sábado, 16 de janeiro de 2016

UMA BRIGA LAMENTÁVEL

            Que saudade da década de 70... Uma década onde reinava a calmaria, onde o sucesso de Chespirito e sua trupe estava em seu ápice. Os atores trabalhavam em uma harmonia incomum, o clima sempre era de descontração nos bastidores, era a perfeição.

            Tanto sucesso, porém, estraga. Começou quando Carlos Villagrán, em 1978, acabou se desentendendo com Chespirito, que imaginava que seu parceiro, com Quico, estava obtendo mais sucesso que seu personagem. Já que ele era quem mandava, a melhor solução foi afastar Carlos das séries. Nem implorou duas vezes, o próprio Carlos Villagrán quis proclamar a independência do personagem e se mandou com ele para a Venezuela e levou consigo outra alma da série: Ramón Valdez. Começava o declínio das séries de Chespirito, pois era duro sofrer os desfalques de ninguém menos que Quico e Seu Madruga. Um certo mal-estar de relações começava aí, Chespirito e Carlos só voltariam a se falar depois de mais de 20 anos.

            Chespirito e Maria Antonieta de Las Nieves trabalharam juntos até a metade da década de 90, quando Chespirito se aposentou das telas. E desde então, os dois, antes grandes amigos, passaram a ser grandes rivais. O nosso “querido” Chaves passou a ambicionar os direitos de seus personagens de maneira a enfrentar grandes problemas.

Há algum tempo já ouvíamos falar dos bate-bocas entre Maria e Chespirito, que por ser o criador da personagem Chiquinha, queria cassar os direitos dela de interpretar a personagem. Pô, o que Chespirito ganharia com isso?

Ele já não tinha tanto dinheiro? Ele não realizou todos os sonhos de sua vida? Então pra quê sacanear desse jeito Maria Antonieta de Las Nieves, pra muitos a melhor atriz dos seriados, a intérprete de uma das mais queridas e mais lembradas personagens da TV mundial? Parece que, depois de ter parado de trabalhar, algum demônio fez a cabeça de Chespirito. Perdeu uma grande amizade, que era Maria Antonieta, braço direito dele até o fim dos programas. Veja a gravura abaixo, publicada na Folha.

Pois é, bons tempos... E com pesar que fiquei sabendo do motivo do pequeno infarto sofrido por ela: a visita de um oficial de justiça que lhe entregou um processo movido por Chespirito para lhe cassar os direitos que tem de interpretar a Chiquinha. Quem leu a notícia na seção “Direto do México” da revista “Minha Novela” deve ter se comovido com as palavras de Maria: “Ele não pode fazer isso! Interpretar a Chiquinha é a única coisa que sei e que gosto de fazer na vida!”. Por duas vezes ela se referiu a Chespirito como “aquele senhor”, deixando claro que aquela antiga e doce amizade ficou distante, virou coisa do passado.
CHAVES fez CHIQUINHA CHORAR!  TAMBÉM NA VIDA REAL!

Com toda essa história, Chespirito começa a pôr seu caráter em xeque. Quem antes imaginava que aquele gênio baixinho, com uma carinha de anjo e de palhaço, poderia ter, por dentro, tanta ambição a ponto de fazer uma grande amiga, que sempre lhe deu apoio e que ajudou a consagrá-lo, passar por essa situação? Realmente, uma grande amizade e um ciclo de sucesso por tantos anos não pode terminar assim. Nos fóruns, muitos usuários passaram a criticar e xingar Chespirito (até com razão). Antes, qualquer ofensa a esse saudoso mestre (que mesmo com tudo isso que  fez, continuo o respeitando muito) era considerada uma verdadeira heresia. Certamente o autor das ofensas seria repreendido pelos colegas e expulso das rodas de bate-papo sobre Chaves ou qualquer outra coisa. Mas depois dessa atitude, não custaria nada falar umas verdades ao “senhor” Roberto Gómez Bolaños. Depois dessa, muitos só o respeitarão como o grande ator e roteirista que é, não como pessoa.

Uma pena que “esse senhor”, uma referência muita bem feita por Maria Antonieta de las Nieves a Chespirito, esteja traçando o mesmo caminho que muitos artistas espalhados por aí, como Pelé, que rejeitou a própria filha (mesmo provado que o DNA era o mesmo do Rei do Futebol). Muitos feitos no passado e pouca simpatia no presente. Mas a briga dos dois é muito semelhante ao desentendimento entre Renato Aragão e Dedé Santana. Nos dois casos, os dois eram eternos companheiros. Depois do auge da carreira, os dois passaram a não se encontrar mais e a distância causou uma série de desentendimentos entre as duplas, Dedé declarou que Didi nunca mais o chamou para produzir e trabalhar em seus filmes e que estava na pior. Didi deixou claro que não queria mais nada com o ex-companheiro. Triste fim de uma saga que nos fez dar tantas gargalhadas,mas os dois fizeram as pazes, pelo menos, o que não aconteceu  com nossos ídolos mexicanos, lamentavelmente. Uma pena que a paz nunca é possível nem no humor...

CENA QUE INFELIZMENTE NUNCA MAIS IRÁ SE REPETIR...


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