "Seu Ramón! Seu Ramónzinho! Fala comigo..."? . Na primeira versão perdida dos Toureiros, Chaves também chama Seu Madruga de Ramón, mesmo com o fato dele já ter sido chamado de Madruga antes.

O episódio do ano novo - em que estão presentes no pátio da vila inúmeros brinquedos do Quico - deve ter sido o primeiro em que a MAGA dublou em português as músicas cantadas, já que a voz de Girafales ainda era feita por Potiguara Lopes (famoso pela frase "pegue esse charuto e me dê o estilingue"). Anteriormente, tivemos uma pequena "canja" com a música "Um Ano Mais" cantada (e cortada) no final do episódio "Ano Novo na casa do Seu Madruga". Só que a música foi cantada pelos próprios dubladores naquela ocasião. Já nesse episódio dos brinquedos no pátio, foram entoadas três músicas: "Vem Brincar", "Ouça Bem, Escute Bem" e "Um Ano Mais". A primeira foi cantada num formato acústico só com violão e voz, sem o arranjo sintetizado da mesma canção entoada no episódio "O Garoto que Mentia" do Chapolin (dublada depois da versão do ano novo), cuja versão da série do Vermelhinho possui alguns erros na letra (como "A Brincar" ao invés de "Vem Brincar", que combina mais) e, na versão do ano novo, a letra é mais coerente (como no verso "pra meninos e meninas", que completa corretamente o trecho "coisas grandes, pequeninas", ao invés do "bicicletas, bailarinas" da versão do Chapolin). Incrível como a dublagem fez duas letras para a mesma música... E elas não foram cantadas pelos dubladores no episódio dos brinquedos no pátio (com a exceção de Gastaldi), pois notamos vozes diferentes quando Dona Florinda e Seu Madruga começam a cantar "Ouça Bem, Escute Bem" e quando os versos de "Um Ano Mais" são entoados na hora dos refrões (Gastaldi canta a parte solo). Cômica a atuação de um dublador que tentou dar uma de tenor na música "Um Ano Mais" (experimentem ouvir a música na última passada do refrão em que o verso "um ano mais" é cantado na canção - chega a doer nos ouvidos). Vale ressaltar que a versão de "Um Ano Mais" corrige o erro cometido pela dublagem no episódio do ano novo na casa de Seu Madruga, onde Chaves canta "Já PASSOU o ano novo" (trocando "passou" pelo mais adequado "chegou").

Nenhum comentário:

Postar um comentário