sábado, 27 de fevereiro de 2016

SEM QUERER QUERENDO
O que leva uma pessoa em sã consciência a sair de casa vestida de Chiquinha para participar de uma festa em que o namorado está fantasiado de Chaves? Pergunte para a estudante de comunicação da UFRJ Kárin Klem, 21 anos. Ela dirá que a razão é simples. "Eu me divirto. Acho que todo mundo deveria assistir ao Chaves, porque existem várias leituras. Quando você é criança, é uma coisa, quando você cresce, é outra". Em qualquer idade, Chaves, Chiquinha, Kiko, Dona Florinda, Seu Barriga, Nhonho, Seu Madruga, Professor Girafales, Bruxa do 71 fazem parte da memória afetiva de brasileiros e latino-americanos.
Depois de 25 anos no ar, Chaves ainda tem fôlego para competir com os programas da concorrência. 
Hoje, a série reúne no mesmo sofá da sala duas gerações: pais e o filhos, que riem das piadas e confusões dos personagens chaplinianos e, às vezes, avós e netos. É o caso de Anaíde da Rocha, 79 anos, moradora do Flamengo. Ela não perde um capítulo, ao lado do neto, o estudante de direito Guilherme da Rocha, 23 anos. "Gosto de tudo, mas, principalmente, da implicância da Dona Florinda. O seriado lembra a minha infância", garante ela. 
Felipe Caruso, 22 anos, estudante do curso de comunicação social da PUC-Rio, não acha exagerado dizer que o melhor programa infantil hoje é Chaves. "Eu gosto porque explora o humor ingênuo das crianças. A série consegue reunir a comédia, o drama e o suspense", elogia o estudante, que não se cansa de reprisar o DVD que tem em casa. 
Outra grande fã é a atriz Lucélia Santos, que tentou comprar os direitos para produzir com atores brasileiros o Chaves no Brasil. Pensou até em convidar Ney Latorraca para o papel principal, mas esbarrou na incrível burocracia da Televisa. "Adoro o Chaves, é puro e lindo. É o único programa de TV que me faz parar. É bárbaro, sempre dá audiência", elogia. 
Roselane Salomão, 25 anos, prestes a se formar na faculdade de medicina, em Campos, não esconde de ninguém que acaba de comprar vídeos da série. "Sou apaixonada pelo lado lúdico e pela inocência das mensagens. Quando era pequena, disse para minha mãe que eu queria morar na vila para brincar com o Chaves", conta.
Recentemente, Roselane assistiu a uma entrevista com o autor, Roberto Bolaños, intérprete de Chaves, e ele confessou que escreveu a série para mostrar a superioridade das mulheres. "Chiquinha sempre arma e se dá bem em cima dos homens. Dona Florinda sempre bate no Seu Madruga e ele nunca revida. Gosto disso", confessa Roselane, fã do programa desde que tinha 4 anos.
Os episódios que os estudantes e alguns dos internautas  mais gostam foram os gravados em Acapulco, uma mudança importante já que todos os outros programas foram feitos nos estúdios da Televisa. "Além de fugir da vila, mostrou as crianças brincando na piscina", lembra a futura médica. O mais triste, recordam os aficcionados, foi ver todos os vizinhos voltando para o hotel, deixando Chaves totalmente sozinho na praia, enquanto o sol sumia no horizonte.


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